Como músicos de estúdio criaram o Toto, o Roupa Nova americano

Principais integrantes do grupo já tocavam juntos em álbuns e turnês de outros artistas quando montaram projeto próprio

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O Toto, um dos maiores nomes do chamado AOR, surgiu de uma reunião de talentos que estavam acostumados a ficar ocultos em álbuns de outros artistas. Boa parte da banda era formada por músicos de estúdio que se conheceram durante gravações e decidiram iniciar juntos um novo projeto – que deu muito certo desde o início.

A competência dos músicos e o talento para compor músicas grudentas eram tamanhos que, no Brasil, o Toto sempre foi comparado a outra banda de enorme sucesso: o Roupa Nova, formado em 1980. Ambos sempre enveredaram pelo lado mais melódico do rock e, por aqui, têm até mesmo uma base de fãs bem semelhante.

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Se dá para dizer que o Roupa Nova é o Toto brasileiro, também dá para dizer que o Toto é o Roupa Nova americano. Mas como esse ambicioso projeto foi criado, ainda na década de 1970, lá nos Estados Unidos?

O sucesso do Toto se deu muito pela já bem construída bagagem dos fundadores. O tecladista David Paich e o baterista Jeff Porcaro haviam tocado juntos em álbuns de sucesso de artistas como Steely Dan e Jackson Browne, além de terem criado uma banda juntos na época do colégio, chamada Rural Still Life.

Tanto David quanto Jeff – bem como seu irmão, o tecladista Steve Porcaro – possuíam um background musical em suas famílias, pois eram filhos de músicos de estúdio também muito bem-sucedidos. Isso também facilitou a abertura de algumas portas, como os próprios músicos nunca negaram. Faltava apenas completar o time.

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Juntando o “Todo”

Paich, os irmãos Porcaro, o guitarrista Steve Lukather e o baixista David Hungate integraram a banda de Boz Scaggs durante a turnê do álbum “Silk Degrees” (1976). Desse contato, surgiu o desejo de um projeto próprio que, mesmo em estágio inicial, chamou a atenção da Columbia Records, a gravadora de Scaggs.

Para completar o time, foi chamado o vocalista Bobby Kimball, criando assim o que seria a primeira formação do grupo. Não foram necessários nem mesmo ensaiar muito, devido à experiência e ao entrosamento dos músicos na turnê com Boz Scaggs.

Mas ainda faltava ainda um nome para a banda.

O nome Toto

Conforme as primeiras músicas eram produzidas, o grupo não tinha um nome definido. O álbum onde aquelas faixas seriam lançadas também não tinha um título.

Àquela altura, David Paich e Jeff Porcaro haviam abreviado o nome de sua antiga banda apenas para Still Life. Entretanto, com um misto de coincidência e lenda urbana, o grupo acabou encontrando o nome que a tornou conhecida.

A lenda urbana acabou sendo difundida pelos próprios músicos ao longo dos anos 1980. Na época, eles diziam que os dois fundadores iniciais da banda tiraram o nome do cãozinho Totó, do “filme O Mágico de Oz”.

Para alguns, essa é a versão oficial. Há, contudo, um detalhe importante ocorrido durante as gravações, ainda no processo de demos.

As fitas, no estúdio, receberam a inscrição “Toto” por Jeff Porcaro e permaneceram assim até o fim das gravações. Hungate foi o primeiro a notar a inscrição e entendeu que se tratava da expressão em latim “in toto”, que pode ser traduzida como “em tudo”, ou “no todo”.

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Dessa forma, foi definido que tanto o álbum, lançado em 1978, como a banda, levariam o nome.

Conceito e sucesso

O conceito de “todo” faria sentido tanto olhando para trás – os músicos da banda tocavam em praticamente “todos os álbuns”, de “todos os artistas”, como músicos de estúdio – como para frente, quando analisamos as influências diversas que o grupo traria em seu disco de estreia: do pop ao progressivo, do soft ao hard rock. “Todos” os estilos pareciam ser bem-vindos na música do Toto.

O álbum “Toto”, lançado em 15 de outubro de 1978, alcançou um ótimo 9º lugar nas paradas dos Estados Unidos. Com o tempo, vendeu mais de 2 milhões de cópias no país, ganhando platina dupla por lá.

Os principais singles foram “Hold The Line”, “I’ll Supply the Love” e “Georgy Porgy”, além de “Rockmaker”, que tocaram muito nas rádios no final dos anos 70.

O sucesso do Toto ainda se multiplicaria em trabalhos seguintes. Em mais de quatro décadas de atividade, a banda vendeu mais de 40 milhões de discos e emplacou hits ainda maiores que os de seu primeiro álbum, como “Africa”, “Rosanna” e “I’ll Be Over You”.

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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