De Queen a Dio, 10 covers incríveis feitos pelo Metallica

Sabe aquela mania hipster de ficar irritado quando uma banda inicialmente desconhecida que você gosta se torna popular? O Metallica nunca teve isso: eles sempre fizeram questão de revelar aos fãs quais eram suas influências, incluindo as mais obscuras.

Desde os nomes da NWOBHM (New wave of British heavy metal) até a galera do southern rock dos anos 1970, passando pelo Misfits e outras bandas que nunca conseguiram reconhecimento, os integrantes do Metallica parecem fazer questão que as pessoas conheçam seus músicos favoritos. O frontman James Hetfield, o baterista Lars Ulrich e o guitarrista Kirk Hammett começaram com essa tendência nos primórdios, ainda com Cliff Burton como baixista, quando gravavam covers para integrar os lados B dos singles.

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Já com Jason Newsted no baixo, o capricho com os covers evoluiu para um EP só com faixas do tipo, ‘The $5.98 E.P. – Garage Days Re-Revisited’ (1987). Outras versões foram gravadas ao longo dos anos até culminar no álbum ‘Garage Inc’ (1998), só de versões. Mais regravações rolaram até chegarmos a uma lista realmente extensa de tributos feitos pelo Metallica.

A lista a seguir compila aqueles que são, dentro do meu gosto, os melhores covers feitos pelo Metallica. Confira:

10) ‘Breadfan’ (Budgie)

Gravada originalmente para ser lado B dos singles ‘Harvester of Sorrow’ e ‘Eye of the Beholder’, em 1988, a versão para ‘Breadfan’, do Budgie, impressiona por uma série de motivos. O principal é o fato de o Metallica ter conseguido resgatar uma música tão boa de uma banda tão obscura.

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Além disso, essa versão se destaca pela precisa alteração de tom que transformou uma música do hard rock setentista em uma verdadeira paulada heavy metal dos anos 1980. Com alguns ajustes, virou, praticamente, outra canção.

9) ‘Remember Tomorrow’ (Iron Maiden)

A galera que gosta de enxergar música como competição pensa que Metallica e Iron Maiden são bandas rivais por uma série de motivos – o principal seria uma suposta “prateleira” que teria os dois nomes como os maiores do heavy metal. Grande bobagem. O Metallica foi influenciado não só pelo Maiden, como, também, por diversas outras bandas de heavy metal do Reino Unido.

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A boa regravação de ‘Remember Tomorrow’, clássico do primeiro álbum do Maiden, para uma coletânea da revista ‘Kerrang!’ de 2008, só mostra que os caras gostavam mesmo do som de Steve Harris e seus comparsas. Como era de se esperar, o baixista Robert Trujillo se destaca por sua performance no instrumento, tão evidente no som do Iron. Lars Ulrich é outro que dá show por aqui.

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8) ‘When a Blind Man Cries’ (Deep Purple)

Outra regravação para uma coletânea de revista – desta vez, a ‘Classic Rock’ – integra essa humilde lista. Em 2012, o Metallica regravou ‘When a Blind Man Cries’, um single lançado pelo Deep Purple em 1972 (e que não pertenceu a nenhum álbum da banda) e caprichou tanto que decidiu incluir na versão deluxe do disco mais recente, ‘Hardwired… To Self-Destruct’ (2016).

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A performance vocal de James Hetfield merece menção à parte. O vocalista raramente mostra sua versatilidade como intérprete no repertório autoral do Metallica, porém, felizmente, consegue se soltar em regravações como essa. Os solos de guitarra também estão muito bem tocados.

7) ‘Tuesday’s Gone’ (Lynyrd Skynyrd)

Não era de se espantar que um álbum de covers do Metallica em 1998 contasse com diversas músicas do rock americano dos anos 1970. Antes de ‘Garage Inc’, os caras lançaram ‘Load’ e ‘Reload’, dois discos que, claramente, traziam influências do southern e até heartland rock.

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Por isso, a presença de ‘Tuesday’s Gone’, do Lynyrd Skynyrd, soou tão coerente em ‘Garage Inc’. Na regravação, guitarras limpas foram trocadas por violões, instrumentos de corda adicionais deram lugar a uma eventual gaita e James Hetfield adotou, em definitivo, a influência do country em seu vocal. O resultado é acima da média.

