O processo de gravação do álbum mais recente do Journey, “Freedom”, foi marcado pelos mesmos percalços enfrentados por outros artistas durante a pandemia. Isso os forçou a adaptarem sua abordagem, como o guitarrista e líder do grupo Neal Schon contou numa entrevista para o podcast The Mitch Lafon and Jeremy White Show, transcrita pelo Ultimate Guitar.
O trabalho foi concebido entre paradas da turnê pós-lockdown, então não houve o luxo de passar períodos longos no estúdio. Isso significou duas mudanças principais: os próprios integrantes produziram o álbum e tudo foi feito de maneira digital.
Quanto à substituição da gravação em fita por ferramentas como Pro Tools, Schon falou:
“Acho que estamos em um mundo digital, sabe? Honestamente, HD Pro Tools é muito, muito bom, se o seu engenheiro for muito bom, se ele não saturar demais e não exagerar, acho que dá pra soar tão bom quanto fita de 2 polegadas.
Sabe, não tem nada como fita de 2 polegadas e temos um engenheiro que sabe saturar a fita como nas gravações antigas. Não tem nada que nem aquilo. Mas não tem nem como comprar mais fita, então é f#da. [E] é caro demais – se é que dá pra achar. Então escolhi fazer tudo digital.”
A mudança do análogico para o digital não parou aí. Por causa da natureza esporádica das gravações, Neal Schon decidiu fazer algo impensável para um guitarrista de sua geração: abriu mão de seus amplificadores valvulados nesse disco, optando por um modeller digital Kemper, como revelou na entrevista:
“Estávamos entrando e saindo do estúdio. Então eu decidi usar um Kemper. Eu havia entrado no estúdio e sampleado meus próprios amplificadores no Kemper… peguei meus Hiwatts, meus Marshalls, Fenders, meu Bogner – sampleei tudo, então eram amplificadores de verdade.
Achei que era uma maneira mais fácil de evitar a preocupação de saber onde estava o microfone e onde tudo estava colocado exatamente na sala.”
Journey e o resultado de “Freedom”
Quanto ao resultado dessas decisões, a crítica aqui do site achou que prejudicaram bastante a sonoridade do disco. Em sua resenha, Igor Miranda descreveu a qualidade da gravação de “Freedom” da seguinte forma:
“Várias faixas soam como demos gravadas no quarto de alguém há 15 anos – já que mesmo nesse formato, dá para fazer coisa muito melhor na atualidade.”
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