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Black Stone Cherry retoma seu hard alternativo em ‘The Human Condition’; ouça

O Black Stone Cherry lançou o novo álbum 'The Human Condition', cujas gravações foram concluídas antes da pandemia do novo coronavírus. Aqui, a banda dispensa as influências do southern/classic rock do disco antecessor, 'Family Tree' (2018), e retoma o hard rock alternativo que guiou boa parte da carreira deles.

O Black Stone Cherry lançou seu sétimo álbum de estúdio nesta sexta-feira (30). Intitulado ‘The Human Condition’, o disco chega a público por meio da Mascot Label Group.

De acordo com material de divulgação, ‘The Human Condition’ foi concluído poucos dias antes da pandemia do novo coronavírus ter início, em março deste ano. O baterista John Fred Young destacou que havia “uma grande urgência e um medo do desconhecido durante as sessões de gravação”, refletindo o que estava para acontecer no mundo todo.

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Além de Young, a formação do Black Stone Cherry conta com Chris Robertson no vocal e guitarra, Ben Wells na guitarra e Jon Lawhon no baixo. Lawhon é, inclusive, dono do estúdio onde o material foi gravado.

Ouça ‘The Human Condition’ abaixo, via Spotify. Em seguida, confira resenha sobre o álbum.

Nos acertos e erros, ‘The Human Condition’ volta ao início do Black Stone Cherry

Em 2018, o Black Stone Cherry surpreendeu ao lançar o álbum ‘Family Tree‘, que, particularmente, considero o melhor já produzido por eles até hoje. O quarteto abandonou a veia do hard rock alternativo, de ligeiras referências ao post-grunge, para apostar em um som altamente influenciado pelo southern/classic rock.

‘Family Tree’ poderia indicar uma nova orientação ao quarteto de Kentucky, mas tudo indica que será apenas um experimento na carreira deles. ‘The Human Condition’ resgata, de vez, a sonoridade que fez a banda ficar conhecida, especialmente, no início da década passada: um hard rock alternativo com foco até demais nos ganchos melódicos.

As letras voltaram a tocar em temas espinhosos e emotivos. Talvez como um prenúncio da pandemia, ‘Ringin’ In My Head’ já começa com os versos: “People people, your attention please; I need to tell all y’all about a new disease”. Covid-19 à parte, diversas composições abordam temas ligados a problemas de saúde mental de Chris Robertson, indo de ansiedade a depressão, além das clássicas líricas sobre relacionamentos.

Em entrevista ao podcast ‘Cherry Cheat’, com transcrição do Blabbermouth, Chris Robertson destacou que o processo de gravação de ‘The Human Condition’ foi diferente do anterior. “No último, ‘Family Tree’, era mais como uma banda de improvisações, em uma veia classic rock, e não tem nada disso no novo álbum”, comentou.

O trabalho em torno de ‘The Human Condition’ foi meticuloso. Pela primeira vez, o grupo não gravou suas guias em estúdio ao vivo, optando por registrar tudo separadamente. O método aumenta a riqueza de detalhes em arranjos e ganchos de melodia, mas prejudica um pouco a autenticidade do material.

Por isso, a impressão geral passada ao longo do álbum é que foi adotada praticamente a mesma fórmula, especialmente de construção de refrães. Além disso, como há repetições de formatos, a tendência é que o ouvinte goste mais das primeiras do que das últimas faixas.

As duas primeiras, ‘Ringin’ In My Head’ e ‘Again’, são tipicamente “rádio rock”: apesar dos momentos de peso, são bem construídas e deixam os vocais de Robertson, grande destaque da banda, na linha de frente. Esse conceito se repete em outras boas canções, como ‘The Chain’ e ‘Ride’.

Há, claro, faixas mais pesadas, onde o instrumental assume a linha de frente e os grooves são de muito bom gosto. Entre os exemplos, estão ‘Push Down & Turn’, ‘Live This Way’ e ‘Some Stories’ – esta última também resgata um pouco da veia southern, com suas guitarras em slide ao fundo.

Não há tantas baladas, que estão bem distribuídas ao longo da tracklist. A boa ‘When Angels Learn To Fly’, por exemplo, entra logo após a pesada ‘Push Down & Turn’ e está mais para uma semi-balada, devido ao seu andamento mais rápido – mesmo caso de ‘In Love With The Pain’ e seu refrão grudentíssimo. Balada, mesmo, apenas ‘If My Heart Had Wings’, que soa como uma composição do Nickelback – no bom e no mau sentido.

Poucos destaques negativos podem ser citados, individualmente, entre as músicas. ‘Don’t Bring Me Down’, por exemplo, tem um refrão bizarro, mas é um momento raro na tracklist.

Todavia, o que complica é ouvir o álbum todo em uma tacada sem ter a impressão de que algum arranjo ou progressão melódica já não foi usado em uma faixa anterior, ainda que em tonalidade ou timbre diferentes. Como tudo ficou ainda mais formatado do que em outros momentos da carreira, o efeito provocado é: as músicas separadas funcionam melhor do que o disco na íntegra.

Talvez eu seja “viúvo” do ‘Family Tree’, que, conforme já apontei, é o melhor álbum do Black Stone Cherry em minha opinião – ainda que tenha registrado vendas mais baixas e posições nas paradas menos satisfatórias que seus antecessores. Fato é que gostaria de ouvir essa banda, de talento inegável, se arriscando um pouco mais. ‘The Human Condition’ peca nesse sentido.

‘The Human Condition’ está representado em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Black Stone Cherry – ‘The Human Condition’

Chris Robertson (vocal, guitarra)
Ben Wells (guitarra)
Jon Lawhon (baixo)
John Fred Young (bateria, piano)

01. Ringin’ In My Head
02. Again
03. Push Down & Turn
04. When Angels Learn To Fly
05. Live This Way
06. In Love With The Pain
07. The Chain
08. Ride
09. If My Heart Had Wings
10. Don’t Bring Me Down
11. Some Stories
12. The Devil In Your Eyes
13. Keep On Keepin’ On

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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