Como o racismo nos Estados Unidos aproximou Mike Shinoda do rap

Descendente de japoneses, músico do Linkin Park afirma ter aprendido sobre discriminação enquanto ouvia artistas como NWA e Ice Cube

Logo após o ataque a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, o então presidente americano Franklin Roosevelt determinou que imigrantes japoneses na Costa Oeste do país fossem encarcerados por suspeita de espionagem de guerra. Não havia critério, exceto a descendência. Mais de 120 mil pessoas acabaram detidas. Entre elas, o pai e outros familiares de Mike Shinoda, músico reconhecido por sua história junto ao Linkin Park.

Após investigações, nada foi provado contra ninguém. Os governos posteriores pagaram reparações às famílias afetadas.

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Porém, como revelou à Rolling Stone, Mike reparou a necessidade de a história ser distorcida em um viés pró-Estados Unidos nos tempos de estudante.

“Lembro que quando estudamos a Segunda Guerra Mundial na escola aqui em Los Angeles, na década de 1990, havia apenas dois parágrafos nos livros: um sobre Pearl Harbor e outro sobre o encarceramento de 120 mil nipo-americanos. Como uma pessoa cuja família passou por isso, foi decepcionante não haver mais informações. Foi apenas revisto.

Se você conhece famílias nipo-americanas – bem como as famílias japonesas – não há muita abertura para falar sobre esses assuntos difíceis. O termo que usamos é shikata ga nai, que significa ‘não pode ser evitado’. É quase como ‘o que está feito, está feito.’”

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Shinoda se lembra de eventos familiares em que os parentes se aproximavam do assunto dos campos de internamento, mas a conversa apenas tocava a superfície.

“Eles diziam: ‘Lembra-se de fulano de tal que conhecíamos do acampamento? Encontrei-os outro dia…’. Aproveitava para perguntar algo. Davam algumas frases e então alguém seguia em frente. Mais uma vez, shikata ga nai – ‘Você está desperdiçando seu fôlego. Por que falar sobre o passado?’.”

Mike Shinoda e o rap

Com o tempo, Mike Shinoda descobriu o rap. Foi a partir da música que aprendeu a interpretar as experiências e estabelecer relações com a história de sua família.

“Sinto que aprendi sobre racismo e discriminação ouvindo rap. Qualquer coisa, de Boogie Down Productions a NWA e Ice Cube. Eles estavam falando sobre o que não aparecia nos noticiários. Foi assim que descobri os Panteras Negras, Malcolm X e o racismo sistêmico que eles estavam enfrentando.”

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Racismo que, como o músico recorda, não era apenas algo existente na surdina, mas explícito e declarado.

“O racismo não era um sentimento, era um fato. Não havia sutileza. Eles literalmente tinham insultos racistas nos jornais. Os próprios políticos usavam termos preconceituosos. Os professores da escola chamavam meus familiares de nomes racistas na sala de aula.”

Recentemente, Mike Shinoda ganhou o Grammy na categoria Melhor Remix por sua versão para “Passenger”, do Deftones. A faixa está presente na edição comemorativa de 20 anos do álbum “White Pony”. O disco de remixes ganhou o título “Black Stallion”.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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