Doc McGhee é um dos empresários mais famosos do rock. Desde 1995, ele é responsável por agenciar o Kiss, mas seu currículo conta com trabalhos junto a Mötley Crüe (1982 a 1989), Bon Jovi (1984 a 1991) e Guns N’ Roses (2010 a 2011), entre outros.
Em entrevista ao podcast de Mitch Lafon, transcrita pelo Ultimate Guitar, o manager revelou como é trabalhar com o Kiss por duas décadas e meia. Ele atuou com a banda em momentos distintos de sua carreira: chegou pouco tempo antes das voltas dos membros originais Ace Frehley (guitarra) e Peter Criss (bateria), que acabaram saindo nos anos 2000 e dando lugar a Tommy Thayer e Eric Singer.
Sem medo de soar demagogo, Doc McGhee apontou que é fácil trabalhar com o Kiss. E isso tem a ver com a postura dos líderes Paul Stanley (vocal e guitarra) e Gene Simmons (vocal e baixo).
“Aqui está a melhor coisa: é fácil lidar com pessoas que sabem o que podem e não podem fazer. Não é fácil lidar com quem acha que sabe de tudo. Gene e Paul querem alguém para ter ideias criativas e proteger o Kiss de todos, inclusive deles mesmos.”
O profissional apontou ter “uma boa parceria” com Paul Stanley e Gene Simmons porque há “liberdade” no contato entre eles.
“Falamos livremente uns com os outros, pois eles entendem o que eu faço. Certos artistas bem experientes me querem trabalhando para eles, com a postura errada, mas eu digo que depois de algum tempo, esses artistas vão me demitir porque não vão escutar o que eu falo, por acharem que sabem o que estão fazendo.”
A ambição de Doc McGhee com relação ao tamanho que o Kiss pode ter é outro elo de união entre ele e os líderes da banda.
“Gene e Paul amam o fato de que quando trabalhamos juntos… todos dizem coisas do tipo: ‘bem, talvez devemos fazer os shows em teatros, que são menores’. Eu chego e digo: ‘f*da-se, vamos fazer no Tiger Stadium, em Dubai, em todos os lugares e reconstruir a maior banda do mundo’. É isso que você quer ser. Se não é para ser a maior banda do mundo, nem venha atrás de mim, pois você vai ter trabalho.”
Doc McGhee recusou o Kiss sem maquiagens
Em outra entrevista, concedida no início de 2020 à Pollstar, Doc McGhee revelou um detalhe curioso sobre sua relação com o Kiss. Segundo ele, a banda o queria como empresário ainda na década de 1980, mas a ausência das clássicas maquiagens fez com que o trabalho nem sequer fosse considerado pelo profissional.
“Gene sempre me ligava, dizendo que queria falar comigo. Eu respondia: ‘vocês vão voltar com as maquiagens?’. Ele falava que não, daí eu dizia: ‘me ligue quando vocês colocarem as maquiagens de volta’. Por volta de 1995, Gene me ligou, eu fiz a mesma pergunta e ele não respondeu nada, então, eu só falei: ‘já estou indo’. Eles se saíram muito bem com o álbum ‘Revenge’ (1992), mas não era o Kiss. A maquiagem é uma parte muito grande deles.”
Havia um imenso diferencial nas clássicas maquiagens do Kiss, de acordo com McGhee.
“Essa ideia veio do Kabuki, dos quadrinhos e de coisas que permitem que eles sejam as pessoas que gostariam de ser, mas não poderiam se tornar por conta da maquiagem. Eles são donos daquilo e têm fé. Goste ou não do Kiss, você vai a um show deles e percebe que eles acreditam naquilo. Eles acreditam naqueles personagens. Não são mais eles.”