Journey e Toto mostram em Tampa por que não saem das rádios americanas

Apresentação no estado da Flórida trouxe ambas as bandas de AOR em formações refeitas, mas repletas de músicos (e canções) competentes

Resenha sobre o show de Journey e Toto em Tampa, na Flórida, assinada por Renato Leoni, produtor de eventos e sócio da OnStage Agência.

O Journey realizou o 29º show da turnê “Freedom”, homônima a seu próximo álbum, na cidade americana de Tampa, na Flórida, em 20 de abril. Como nas datas anteriores, o Toto os acompanhou como atração de abertura em sua tour própria, chamada “The Dogz of Oz”, marcando a volta da banda após um período de inatividade causado por questões legais.

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Os horários dos shows não foram divulgados e embora o Toto seja atração “very special guest” da turnê, eu não queria perder nenhuma música. Fui para a fila errada na entrada, senti falta de uma sinalização mais clara. Quando enfim adentrei, uma das músicas de abertura, “Hold the Line”, já tinha voltado para minha imaginação. Perdi.

Mas nada tirou o brilho de ouvir tantos outros hits, principalmente as tão aguardadas “Rosanna” e “Africa”. Hits compostos na época de auge, quando a banda contava com os irmãos Jeff (bateria) e Steve Porcaro (teclados) na formação.

Embora tenha apenas dois integrantes originais – o guitarrista Steve Lukather e o tecladista David Paich –, o Toto em nada soa como cover nos dias de hoje. Liderado desde sempre por Lukather, dono das incríveis guitarras de “Thriller” (1982), disco mais vendido da carreira de Michael Jackson e da história da música, o grupo ainda surpreende com sua qualidade técnica.

Foto: Renato Leoni

O line-up atual conta desde 2020 com o incrível Robert Sput Searight na bateria, John Pierce no baixo e Steve Maggiora nos teclados. Com Lukather e Paich, retornaram ainda Joseph Williams nos vocais, Dominique “Xavier” Taplin nos teclados e o multi-instrumentista Warren Ham na percussão, voz e sax. Todos seguem a mesma linha como músicos de sessão, ou “hired guns” no termo comumente usado em inglês.

Foto: Renato Leoni

Corta para o Journey. Confesso que ouvir “Don’t Stop Believin’” tantas vezes nas rádios americanas te deixa aflito para resolver logo essa angústia e checar como é ao vivo.

Mas antes, um breve histórico na função dos vocais principais para lembrar que o repertório ficou carimbado em Steve Perry, considerado por muitos uma das grandes vozes do segmento. Após alguns substitutos ocuparem sua vaga, em 2007 um vídeo no YouTube mostrou ao guitarrista Neal Schon e ao tecladista Jonathan Cain um rapaz das Filipinas que fazia cover de Journey e outras bandas.

O rapaz, de nome Arnel Pineda, é completamente fora do padrão crooner, mas deu certo. O resto é história – e bem retratada no documentário “Don’t Stop Believin’: Everyman’s Journey”, disponível na Netflix americana.

De volta para o show. O repertório abre com “Only the Young” e fica claro que o Toto não pôde usar todo o cenário disponível. Há painéis de led nas laterais – sim, cada vez mais lugar comum – e um telão gigante ao fundo, essencial pra transmissão simultânea para que todos na gigante e lotada arena de 20 mil lugares pudessem ver seus ídolos com clareza. O número de público não está fora da regra: a turnê toda é marcada por apresentações em arenas gigantes e lotadas.

Foto: Renato Leoni

Os músicos sabem que todos estão ali pra escutar os sucessos, por isso, o repertório é focado na parte áurea da carreira do grupo. E logo a terceira música é a que mais toca nas (ainda importantes) rádios americanas: “Don’t Stop Believin’”. Ao longo do set ainda há “Lights”, “Open Arms” e a densa “Separete Ways (Worlds Apart)”, entre outros bons momentos.

Destaco aqui “Mother, Father” com uma interpretação emocionada de Deen Castronovo nos vocais enquanto mostra todo seu talento na bateria, Uma junção de afinação, precisão, respiração e interpretação que nunca vi um músico na bateria expressar algo parecido. Impressionante.

Foto: Renato Leoni

O show não contou com nenhuma música dos álbuns gravados com Arnel Pineda. Isso parece mostrar o quão bem resolvido ele é com a situação. Que fique claro: ele é absurdamente talentoso. Tem ótimo presença de palco e tanta competência pra seguir no papel que eu, particularmente, não senti falta alguma do original. Talvez porque não tenha visto Steve ao vivo.

Foto: Renato Leoni

A última música “Any Way You Want It” nos traz a certeza de que o Journey ainda é idolatrado. O próximo show a ser acompanhado pelo #leonisreview é do The Cult.

Foto: Renato Leoni

Journey e Toto – ao vivo em Tampa, Flórida

  • Local: Amalie Arena
  • Data: 20 de abril de 2022
  • Turnê: Freedom Tour

Repertórios:

Toto

  1. Orphan
  2. Hold the Line
  3. I’ll Be Over You
  4. White Sister
  5. Georgy Porgy
  6. I Won’t Hold You Back
  7. Home of the Brave
  8. With a Little Help From My Friends (cover dos Beatles)
  9. Rosanna
  10. Africa

Journey

  1. Only the Young
  2. Stone in Love
  3. Don’t Stop Believin’
  4. Lights
  5. Send Her My Love
  6. Escape
  7. Dead or Alive
  8. Who’s Crying Now
  9. Mother, Father (Deen Castronovo no vocal)
  10. Lovin’, Touchin’, Squeezin’
  11. Solo de piano de Jonathan Cain
  12. Open Arms
  13. Faithfully
  14. Suzanne (Jason Derlatka no vocal)
  15. Neal Schon Guitar Solo
  16. Wheel in the Sky
  17. Separate Ways (Worlds Apart)
  18. Be Good to Yourself
  19. Any Way You Want It

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