Keith Emerson foi um dos grandes responsáveis por mudar a forma como os teclados eram integrados ao rock.
O britânico, nascido em 2 de novembro de 1944, trilhou os passos do pai, um pianista amador, logo na infância. Começou a aprender a tocar aos 8 anos, recebendo educação formal em música erudita.
Foi esse aprendizado erudito que compôs o grande diferencial da carreira de Keith Emerson. Mesmo em suas primeiras bandas, ele acrescentava elementos da música clássica em gêneros como blues, jazz e rock. Era inovador.
A paixão pelo órgão Hammond, tipo de instrumento que se tornaria tão característico no rock do fim dos anos 60 e início dos 70, veio das performances de Jack McDuff, aclamado organista de jazz. Keith também era fã de artistas de country e, claro, rock and roll, sendo influenciado por Jerry Lee Lewis e Little Richard.
Emerson, Lake & Palmer e The Nice
Muito se fala sobre o trabalho de Keith Emerson na década de 1970, com o Emerson, Lake & Palmer. O projeto montado ao lado do baixista Greg Lake e do baterista Carl Palmer era, de fato, sensacional.
O trio compunha um verdadeiro dream team do rock progressivo, proporcionando um ambiente ideal para que Emerson inovasse ainda mais nos teclados. Foi com o ELP, aliás, que ele apresentou uma nova forma de se utilizar os clássicos sintetizadores modulares Moog, já populares através dos Beatles e Rolling Stones.
Porém, a banda responsável por dar fama a Keith foi o The Nice. Foi, talvez, um dos primeiros grupos de rock, senão o primeiro, a colocar o teclado na linha de frente. E não dava para ser de outro jeito.
Além da genialidade enquanto músico, Emerson se destacava com suas performances impressionantes, quase teatrais. Quem ia a um show do The Nice, deveria estar preparado para ver o músico “abusando” de seu órgão Hammond: ele montava em cima do instrumento, o chicoteava e até o esfaqueava.
Jimi Hendrix dos teclados
O guitarrista Jimmy Page, do Led Zeppelin, relata em uma publicação nas redes sociais que se impressionou ao assistir Keith Emerson, pela primeira vez, ainda com o The Nice, no fim dos anos 60. Por tudo explicado nos parágrafos acima, ele era, segundo Page, o Jimi Hendrix dos teclados.
“O Led Zeppelin tocou no Bath Festival duas vezes – uma em 1969 e outra em 1970 – e ambos os shows coincidiram em 28 de junho. Em 1969, lembro de ver o The Nice tocando com Keith Emerson pela primeira vez.
Ele era fenomenal de se assistir na época, esfaqueando o teclado com facas reais enquanto improvisava. Tocava o órgão para frente e para trás, ligando e desligando, alterando o tom e desafiando a gravidade. Era o Hendrix do órgão Hammond. Fantástico.”
A morte de Keith Emerson
Com o passar dos anos, Keith Emerson perdeu um pouco de sua habilidade com os teclados. Algo perfeitamente natural, que acontece com todo mundo. Infelizmente, ele não lidou com isso da melhor forma.
Desde o início dos anos 1990, o músico sofria de um problema relacionada aos nervos de sua mão direita. Era uma forma específica de artrite que comprometia sua famosa técnica. Ele chegou a ficar um anos em tocar, entre 1993 e 1994, em busca de uma recuperação, que não foi obtida da forma esperada.
Somente em 2002, Keith conseguiu resgatar a técnica completa de suas mãos. Porém, os anos se passavam e essas habilidades seriam comprometidas de uma forma ou de outra.
Fora isso, o tecladista sofria de depressão e outros quadros relacionados a saúde mental. Todos esses anos lutando contra problemas físicos, certamente, agravaram a situação
Em 11 de março de 2016, aos 71 anos, Keith Emerson tirou a própria vida com um tiro na cabeça. A namorada do músico, Mari Kawaguchi, afirmou na época que ele estava se sentindo muito ansioso por conta dos problemas nos nervos, que seguiam comprometendo suas habilidades.
Ele tinha shows marcados no Japão e sofria só de pensar que poderia não entregar sua performance completa. Comentários maldosos nas redes sociais colaboraram negativamente para esse quadro.
Diante da notícia da morte do amigo, Greg Lake, que faleceria de câncer meses depois, declarou em nota:
“Por mais triste e trágica que tenha sido a morte de Keith”, eu não queria que essa seja a última memória dele que as pessoas levem com elas. O que nós sempre lembraremos de Keith Emerson é de seu notável talento como músico e seu dom e paixão para entreter. A música era sua vida e apesar de algumas dificuldades que encontrou, tenho certeza que a música que ele criou viverá para sempre.”
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