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Os playbacks do Kiss em live de Dubai – e como ‘Strutter’ evidenciou situação

O Kiss promoveu uma livestream diretamente de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no último dia de 2020. Chamou atenção do público, novamente, o fato de Paul Stanley estar usando playback.

O Kiss promoveu uma livestream diretamente de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no último dia de 2020. Com ingressos a partir de US$ 39,99 (pouco mais de R$ 200), o show ‘Kiss 2020 Goodbye‘ foi assistido por milhares de fãs em todo o mundo. Dos acertos aos erros, do visual impressionante aos playbacks: a transmissão mostrou tudo em detalhes.

O show trouxe o mesmo repertório das datas mais recentes da ‘End of the Road’, a segunda turnê de despedida do Kiss. Apenas ‘Strutter’ entrou para o setlist de última hora, para que o fim da apresentação coincidisse com a virada de 2020 para 2021 em Dubai – e a performance dessa canção é essencial para entender os playbacks que permearam todo o espetáculo.

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Primeiro de tudo, é interessante apontar que pelo menos um momento específico deixou claro o uso de gravações pré-existentes no show, que deveria ser ao vivo. E, claro, essa ocasião tem o vocalista e guitarrista Paul Stanley, principal signatário do recurso, como protagonista.

Antes de entrar no segundo refrão, Stanley grita algo como “come on”, mas o som não sai. A voz cantada dele continua sendo reproduzida. No vídeo abaixo, é possível conferir o momento exatamente em 26min47seg.

Assista a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=QKQ6MVG4FvY

Esse foi o único momento em que deu para observar, visivelmente, uma falha relacionada ao playback. Nas outras músicas, nota-se que há algo estranho, já que as linhas vocais estão muito bem definidas – o que indica gravação em estúdio -, mas o Starchild parece ter ensaiado muito bem as bases para devida dublagem.

E é aí que entra a já mencionada ‘Strutter’, que chegou de última hora ao repertório do show. Aparentemente, o Kiss não esperava que teria de colocar uma música extra para dar tempo de chegar à virada do ano ainda com a livestream rolando, por isso a adição do clássico lançado em 1974.

A diferença da voz de Stanley em ‘Strutter’ para as outras canções do repertório é nítida. Nessa música, ouvimos a real performance do Starchild na atualidade – nua e crua, sem playbacks ou edições. Impossível não comparar com o restante do show.

No vídeo incorporado acima, é possível conferir ‘Strutter’ a partir de 1h52min47seg.

Kiss, Paul Stanley e playbacks

Foto: divulgação

Não é de hoje que a voz de Paul Stanley tem falhado bastante. E dá para entender o porquê. São quase 50 anos em ritmo incessante de turnês e gravações de álbuns, colocando as cordas vocais no limite. Uma hora, a conta seria cobrada.

Os problemas parecem ter começado a surgir em 2007, quando Paul sofreu uma arritmia cardíaca. Em 2012, na turnê do álbum ‘Monster’, a banda começou a afinar seus instrumentos meio tom abaixo de seu habitual para buscar acomodar melhor a voz do artista.

Poderia ser a solução, mas nem isso adiantou. Vídeos de shows realizados em 2018, por exemplo, mostram o cantor em estado lamentável.

Confira a seguir:

Ao fim daquele ano, uma apresentação no cruzeiro da banda, o Kiss Kruise, indicou o uso de playback. Na filmagem abaixo, as passagens em 0min24seg (em ‘Say Yeah’) e 1min13seg (em ‘Heaven’s on Fire’) entregam Paul, que está longe do microfone e, mesmo assim, palavras são reproduzidas na caixa de som.

Veja abaixo:

Nessa época, o baixista e também vocalista Gene Simmons, eterno parceiro de Paul Stanley, falou sobre a situação – de forma indelicada e desnecessária, como está acostumado a fazer, fazendo piada do colega durante show solo realizado na Austrália. Ao convidar funcionários de sua equipe para cantar uma música em cima do palco, Simmons disse:

“Precisamos de ajuda. Não conseguimos cantar a música por nós mesmos porque tenho 69 anos e perdi minha voz!”

Paul Stanley respondeu às provocações com classe em entrevista ao podcast da Rolling Stone:

“Ele está fazendo esses shows – em maioria gratuitos e quando ele cobra ingressos, não vende muito – e estou certo de que ele está tentando manter um tom leve para as 200 pessoas ou algo do tipo. E isso é ótimo! Estou com Gene há muito tempo e temos um vínculo invejável.”

No entanto, o Starchild não comentou sobre o que, de fato, acontece: sua voz estar definhando.

Em 2019, com o início da turnê ‘End of the Road’, os playbacks pareciam estar mais ensaiados. Ainda assim, o uso do recurso pré-gravado deixa brechas. Uma delas ocorreu logo em uma das primeiras datas da tour, em Portland, nos Estados Unidos, no dia 2 de fevereiro daquele ano.

No começo da música ‘Psycho Circus’, um grito de Paul Stanley sai nas caixas de som enquanto ele está distante do microfone. O músico aparece próximo da bateria de Eric Singer e chega a acenar para o colega.

Assista a seguir:

Há vários outros vídeos da ‘End of the Road’ que mostram a mesma situação. A filmagem abaixo, captando diversas falhas de playback, foi filmada em 1° de fevereiro de 2020, durante apresentação da banda em Manchester, também nos Estados Unidos.

Somente ao longo de uma música, ‘Tears Are Falling’, aconteceu o seguinte:

  • aos 46 segundos (voz saindo mesmo com cabeça distante do microfone);
  • aos 53 segundos (Paul grita algo diferente, mas não dá para ouvir, mesmo considerando que seu microfone é o principal);
  • em 1min28seg (novamente, voz saindo mesmo com cabeça distante do microfone);
  • em 2min44seg (Paul não canta, porém, é possível ouvir a voz dele junto dos backing vocals);
  • em todos os refrães da música (Paul não canta, porém, é possível ouvir a voz dele junto dos backing vocals).

Veja a seguir:

O Kiss, vale lembrar, tem quatro shows marcados no Brasil para novembro de 2021, nas cidades de São Paulo, Ribeirão Preto, Porto Alegre e Curitiba. Seriam seis, mas as datas em Uberlândia e Brasília foram canceladas em meio aos reagendamentos durante a pandemia.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

4 COMENTÁRIOS

  1. Como diz o nome da Tour, end of the road!! Uma pena mas é o preço que se paga pela longevidade, mas Paul Stanley podia pegar umas dicas com o principe das trevas sobre como cuidar da voz após os 70 anos…

  2. O Kiss é uma super banda , más uma hora tem que acabar , o legado deles é gigantesco curti por toda minha adolescência. O rock and roll hall of fame demorou demais para homenagea_los .

  3. Temos que levar em consideração a idade de Paul e o tempo de estrada do Kiss. Enfim, eles ainda se esforçam e acredito que vale muito a pena ver Kiss ao vivo.

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