Eric Gales reivindica coroa de gigante da música no álbum “Crown”

Com ajuda de Joe Bonamassa em produção e composições, bluesman americano soa afiado e certeiro ao apostar na pluralidade artística

Eric Gales definitivamente merecia ser mais popular. “Crown”, mais um álbum de sua extensa discografia, parece reivindicar esse reconhecimento.

Lançado através dos selos Provogue Records / Mascot Label Group, o trabalho chega pouco mais de um ano após o bluesman americano e sua esposa, a cantora LaDonna Gales, terem passado por dificuldades causadas pela Covid-19. Os dois contraíram o vírus e chegaram a ser hospitalizados no segundo semestre de 2020.

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Felizmente, a recuperação foi plena – tanto que Eric chega com um novo disco e ainda traz a participação de LaDonna em uma das faixas. Porém, colegas músicos tiveram que fazer uma campanha de arrecadação virtual para ajudá-los com as despesas médicas.

Ciente de que a vida pode ser encurtada, o cantor e guitarrista parece apostar todas as suas fichas em um trabalho que soa ainda mais diferenciado. Em “Crown”, Gales parece deixar a modéstia de lado e mostrar por que é (ou deveria ser visto) como um dos grandes guitarristas de sua geração.

Para atingir tal objetivo, juntou-se a um amigo que já é visto como um gigante da atualidade: o também incrível Joe Bonamassa, que assina a produção e a coautoria de várias músicas do trabalho ao lado de Josh Smith. Tom Hambridge, James House, Keb’ Mo’ e a própria LaDonna Gales colaboram no processo criativo. O resultado, expresso em 16 faixas (incluindo três vinhetas) é versátil, plural e de extremo bom gosto.

Ouça “Crown” abaixo, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas. O faixa-a-faixa comentado está disponível na sequência.

Faixa a faixa

Logo na primeira música do trabalho, “Death of Me”, percebe-se a influência de Joe Bonamassa no processo: dramática e ousada, a canção ganha vida própria a cada compasso. “The Storm”, que começa com uma forte reflexão sobre questões raciais (“como você pode amar o que amo, mas odiar quem sou?”, questiona Eric), mescla blues com R&B e faz bom uso de instrumentos complementares, como sopros e órgão.

O clima fica mais leve com a divertida “I Want My Crown”, onde Gales duela com Bonamassa numa pegada funky blues. A balada soul “Stand Up” traz sensação aconchegante, mas prepara terreno para a intensa “Survivor”, com mais uma letra ácida contra o racismo e mudanças de clima e andamento que surpreendem.

O blues em formatos tradicionais toma conta das faixas seguintes. “You Don’t Know the Blues”, de início, conecta o ouvinte a álbuns anteriores de Eric Gales. “Too Close to the Fire” preserva a pegada do gênero, mas em veia mais melancólica e com maneirismos que vão de Stevie Ray Vaughan a David Gilmour (dá-lhe “Comfortably Numb”). Por sua vez, a carismática “Put That Back”, que deve funcionar bem em shows, traz backing vocals femininos bem presentes.

E por falar em voz, a faixa seguinte “Take Me Just As I Am” traz a participação arrasadora de LaDonna Gales. Seria incrível se ela cantasse em outras músicas do trabalho. Funky blues de primeira, “Let Me Start with This” antecede outro grande destaque: a balada majoritariamente acústica “I Found Her”, que conquista pelos detalhes, com arranjos de fundo que incorporam até mesmo acordeão.

O soul blues “My Own Best Friend”, com alguns dos melhores solos do disco, e a trilha de honky-tonk “I Gotta Go”, onde a banda de apoio soa mais ardida do que nunca, encerram o trabalho em alto nível. O mesmo de todo o restante da audição.

Reivindicando a coroa

Eric Gales não estava para brincadeira quando disse na música “I Want My Crown” que está em busca de sua coroa. “Crown” soa certeiro e diferenciado ao trazer uma abordagem amplificada para o blues que todos conhecemos.

Funde-se o gênero com rock, funk, soul, R&B, folk, gospel, hip hop e muito mais de forma natural, com talento e feeling expressos não só na profunda voz de Eric, como também (e especialmente) nos caprichados riffs, licks e solos de guitarra. A banda de apoio não fica atrás: nomes como o baixista Michael Rhodes, o tecladista Reese Wynans e os bateristas Lemar Carter e Greg Morrow só engrandecem o produto final.

Até esse momento, é o melhor disco que ouvi em 2022. Será que alguém tira essa coroa de Gales ao longo do ano?

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Eric Gales – “Crown”

  1. Death of Me
  2. The Storm
  3. Had to Dip
  4. I Want My Crown (ft. Joe Bonamassa)
  5. Stand Up
  6. Survivor
  7. You Don’t Know The Blues
  8. Rattlin’ Change
  9. Too Close To The Fire
  10. Put That Back
  11. Take Me Just As I Am (ft. LaDonna Gales)
  12. Cupcakin’
  13. Let Me Start With This
  14. I Found her
  15. My Own Best Friend
  16. I Gotta Go

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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