Volbeat injeta peso e se renova em novo álbum “Servant of the Mind”

Oitavo trabalho de estúdio da banda reverencia influências metálicas, mas sem abdicar de refrães pegajosos e momentos de versatilidade

O Volbeat acaba de lançar nas plataformas digitais seu oitavo álbum de estúdio. “Servant of the Mind” chega a público por meio da Republic Records / Universal Music.

Aqui, o grupo formado na Dinamarca resolveu olhar um pouco para suas raízes, ao mesmo tempo em que não se rendeu aos pedidos de repetir seus méritos do passado. Michael Poulsen (voz/guitarra), Jon Larsen (bateria), Rob Caggiano (guitarra) e Kaspar Boye Larsen (baixo) acrescentaram peso, mas sem abdicar dos refrães pegajosos e da identidade própria que mescla metal, punk e rockabilly. Como resultado, soam renovados, apesar de um ou outro ponto baixo.

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Ouça “Servant of the Mind” abaixo, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais. Uma resenha pode ser conferida na sequência.

Mais peso, mas ainda com identidade

Líder de composição do Volbeat, Michael Poulsen concebeu todas as músicas durante o período de isolamento provocado pela pandemia. Muito provavelmente teve a chance de retomar suas influências neste período em casa – ele teve bandas de death metal na década de 1990 – e notar que dá para adicionar uma dose extra de peso sem comprometer o resultado final.

Jon Larsen, em entrevista exclusiva a este jornalista, já havia revelado que a sonoridade seria “certamente mais pesada” que o antecessor “Rewind, Replay, Rebound” (2019), talvez um dos mais acessíveis do grupo.

“Não diria que é mais agressivo, mas certamente tem alguns dos elementos pesados raiz do Volbeat. Pode ter um pouquinho de thrash nele, até um pequeno desvio pra death metal sueco, talvez? Mas sim, é um álbum bem variado. […] A vibe do disco é mais espontânea, com algumas piscadelas para nosso passado, mas ‘pesado’ é a palavra certa.”

A síntese do baterista não poderia estar mais correta. “Servant of the Mind” é uma das obras mais variadas do Volbeat. Há momentos punk, (poucas) baladas, experimentos que vão do surf rock à psicodelia. Mas o que predomina é o peso. Sempre com refrães grudentos, mas a banda de Poulsen e Larsen nunca soou tão heavy como aqui.

Faixa-a-faixa

A abertura “Temple of Ekur” já mostra essa diferença. Além do peso, a faixa chama atenção por sua melodia principal que remete ao Egito antigo – sensação também passada pela letra. Conhecida do público por ter saído como single, a punk-boogie-woogie “Wait a Minute My Girl” trafega por caminhos menos experimentais e soa como um grande refrão de 2 minutos, mas a seguinte “The Sacred Stones” volta a mudar essa percepção. Arrastada, a faixa flerta com o doom metal e reverencia o Black Sabbath incansavelmente.

“Shotgun Blues”, também liberada antes como single, só não agrada por completo porque a linha vocal é menos dinâmica do que deveria, mas é uma boa música. “The Devil Rages On”, logo após, chama atenção: é um surf rock que versa sobre o diabo ter se tornado humano. “Say No More”, por sua vez, é como a resposta do Volbeat à clássica “Jump in the Fire”, do Metallica, com direito a referências diretas.

Se a primeira etapa do álbum surpreende, a segunda recorre a caminhos menos inesperados – por isso, perde fôlego em alguns momentos. “Heaven’s Descent” é mais direta e punk, apesar dos quatro minutos de duração, enquanto “Dagen Før”, que traz participação da cantora Stine Bramsen (Alphabeat), é uma típica balada do Volbeat. Soa desnecessária no disco, mas foi lançada como single e faz sentido nesse formato.

Leia também:  The Night Flight Orchestra anuncia novo álbum “Give Us the Moon”

“The Passenger” é quase uma releitura feita da fórmula do Motörhead (apesar do refrão pegajoso adicionado), enquanto “Step Into Light” retoma a pegada “Egito antigo” da faixa de abertura, só que sem tanto peso. Tudo meio esperado, mas “Becoming”, por sorte, chega para renovar os ouvidos. Uma das melhores do disco, a faixa é deliciosamente heavy e enfim traz as citadas referências ao thrash e death metal.

Os momentos finais do disco pecam pela repetição. “Mindlock” tem bons riffs, mas soa um pouco repetitiva em seus quase 5 minutos de duração. O encerramento com “Lasse’s Birgitta” sofre do mesmo problema. É, de longe, a música mais longa da carreira da banda, com quase 8 minutos, mas só se esticou desse jeito para contar na letra a história da primeira bruxa queimada na Suécia, no século 16. Ainda que seja uma boa canção e apresente algumas das melhores linhas de guitarra do disco, parecia pedir por mais variações rítmicas e melódicas – que só chegam ao fim.

