As inovações presentes em “Are You Experienced”, lendário álbum de Jimi Hendrix

Não é só pela reconhecida habilidade com a guitarra que Jimi Hendrix é reverenciado até os dias de hoje. Desde o primeiro álbum da banda Jimi Hendrix Experience, o clássico “Are You Experienced” (1967), ficou claro que o guitarrista era inovador também nas técnicas de produção e gravação.

Não é só pela reconhecida habilidade com a guitarra que Jimi Hendrix é reverenciado até os dias de hoje. Desde o primeiro álbum da banda Jimi Hendrix Experience, o clássico “Are You Experienced” (1967), ficou claro que o guitarrista era inovador também nas técnicas de produção e gravação.

Ao longo dos mais de 38 minutos, o disco apresenta o trio formado por Hendrix, Noel Redding (baixo) e Mitch Mitchell (bateria) desfilando uma série de hits. Todo o material adquiriu grandeza adicional com a forma de captar todos aqueles sons incríveis, especialmente oriundos da guitarra.

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O modo como o instrumento soa em “Are You Experienced” é o resultado direto de uma série de inovações usadas nas gravações, que foram comandadas pelo produtor Chas Chandler, com apoio do engenheiro de som Eddie Kramer. Aqui, o grande segredo foi a banda ter utilizado toda a tecnologia que tinha à disposição na época de um modo único.

Essas inovações podem ser percebidas em quase todas as músicas do álbum, mas ficam evidentes na faixa-título, onde as guitarras de Hendrix soam de forma peculiar. E não estranhe “guitarras” no plural, pois há uma sobreposição de camadas de som muito bem estruturada, algo impressionante para 1967.

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O segredo do som de Jimi Hendrix em “Are You Experienced”

Basicamente, a massa sonora de “Are You Experienced”, que reflete boa parte do som que ficaria identificado como marca registrada do guitarrista, foi feita com fitas sendo tocadas em fones de ouvido, que eram posicionados próximos a microfones.

Esse efeito, somado a sons ambientes, faixas tocadas ao contrário e outros truques de estúdio, permitiu que fossem emuladas até cinco faixas de guitarra ao mesmo tempo, criando uma densidade única.

Para criar uma variação, foi usado um tipo de pedal que dobrava as oitavas, chamado não à toa de Octavia. O equipamento, desenvolvido especialmente a Jimi Hendrix por seu técnico de som, Roger Mayer, mesclava o efeito de um oitavador com o clássico fuzz, que distorce e dá peso à guitarra.

Outro ponto é que vários tipos de amplificadores – quase sempre no volume máximo, exigência de Hendrix – eram dispostos em configurações excêntricas dentro da sala de gravações. Os microfones eram posicionados a diferentes distâncias das caixas.

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Havia, ainda, um truque relacionado à forma de mixagem. No livro “Becoming Jimi Hendrix”, Eddie Kramer revelou um pouco de como fazia a distribuição do som do Jimi Hendrix Experience nesse álbum:

“Eu preencheria as quatro faixas de gravação básicas com bateria estéreo em dois dos canais, o baixo no terceiro e a guitarra base de Jimi no quarto. A partir daí, Chas Chandler e eu mixávamos isso reduzindo tudo em duas faixas em outro gravador de quatro faixas, nos dando mais duas faixas para colocar o que quiséssemos, o que geralmente incluía a guitarra e os vocais de Jimi, bem como os vocais de apoio e alguma percussão adicional.”

Era uma abordagem pouco convencional, que fugia dos padrões utilizados pela gravadora, CBS, na época. Na época, a bateria e o baixo eram gravados em mono, em duas faixas, o que suprimia um pouco da sonoridade no resultado final.

Se a solução parece excêntrica até para os dias de hoje, é fácil entender o impacto que “Are You Experienced” causou quando foi lançado. E esse foi só o início do legado de Jimi Hendrix.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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