Rod Stewart, o grande vocalista que o rock perdeu com o tempo

Rod Stewart me lembra Roberto Carlos em muitos aspectos. Ambos tiveram proximidade com o rock no início de suas carreiras, mas a abandonaram em busca de outro estilo mais popular - e, obviamente, rentável.

Rod Stewart me lembra Roberto Carlos em muitos aspectos. Ambos tiveram proximidade com o rock no início de suas carreiras, mas a abandonaram em busca de outro estilo mais popular – e, obviamente, rentável.

O inglês, nascido em 10 de janeiro de 1945, tem uma carreira fascinante até metade da década de 1970. Depois, uma série de trabalhos questionáveis – e alguns momentos bregas que eu, particularmente, gosto – marcam a trajetória do cantor.

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Ainda na década de 1960, Rod Stewart surgiu no Jeff Beck Group, com o talentoso guitarrista que dá nome ao projeto. “Truth” (1968) e “Beck-Ola” (1969) fazem um elo bastante concreto entre o blues rock e o psicodélico. É menos lisérgico que Jimi Hendrix e menos bluesy que o Cream.

Ambos os trabalhos fizeram mais sucesso nos Estados Unidos do que no Reino Unido, terra de origem dos músicos envolvidos. Essa boa imagem fora da Europa serviu bem para a montagem do Faces, formado após o fim do Small Faces e com Rod Stewart nos vocais.

Mais orientado ao blues, o Faces existiu por apenas seis anos, mas foi o suficiente para que quatro bons álbuns de estúdio fossem lançados. O melhor, para mim, é “A Nod Is As Good As a Wink… to a Blind Horse” (1971), embora os demais também sejam acima da média.

Paralelamente, Rod Stewart trabalhava, desde 1969, em uma carreira solo. Aproveitou melhor ainda a boa reputação que conquistou nos Estados Unidos para se lançar por lá. O som de sua carreira solo continha os elementos das bandas que integrou, mas tinha uma pitada americana calcada tanto no folk quanto no country, em acréscimo ao hard/blues rock que praticava convencionalmente.

O resultado não poderia ser diferente: a partir do excelente “Every Picture Tells a Story” (1971), Rod Stewart virou sucesso na América e, consequentemente, no mundo. E ele conseguiu isso sem abdicar da qualidade, pois há muitas excelentes músicas nesses registros iniciais.

Em suma, todos os discos que envolvem Rod Stewart até “A Night on the Town” (1976) são irretocáveis. Até mesmo quando mergulhou no pop, há trabalhos que merecem ser ouvidos.

Rod Stewart nunca foi do tipo compositor, tanto que a maior parte de seus trabalhos solo, ainda mais no início, é composta de covers e colaborações externas. Mas Rod tinha (e tem) uma capacidade de interpretação acima da média, além de ser um bom produtor e saber como adaptar canções já existentes em versões inesquecíveis.

A mudança de Rod Stewart

Com o tempo, Rod Stewart moldou sua imagem para tornar-se, enfim, um crooner – não exatamente de jazz, mas de canções populares. Ainda recentemente, Stewart se manteve na ativa mais com covers do que canções autorais.

O trunfo de Rod é a sua habilidade em ser intérprete. Ele não é só o cantor que o rock perdeu, como também o crooner que Elvis Presley se tornaria caso não morresse em 1977.

A voz rouca e a capacidade de interpretação de Rod Stewart compõem o seu charme, que foi trabalhado, posteriormente, na carreira orientada a gêneros mais pop. Embora jamais tenha atingido o nível de qualidade musical do início da década de 1970, a conta bancária segue no auge, já que, hoje, ele é um dos artistas que mais venderam na história da música, com 100 milhões de discos comercializados.

Por tudo isso, Rod Stewart foi o grande vocalista de rock que o estilo perdeu. Não dá para deixar de reconhecer que, mesmo no pop, ele é diferenciado. No entanto, meu lado “fã de rock” me deixa curioso e pensativo na possibilidade de Stewart ter feito, ao longo de toda a sua trajetória, discos como os que lançou entre 1968 e 1976.

Álbuns recomendados

Seguem, abaixo, três grandes discos lançados por Rod Stewart em sua “fase rock n’ roll”:

Trabalhos mais recomendados:

  • Jeff Beck Group: “Truth” (1968) e “Beck-Ola” (1969)
  • Faces: “First Step” (1970), “Long Player” (1971), “A Nod Is as Good as a Wink… to a Blind Horse” (1971) e “Ooh La La” (1973)
  • Carreira solo: “An Old Raincoat Won’t Ever Let You Down” (1969), “Gasoline Alley” (1970), “Every Picture Tells a Story” (1971), “Never a Dull Moment” (1972), “Smiler” (1974), “Atlantic Crossing” (1975) e “A Night on the Town” (1976).
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

2 COMENTÁRIOS

  1. Crooners de standarts, já tem muitos, e muito melhores. ( sinatra, tony bennet, joe williams, johnny mathis, e muitos outros.) Ele devia ter ficado na dele, onde era muito fera!

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