Pontos positivos e negativos geraram expectativa pelo novo álbum do Megadeth. Por um lado, “Dystopia” mostrou que a banda ainda tem muito a oferecer, especialmente após a adição de Kiko Loureiro, que estreou deixando sua marca sem descaracterizar o que é esperado de um guitarrista do grupo. Apesar de Chris Adler não ter permanecido para a turnê, um substituto tão bom quanto foi encontrado no baterista Dirk Verbeuren, músico sem tanta grife, mas com tanto talento quanto seu antecessor.
Por outro lado, o câncer de Dave Mustaine foi o primeiro balde de água fria no processo. Enquanto o frontman se recuperava, veio a pandemia para assolar o mundo. E como se não bastasse, o vazamento de vídeos íntimos de David Ellefson levou à segunda saída do baixista. Steve Di Giorgio foi chamado para refazer as partes do instrumento, enquanto James LoMenzo reassumiu a função em definitivo – o que não dá para classificar como uma surpresa.
Tendo em vista todas as circunstâncias, o saldo de “The Sick, the Dying… and the Dead!” é o melhor possível. O principal reside no fato de claramente haver um novo núcleo criativo em volta de Mustaine. Assinando 8 das 12 faixas inéditas, Kiko Loureiro expõe uma personalidade capaz de se adaptar ao que a marca pede, sabendo explorar as características que tornaram o nome famoso. Vide as passagens melódicas da faixa-título e a sequência cheia de pegada em “Life in Hell”, dobradinha que abre os trabalhos com total competência.
A seguir é a vez de “Night Stalkers”, que conta com a participação de Ice-T, retribuindo recente aparição de Dave em um disco do Body Count. O resultado vai satisfazer não apenas os saudosistas dos primórdios, como quem aprecia o subestimado “Endgame”, um dos melhores discos de toda a carreira da banda – melhor até que alguns considerados clássicos. “Dogs of Chernobyl” mantém a atmosfera densa, mas permite alguns arroubos quase progressivos, com variações de andamento e um prelúdio acústico muito bem encaixado.
“Sacrifice” remete aos trabalhos da primeira metade dos anos 1990, com Kiko oferecendo sua melhor versão de Marty Friedman sem soar como cópia. A pegada mais direta se mantém em “Junkie”, evidenciando a capacidade de Mustaine em escrever melodias palatáveis sem descuidar da agressividade. A intro “Psychopathy” abre caminho para “Killing Time”, que pode muito bem ser aproveitada como single nas rádios rock americanas. Já conhecida do público, “Soldier On!” volta a pegar pesado, com a bateria de Dirk conduzindo a marcha.
Chegando à reta final, temos um belo exemplar de metal com alma oitentista e produção atual em “Célebutante”, com riffs de fácil memorização. Uma pisada no freio em “Mission to Mars”, que após a intro climática resgata o lado mais acessível do grupo em sua execução. Tudo apenas visando preparar o terreno para “We’ll Be Back”, outra já conhecida da audiência e que vem sendo tocada nos shows. Aqui lembramos por que Dave é um dos pais do thrash metal, despejando sua metralhadora de riffs em um dos grandes momentos do play.
Fechando a tracklist, temos os dois covers. “Police Truck” do Dead Kennedys e “This Planet’s on Fire (Burn in Hell)” de Sammy Hagar – com participação do próprio cantor – são “Megadethizadas” sem perderem suas características primordiais. Servem como um momento de diversão após uma audição tão carregada.
O Megadeth não se reinventa em “The Sick, the Dying… and the Dead!”, mas se mostra capaz de sobreviver a grandes percalços e oferecer um trabalho de alta qualidade. Também fica evidente que, apesar de Dave Mustaine centralizar as ações, ter colegas ativos no processo faz bastante diferença. Kiko Loureiro e Dirk Verbeuren compõem uma dupla capaz de levar as criações do líder a outro patamar. Os fãs aprovarão com louvor.
Ouça “The Sick, the Dying… and the Dead!” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
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Megadeth – “The Sick, the Dying… and the Dead!”
- The Sick, the Dying… and the Dead!
- Life in Hell
- Nightstalkers (feat. Ice-T)
- Dogs of Chernobyl
- Sacrifice
- Junkie
- Psychopathy
- Killing Time
- Soldier On!
- Célebutante
- Mission to Mars
- We’ll Be Back
- Police Truck (Dead Kennedy cover)
- This Planet’s on Fire (Burn in Hell) (Sammy Hagar cover, feat. Sammy Hagar)
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O Megadeth sempre surpreendendo com coisa boa e mantendo o seu estilo, valeu!!!!
Álbum quase perfeito. Mais pesado e veloz que seu antecessor, e com momentos de melodia. Um Megadeth feroz e sombrio, com toques modernos, uma produção impecável e muita sonoridade dos anos 80/90.
Achei bem fraquinho, na verdade. Pouquissimo criativo. O que mais sinto falta é da criatividade melodica dos vocais do Dave. Sabemos que ele nunca foi um bom cantor, mas sempre criou linhas vocais que saíam do comum. Agora, quando o maluco começa a cantar, a música fica desinteressante. Ainda assim, gosto de alguns momentos da primeira metade com suas musicas mais longas, que possibilitam variações instrumentais e vocais.
Sou um grande fã do Megadeth, ouço a maior parte da discografia quase toda semana, mas infelizmente esse álbum não me agradou tanto. O álbum começa muito bem, mas vai perdendo força da metade para o final, a partir da faixa “Junkie”, apesar da letra dessa música ser boa, o álbum vai abrandando a agressividade e se perdendo.
Concordo que o trabalho instrumental do Kiko e do baterista estão sensacionais, apresentando muita técnica e agressividade, porém o álbum se enche de fillers no final e o fato de que ele colocou dois covers pra fechar o álbum mostra que a criatividade realmente já estava terminando. Apesar de “Dystopia” ser um álbum menos agressivo, acho que foi um disco mais fechado e completo.