6) ‘Turn the Page’ (Bob Seger)

Outro artista que certamente influenciou trabalhos como ‘Load’ e ‘Reload’ foi Bob Seger. Dessa forma, o Metallica optou não só por homenageá-lo com uma versão de ‘Turn the Page’ para ‘Garage Inc’ como, também, soltou a regravação como o primeiro single do álbum.

A versão do Metallica ganhou doses de peso e melancolia que, vale destacar, combinaram com o traumático videoclipe dirigido por Jonas Akerlund. Na época, a exibição do vídeo foi proibida pela MTV por incluir cenas de nudez e violência.

5) ‘Last Caress’ (Misfits)

Recentemente, Kirk Hammett disse em uma entrevista que o cover do Metallica para ‘Last Caress’, do Misfits, é o que ele mais gosta de tocar ao vivo. Não é de se espantar: apesar de curtinha, a música é divertida e vai direto ao ponto. Os outros integrantes da banda também devem curtir incluí-la nos shows, já que é uma presença frequente nos repertórios.

Dá para incluir, na lista, a versão em que eles juntam ‘Last Caress’ com ‘Green Hell’, também do Misfits. Rola até um trecho desafinadinho de ‘Run to the Hills’, do Iron Maiden, ao fim.

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4) ‘Am I Evil?’ (Diamond Head)

Os integrantes do Metallica nunca esconderam que o Diamond Head era uma das grandes influências nos primórdios da banda – não à toa, eles tocam com gosto essa versão histórica de ‘Am I Evil?’, gravada originalmente em 1984 como B-side de ‘Creeping Death’. Foi, inclusive, um dos grupos que conectou Lars Ulrich a James Hetfield.

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O baterista dinamarquês não queria trabalhar com músicos influenciados pelo som pesado americano, mas, sim, pelo verdadeiro heavy britânico. Nos Estados Unidos, era difícil achar quem não considerasse Kiss e Journey como heavy metal, mas Lars acabou achando James e o resto é história.

3) ‘Stone Cold Crazy’ (Queen)

Há quem diga que ‘Stone Cold Crazy’, lançada pelo Queen em 1974, foi uma das primeiras músicas de thrash metal e/ou speed metal da história, senão a primeira. Dessa forma, nada mais justo que a banda de thrash mais famosa do mundo regrave a canção.

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Em estúdio, o Metallica registrou seu cover de ‘Stone Cold Crazy’ em 1990, para uma coletânea da Elektra Records. James Hetfield chegou a tocar a canção com o próprio Queen no Freddie Mercury Tribute Concert, em 1992. Mas a melhor versão, para mim, é a do show em San Diego, também de 1992. É a definição musical do termo “paulada”.

2) ‘Whiskey in the Jar’ (Thin Lizzy)

O primeiro hit do Thin Lizzy, ainda na década de 1970, foi a regravação de ‘Whiskey in the Jar’, uma canção tradicional irlandesa. A banda de Phil Lynott mandou muito bem ao rearranjar a música.

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Décadas depois, em 1998, o Metallica re-rearranjou e conseguiu melhorar o que já era ótimo, seja pela tonalidade mais pesada ou pela boa performance de cada instrumentista. E ainda produziram, com Jonas Akerlund, outro clipe histórico – este, apesar das cenas com beijos entre mulheres, rodou bastante na MTV.

1) ‘Ronnie Rising Medley’ (Rainbow)

Para mim, o medley de músicas do Rainbow feito pelo Metallica para o álbum-tributo ‘Ronnie James Dio – This Is Your Life’ não é só a melhor versão feita pela banda até hoje. Dentro do meu gosto, está entre as melhores regravações da história do heavy metal.

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A homenagem certeira à obra do vocalista Ronnie James Dio no Rainbow incluiu trechos das músicas ‘A Light in the Black’, ‘Tarot Woman’, ‘Stargazer’ e ‘Kill the King’. Todas elas estão conectadas com transições sensacionais, ganharam dose extra de peso e evidenciaram performances individuais fora de série, desde o sempre criticado Lars Ulrich ao idolatrado James Hetfield, que, aqui, cantou como nunca.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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