O lançamento deluxe de “Servant of the Mind” traz mais cinco músicas. São elas: as curtas releituras “Return to None” (cover de Wolfbrigade) e “Domino” (cover de The Cramps / Roy Orbison); uma versão de “Shotgun Blues” com Dave Matrise (Jungle Rot); outra edição de “Dagen Før” sem Stine Bramsen; e o cover “Don’t Tread on Me”, lançado na compilação “The Metallica Blacklist”.

Apesar da duração…

Em sua edição convencional, “Servant of the Mind” conta com 13 faixas e 61 minutos de duração. Isso é um problema. Por sorte, não compromete tanto a experiência, porque este álbum é um dos mais variados da carreira da banda, mas ainda assim há algumas estruturas melódicas que se repetem e deixam o ouvinte um pouco cansado.

Por outro lado, não é exagero apontar que algumas das melhores músicas de Michael Poulsen e seus parceiros estão aqui. “Becoming”, “Temple of Ekur”, “The Sacred Stones”, “Say No More” e o cover bônus “Return to None”, só para citar a “nata”, são do tipo que merecem espaço nos shows do grupo.

Outro ponto de destaque é a performance, seja individual ou coletiva. Os talentos de Jon Larsen na bateria e Rob Caggiano (que também é um grande produtor) na guitarra foram melhor aproveitados neste álbum. Justamente por ser um disco mais eclético, mas que não poderia perder a aura heavy, toda a banda foi mais exigida – e respondeu bem a isso.

Talvez a “autoedição” seja o único ponto baixo do disco. O Volbeat precisava da injeção de peso apresentada neste trabalho, até para não começar a se repetir. “Rewind, Replay, Rebound” pecou nesse sentido e “Servant of the Mind” parece recompensar os fãs em muitos sentidos, não apenas em peso, mas em dinâmica e versatilidade.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Volbeat – “Servant of the Mind”

  1. Temple Of Ekur
  2. Wait A Minute My Girl
  3. The Sacred Stones
  4. Shotgun Blues
  5. The Devil Rages On
  6. Say No More
  7. Heaven’s Descent
  8. Dagen Før (com Stine Bramsen)
  9. The Passenger
  10. Step Into Light
  11. Becoming
  12. Mindlock
  13. Lasse’s Birgitta

Faixas bônus das edições deluxe em CD duplo, LP duplo e digital:

  1. Return To None (cover de Wolfbrigade)
  2. Domino (cover de The Cramps / Roy Orbison)
  3. Shotgun Blues (com Dave Matrise, do Jungle Riot)
  4. Dagen Før (versão somente na voz de Michael Poulsen)
  5. Don’t Tread On Me (cover do Metallica)

Aproveite e assista à recente entrevista com Jon Larsen a seguir.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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O Volbeat acaba de lançar nas plataformas digitais seu oitavo álbum de estúdio. “Servant of the Mind” chega a público por meio da Republic Records / Universal Music.

Aqui, o grupo formado na Dinamarca resolveu olhar um pouco para suas raízes, ao mesmo tempo em que não se rendeu aos pedidos de repetir seus méritos do passado. Michael Poulsen (voz/guitarra), Jon Larsen (bateria), Rob Caggiano (guitarra) e Kaspar Boye Larsen (baixo) acrescentaram peso, mas sem abdicar dos refrães pegajosos e da identidade própria que mescla metal, punk e rockabilly. Como resultado, soam renovados, apesar de um ou outro ponto baixo.

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Ouça “Servant of the Mind” abaixo, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais. Uma resenha pode ser conferida na sequência.

Mais peso, mas ainda com identidade

Líder de composição do Volbeat, Michael Poulsen concebeu todas as músicas durante o período de isolamento provocado pela pandemia. Muito provavelmente teve a chance de retomar suas influências neste período em casa – ele teve bandas de death metal na década de 1990 – e notar que dá para adicionar uma dose extra de peso sem comprometer o resultado final.

Jon Larsen, em entrevista exclusiva a este jornalista, já havia revelado que a sonoridade seria “certamente mais pesada” que o antecessor “Rewind, Replay, Rebound” (2019), talvez um dos mais acessíveis do grupo.

“Não diria que é mais agressivo, mas certamente tem alguns dos elementos pesados raiz do Volbeat. Pode ter um pouquinho de thrash nele, até um pequeno desvio pra death metal sueco, talvez? Mas sim, é um álbum bem variado. […] A vibe do disco é mais espontânea, com algumas piscadelas para nosso passado, mas ‘pesado’ é a palavra certa.”

A síntese do baterista não poderia estar mais correta. “Servant of the Mind” é uma das obras mais variadas do Volbeat. Há momentos punk, (poucas) baladas, experimentos que vão do surf rock à psicodelia. Mas o que predomina é o peso. Sempre com refrães grudentos, mas a banda de Poulsen e Larsen nunca soou tão heavy como aqui.

