A parceria entre Slash e Myles Kennedy já dura mais de uma década. No primeiro álbum solo do guitarrista do Guns N’ Roses, lançado em 2010 e repleto de cantores convidados, o vocalista do Alter Bridge foi o único a colaborar em duas músicas: “Starlight” e “Back from Cali”.
A turnê de divulgação desse disco também trouxe Myles, junto da banda de apoio The Conspirators. A partir daí, a união se consolidou e gerou quatro álbuns somente com Kennedy no vocal – o mais novo, “4”, sairá em fevereiro próximo.
Em entrevista à edição 297 da revista Classic Rock, Slash refletiu sobre os motivos que fizeram sua parceria com Myles Kennedy ter dado tão certo. O fato de o cantor também ser um guitarrista – na visão do colega, até mais guitarrista do que cantor – ajudou a estabelecer uma conexão.
“Myles é um cara muito legal e educado, além de extremamente talentoso. Uma das razões que faz a gente se dar tão bem desde o início é ele ser um guitarrista que canta. E temos personalidades muito similar, somos descontraídos e discretos, nos damos muito bem.”
Embora tenha um histórico de relação tumultuada com os vocalistas junto dos quais trabalhou – de Axl Rose a Scott Weiland -, o músico da cartola diz adorar cantores e oferecer liberdade para que eles trabalhem.
“Adoro cantores. Você precisa trabalhar em torno de algumas das idiossincrasias e eu entendo isso. Há um aspecto psicológico em ser um cantor e estar diante de uma plateia com nada além de um microfone. É algo que não consigo imaginar. Então, dou todo o espaço para cantores trabalharem como quiserem.”
Segundo ele, porém, Kennedy não é do tipo que sofre da chamada LSD (Lead Singer’s Disease, ou Doença do Vocalista Principal).
“Myles é diferente, ele é basicamente muito guitarrista, nos relacionamos nesse nível. E ele também tem aquela voz e alcance incríveis. Entendo como Myles trabalha e temos essa relação suave desde 2010.”
Não tem algo errado?
Ainda durante o bate-papo, Slash foi perguntado se não imaginou que a parceria com Myles Kennedy poderia dar errado. Afinal de contas, a história do rock mostra que é bem complicado encontrar um vocalista que seja fácil de se trabalhar.
“Nunca pensei que poderia ter algo errado com ele (risos). Começamos a conversar primeiro por mensagem de texto e e-mail. Enviei algumas músicas a ele, daí ele me mandava de volta com a contribuição dele. Eu fiquei tão encantado que o trouxe até Los Angeles e fizemos algumas músicas para meu primeiro disco solo. Era um prazer tê-lo por perto. Isso evoluiu para trabalhar junto em contexto de banda. Não acho que eu ficava pensando se em algum momento a relação iria azedar.”