Korn soa menos dark — mas ainda pesado — em novo álbum “Requiem”

Décimo-quarto trabalho de estúdio da famosa banda de nu metal foca em sonoridade das guitarras, ainda que resultado comprometa famoso som de baixo de Fieldy

Qual seria a melhor palavra para definir o som do Korn? “Leveza” certamente não seria uma delas, mas poderia se encaixar ao menos no modo figurativo em “Requiem” – em especial quando se analisa o contexto desse trabalho, o 14º de estúdio dos caras, e seu antecessor.

Lançado em 2019, “The Nothing” é, muito provavelmente, o álbum mais pesado da carreira da banda americana. Nele, os precursores do nu metal se inspiraram nos problemas pessoais de seu vocalista, Jonathan Davis, que havia perdido em 2018 a mãe e a ex-esposa, progenitora de seus filhos.

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Não é a primeira – e talvez não seja a última – vez em que Davis e seus parceiros expõem seus demônios internos nas músicas do Korn, ainda que “The Nothing” vá mais fundo nesse sentido. Praticamente toda a discografia do grupo é baseada nessa luta interna, especialmente de Davis, com questões pessoais.

“Requiem”, curiosamente, parece fugir dessa caracterização. Há a profundidade e a aura reflexiva de várias obras do Korn, mas o tom é um pouco diferente por aqui. É como se uma luz no fim do túnel, enfim, fosse visualizada por Davis, James “Munky” Shaffer (guitarra), Brian “Head” Welch (também guitarra), Reginald “Fieldy” Arvizu (baixo, fora das fotos promocionais devido a uma recaída nas drogas) e Ray Luzier (bateria).

Tal abordagem resultou em um disco que, por acidente ou não, soa mais acessível. Os ganchos melódicos pegam logo de cara, com direito a refrães “abertos” feitos para grandes arenas. Em contrapartida, o instrumental segue pesado como de costume, mas como o trabalho de arranjar guitarras foi mais caprichado dessa vez – as restrições para shows causadas pela pandemia fizeram os caras passarem mais tempo em estúdio -, o baixo de Fieldy soa mais discreto e menos condutivo.

Nada disso, porém, compromete a qualidade do álbum – que é muito bom, diga-se de passagem. Trata-se apenas de outra perspectiva.

Músicas como “Forgotten”, “Start the Healing”, “Let the Dark Do the Rest” e “Disconnect”, mais melódicas, exemplificam como o Korn pode soar diferente e ainda assim convencer. E ainda há passagens que remetem à velha banda, como “Worst Is On Its Way”, “Penance to Sorrow” e “My Confession”.

Outro grande trunfo foi manter a tracklist mais enxuta. São nove faixas em 32 minutos. Desce redondo e dá vontade até de botar para tocar de novo. Em tempos onde artistas fazem dos álbuns um emaranhado de singles, sem pensar bem na ordem das faixas ou na duração do disco completo, me surpreendo positivamente quando me deparo com um material conciso.

“Requiem” é quase como o contraponto de “The Nothing”. E tal qual seu antecessor, o resultado é bem interessante.

Ouça “Requiem” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Korn – “Requiem”

  1. Forgotten
  2. Let The Dark Do The Rest
  3. Start The Healing
  4. Lost In The Grandeur
  5. Disconnect
  6. Hopeless And Beaten
  7. Penance To Sorrow
  8. My Confession
  9. Worst Is On Its Way

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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