Rob Halford é um dos vocalistas mais influentes do heavy metal. Seu trabalho de décadas com o Judas Priest ajudou a construir as bases para a música pesada como um todo.
E por trás de todo grande nome da música, há influências incríveis e capazes de redefinir e moldar preferências. Com Halford, não foi diferente: seu trabalho reflete os artistas e bandas com os quais ele mais se identificou ao longo da vida.
Em entrevista à ‘Rolling Stone‘, Rob Halford escolheu seus 10 álbuns favoritos de todos os tempos. A lista é guiada pela música pesada e traz, no geral, trabalhos lançados entre o fim da década de 1960 e início dos anos 1970 – o período de formação musical do vocalista.
Todavia, Rob Halford chamou atenção por algumas escolhas que podem ser consideradas inusitadas. Ninguém o imagina ouvindo, por exemplo, Beatles, embora o Fab Four tenha sido influência para praticamente todo músico surgido nas últimas seis décadas.
O cantor também trouxe um álbum de uma banda claramente influenciada pelo Judas Priest: ‘Cowboys From Hell’, do Pantera, a qual ele nunca escondeu sua admiração.
Veja, a seguir, os 10 álbuns favoritos de Rob Halford, com trechos de comentários dele sobre cada trabalho. Os discos citados por ele estão incorporados por meio de playlists no YouTube (com exceção de ‘Axis: Bold as Love’, de Jimi Hendrix Experience, incorporado via Spotify).
Os álbuns favoritos de Rob Halford
1. Black Sabbath – ‘Black Sabbath’ (1970)
“Eles eram da mesma região que o Priest. Crescemos juntos, inventando essa ótima música que adoramos tanto chamada heavy metal. Escolho este álbum pois, como tantas bandas, seu primeiro disco ajuda a te estabelecer como banda – ou os primeiros. Foi o que aconteceu com o Priest em ‘Rocka Rolla’ e ‘Sad Wings of Destiny’ – adoro este último pois nos definiu. Com o Sabbath, este é o primeiro exemplo de como o heavy metal deveria soar, com a textura, o timbre, a estrutura e a voz única de Ozzy.”
2. Led Zeppelin – ‘Led Zeppelin’ (1969)
“Este álbum em particular tem muito da experiência de transição no som pesado, no hard rock que inclui muito blues. E eles admitiram que o blues foi onde a jornada básica deles começou.”
3. Queen – ‘Queen II’ (1974)
“Sempre fui um grande fã do Queen. Cada álbum que ouço do Queen tem sua própria identidade, muito parecido com o Judas Priest nesse aspecto. Em alguns elementos, o Judas Priest é como o Queen porque não há dois álbuns do Priest iguais. É o caso do Queen. O segundo álbum, ‘Queen II’, define isso. Eles se tornaram muito aventureiros. Ficaram panorâmicos. O cenário de sua música era simplesmente gigantesco, particularmente no sentido da voz, todas aquelas harmonias incríveis que eles faziam juntos. E essa é outra coisa que amo no Queen.”
4. The Beatles – ‘A Hard Day’s Night’ (1964)
“Esse foi difícil, porque eu estava escolhendo ‘Sgt. Pepper’, todos fazem isso, mas há algo sobre o timbre neste aqui. Eles foram de ‘She Loves You’, apenas alguns anos antes, para o que estava se tornando algo muito sério na forma como eles estruturavam as músicas e pensavam mais em desenvolver aquele lado de um músico, que cresce conforme você segue em frente. Então, as músicas de ‘A Hard Day’s Night’ são muito expressivas e vêm de uma banda que está realmente mudando e se adaptando, com maturidade, como muitos músicos fazem.”
5. The Rolling Stones – ‘Get Yer Ya-Ya’s Out!’ (1970)
“Escolhi um álbum ao vivo dos Stones porque se você já viu os Stones ao vivo, sabe que não há ninguém como eles. A maneira como eles fazem a transição de seu trabalho de estúdio para uma performance ao vivo é eletrizante. Sempre que uma banda sobe no palco, uma nova dimensão é vivenciada. E com os Stones, faltam palavras para defini-los. Você tem que vê-los ao vivo. Este álbum é um ótimo exemplo de como capturar todo o carisma e as características de uma grande banda de rock and roll, talvez a maior de todos os tempos, em um único álbum.”
6. Deep Purple – ‘Machine Head’ (1972)
“Escolhi o ‘Machine Head’ por ser feroz e intenso. Sempre foi debatido se o Deep Purple é uma banda de hard rock ou heavy metal. O Judas Priest fez uma turnê com eles e eu os assisti muitas e muitas vezes do lado do palco. Eles soam pesados para mim – realmente pesados. De todos os álbuns do Deep Purple, esse é o melhor para mim.”
7. The Jimi Hendrix Experience – ‘Axis: Bold as Love’ (1967)
“Sempre fui um guitarrista frustrado, tentava aprender a tocar guitarra, mas isso me deixa perplexo. Não consigo entender como os guitarristas fazem o que fazem. É inacreditável. E Jimi Hendrix é o maestro disso. O que ele fazia no fim dos anos 1960 em diante foi uma ‘virada de jogo’ para guitarristas, especialmente. E a maneira como ele criou as músicas de ‘Axis: Bold as Love’ foi muito, muito especial. Todos os discos que ele fez são ótimos, mas esse conecta-se comigo.”
8. David Bowie – ‘The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars’ (1972)
“Um cara que realmente levou seus fãs em uma jornada. Ele era Ziggy Stardust? Ele era o Thin White Duke? Hunky Dory? ‘Heroes’? O projeto paralelo Tin Machine? Seu último momento de glória (‘Blackstar’)? As imagens que Bowie criou com cada disco… ninguém mais pode tocar nisso. Ele era o mestre do disfarce. O álbum do Ziggy Stardust conectou comigo porque eu vi a turnê do Ziggy Stardust no Wolverhampton Civic Hall, no Reino Unido. Tocaram todo o álbum do início ao fim e foi inacreditável vê-lo ali, fazendo o que ele fez, de forma magnífica e com tanta convicção. Ele era Ziggy Stardust e hipnotizou o mundo com esse personagem.”
9. Cream – ‘Disraeli Gears’ (1967)
“Um ótimo exemplo de incrível musicalidade de três pessoas. É muito difícil se conectar como um trio. A interação, particularmente do lado percussivo, com Ginger (Baker, baterista) e Jack (Bruce, baixista), foi muito especial. Tinha uma autoidentidade pura e verdadeira. E então, ao fim, você tem Eric Clapton, com sua voz especial, que faz do Cream, no quadro geral do rock and roll, uma banda muito única.”
10. Pantera – ‘Cowboys From Hell’ (1990)
“O Pantera surgiu no início dos anos noventa. Estavam juntos antes disso, mas de repente explodiram com o impacto de ‘Cowboys From Hell’. Se você conhece a música e o rock and roll, sabe que grandes coisas acontecem no início de cada década. Quando eu esmagado com ‘Cowboys From Hell’, sabia que isso mudaria tudo. Dimebag (Darrell, guitarrista), para mim, foi a força motriz por trás dessa banda. Aquilo soava como um ataque total, ainda mais forte e potente à medida em que seguiam com ‘Far Beyond Driven’, ‘The Great Southern Trendkill’ e todos aqueles grandes álbuns mais tarde. Ainda assim, ‘Cowboys From Hell’ faz o meu tipo.”
* Foto da matéria: Mark Weiss / divulgação