Faixa-a-faixa

A abertura “Temple of Ekur” já mostra essa diferença. Além do peso, a faixa chama atenção por sua melodia principal que remete ao Egito antigo – sensação também passada pela letra. Conhecida do público por ter saído como single, a punk-boogie-woogie “Wait a Minute My Girl” trafega por caminhos menos experimentais e soa como um grande refrão de 2 minutos, mas a seguinte “The Sacred Stones” volta a mudar essa percepção. Arrastada, a faixa flerta com o doom metal e reverencia o Black Sabbath incansavelmente.

“Shotgun Blues”, também liberada antes como single, só não agrada por completo porque a linha vocal é menos dinâmica do que deveria, mas é uma boa música. “The Devil Rages On”, logo após, chama atenção: é um surf rock que versa sobre o diabo ter se tornado humano. “Say No More”, por sua vez, é como a resposta do Volbeat à clássica “Jump in the Fire”, do Metallica, com direito a referências diretas.

Se a primeira etapa do álbum surpreende, a segunda recorre a caminhos menos inesperados – por isso, perde fôlego em alguns momentos. “Heaven’s Descent” é mais direta e punk, apesar dos quatro minutos de duração, enquanto “Dagen Før”, que traz participação da cantora Stine Bramsen (Alphabeat), é uma típica balada do Volbeat. Soa desnecessária no disco, mas foi lançada como single e faz sentido nesse formato.

Leia também:  The Night Flight Orchestra anuncia novo álbum “Give Us the Moon”

“The Passenger” é quase uma releitura feita da fórmula do Motörhead (apesar do refrão pegajoso adicionado), enquanto “Step Into Light” retoma a pegada “Egito antigo” da faixa de abertura, só que sem tanto peso. Tudo meio esperado, mas “Becoming”, por sorte, chega para renovar os ouvidos. Uma das melhores do disco, a faixa é deliciosamente heavy e enfim traz as citadas referências ao thrash e death metal.

Os momentos finais do disco pecam pela repetição. “Mindlock” tem bons riffs, mas soa um pouco repetitiva em seus quase 5 minutos de duração. O encerramento com “Lasse’s Birgitta” sofre do mesmo problema. É, de longe, a música mais longa da carreira da banda, com quase 8 minutos, mas só se esticou desse jeito para contar na letra a história da primeira bruxa queimada na Suécia, no século 16. Ainda que seja uma boa canção e apresente algumas das melhores linhas de guitarra do disco, parecia pedir por mais variações rítmicas e melódicas – que só chegam ao fim.

O lançamento deluxe de “Servant of the Mind” traz mais cinco músicas. São elas: as curtas releituras “Return to None” (cover de Wolfbrigade) e “Domino” (cover de The Cramps / Roy Orbison); uma versão de “Shotgun Blues” com Dave Matrise (Jungle Rot); outra edição de “Dagen Før” sem Stine Bramsen; e o cover “Don’t Tread on Me”, lançado na compilação “The Metallica Blacklist”.

Apesar da duração…

Em sua edição convencional, “Servant of the Mind” conta com 13 faixas e 61 minutos de duração. Isso é um problema. Por sorte, não compromete tanto a experiência, porque este álbum é um dos mais variados da carreira da banda, mas ainda assim há algumas estruturas melódicas que se repetem e deixam o ouvinte um pouco cansado.

Por outro lado, não é exagero apontar que algumas das melhores músicas de Michael Poulsen e seus parceiros estão aqui. “Becoming”, “Temple of Ekur”, “The Sacred Stones”, “Say No More” e o cover bônus “Return to None”, só para citar a “nata”, são do tipo que merecem espaço nos shows do grupo.

Outro ponto de destaque é a performance, seja individual ou coletiva. Os talentos de Jon Larsen na bateria e Rob Caggiano (que também é um grande produtor) na guitarra foram melhor aproveitados neste álbum. Justamente por ser um disco mais eclético, mas que não poderia perder a aura heavy, toda a banda foi mais exigida – e respondeu bem a isso.

Talvez a “autoedição” seja o único ponto baixo do disco. O Volbeat precisava da injeção de peso apresentada neste trabalho, até para não começar a se repetir. “Rewind, Replay, Rebound” pecou nesse sentido e “Servant of the Mind” parece recompensar os fãs em muitos sentidos, não apenas em peso, mas em dinâmica e versatilidade.

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Volbeat – “Servant of the Mind”

  1. Temple Of Ekur
  2. Wait A Minute My Girl
  3. The Sacred Stones
  4. Shotgun Blues
  5. The Devil Rages On
  6. Say No More
  7. Heaven’s Descent
  8. Dagen Før (com Stine Bramsen)
  9. The Passenger
  10. Step Into Light
  11. Becoming
  12. Mindlock
  13. Lasse’s Birgitta

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  1. Return To None (cover de Wolfbrigade)
  2. Domino (cover de The Cramps / Roy Orbison)
  3. Shotgun Blues (com Dave Matrise, do Jungle Riot)
  4. Dagen Før (versão somente na voz de Michael Poulsen)
  5. Don’t Tread On Me (cover do Metallica)

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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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