Os consistentes discos do Quiet Riot após a década de 1980

O Quiet Riot viveu seu melhor e pior momento nos anos 1980. No início da década, a banda atingiu o estrelato com o álbum “Metal Health” (1983), considerado o primeiro disco de metal a atingir o topo das paradas dos Estados Unidos. Só que o sucesso não foi repetido nos lançamentos seguintes, “Condition Critical” (1984) e “QR III” (1986) – este, com produção arriscada e teclados bem presentes.

Em 1985, o baixista Rudy Sarzo havia sido substituído por Chuck Wright. No ano de 1987, rolaram duas baixas: Wright, cujo posto foi ocupado por Sean McNabb, e o vocalista e principal compositor, Kevin DuBrow, que foi demitido e deu lugar a Paul Shortino. Com essa formação, foi gravado “QR” (1988), o último suspiro do Quiet Riot no mainstream. O álbum sequer chegou ao top 100 das paradas da Billboard e fracassou ainda mais em outros mercados. Com isso, a banda encerrou suas atividades em 1989.

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Muitos parecem ignorar este fato, mas o Quiet Riot voltou às atividades em 1991, após Kevin DuBrow ter resgatado os direitos para uso do nome da banda. Desde então, o grupo lançou quatro discos de estúdio, entre 1993 e 2006 – “Terrified” (1993), “Down To The Bone” (1995), “Guilty Pleasures” (2001) e “Rehab” (2006), além de um registro que misturava inéditas e regravações de clássicos do conjunto: “Alive And Well” (1999).

Enquanto a década de 1980 foi marcada por oscilações, os anos 1990 e 2000 conferiram regularidade à discografia do Quiet Riot. Seja pela menor exposição, por estarem trabalhado de forma independente ou mesmo pela maturidade que a idade nos traz, os músicos envolvidos com a banda trabalharam melhor. Só faltou um pouco mais de frequência, pois mais discos poderiam ter sido lançados até a morte de Kevin DuBrow, em novembro de 2007, após uma overdose acidental de cocaína.

“Terrified”

O primeiro disco desse período pós-anos 1980 é “Terrified”, lançado em 1993 após ter sido preparado por alguns anos. Antes mesmo de retomar o nome Quiet Riot, Kevin DuBrow montou uma banda chamada de Little Women – alcunha usada por Randy Rhoads e ele na década de 1970 -, cuja formação era composta por Sean Manning na guitarra, Kenny Hillery no baixo e Pat Ashby na bateria.

Quando Kevin DuBrow e Sean Manning ainda compunham material para o que viria a ser “Terrified”, o guitarrista resolveu deixar a banda para trabalhar com o Hurricane. A vaga foi ocupada por Carlos Cavazo, que já estava de boa com DuBrow novamente. Pat Ashby também saiu e deu lugar a Bobby Rondinelli. Essa formação gravou parte de “Terrified” até que Rondinelli vazou para o Black Sabbath. Frankie Banali retomou o posto – e ainda passou a trabalhar como empresário – e o nome Quiet Riot voltou a ser usado.

O primeiro disco do retorno do Quiet Riot é tão sóbrio e focado quanto “Metal Health” – talvez, até mais. A banda retomou sua pegada característica, que oscila, de forma quase consciente, entre o hard rock e o heavy metal. Um som pesado, mas, ao mesmo tempo, cativante.

Alguns dos melhores momentos desse disco contam com a co-autoria de Sean Manning: “Rude Boy”, “Psycho City” e “Rude, Crude Mood”. O hard canastrão “Dirty Lover” e a versão para “Itchycoo Park”, cover do Small Faces, também se destacam.

Ainda em 1993, o Quiet Riot também lançou “The Randy Rhoads Years”, uma coletânea com faixas dos tempos em que o guitarrista Randy Rhoads integrava a banda. O material foi remixado e as vozes, regravadas.

“Down To The Bone”

Em 1994, Kenny Hillery saiu e Chuck Wright retornou ao baixo. A formação responsável por “QR III” estava de volta, contudo, o registro feito por ela não se comparou ao trabalho de quase uma década atrás. “Down To The Bone” (1995), segundo álbum pós-anos 80, manteve a essência de “Terrified”: a união orgânica entre hard rock e heavy metal.

Alguns elementos simpáticos ao classic hard rock, da década de 1970, também começaram a aparecer, ainda que sempre turbinados pelo timbre de Carlos Cavazo e pela bateria potente de Frankie Banali. “Pretty Pack O’ Lies”, feita pelo compositor externo Ron Day, e a faixa título do álbum refletem essa pegada.

“Alive And Well” e “Guilty Pleasures”

“Alive And Well” (1999) sacramentou o retorno de Rudy Sarzo ao baixo e uma pegada que passou a abordar mais o hard rock, bem como algumas pitadas do glam rock do qual o grupo foi adepto em seus primeiros anos. Seis músicas registradas pela banda na década de 1980, incluindo os dois covers clássicos do Slade, foram regravadas: “Sign Of The Times”, “Don’t Wanna Let You Go”, “The Wild And The Young”, “Mama Weer All Crazee Now”, “Cum On Feel The Noize” e “Bang Your Head (Metal Health)”. Há, ainda, uma versão para “Highway To Hell”, do AC/DC.

“Guilty Pleasures” (2001), na sequência, acabou por se tornar o primeiro – e único – disco da formação clássica reunida. E, curiosamente, é o registro mais fraco feito entre as décadas de 1990 e 2000. O ponto mais negativo a ser destacado é a produção, que “estragou” algumas músicas que poderiam ser boas e evidenciou o quanto outras canções eram dispensáveis.



Fim, recomeço e “Rehab”

Dois meses antes de um disco ao vivo, intitulado “Live In The 21st Century” (2003), chegar a público, o Quiet Riot encerrou suas atividades de forma abrupta. Em maio de 2004, Kevin DuBrow lançou “In For The Kill”, seu único disco solo, cuja tracklist é composta somente de covers. No mesmo mês, o Quiet Riot anunciou seu retorno, com Alex Grossi na guitarra e Chuck Wright no baixo, além de DuBrow e Frankie Banali.

No entanto, a banda não se firmou. Entre 2005 e 2006, quatro guitarristas (Grossi, Neil Citron, Billy Morris e Tracii Guns) e dois baixistas (Wright e Wayne Carver) diferentes passaram pelo Quiet Riot até que “Rehab” (2006), enfim, começasse a ser gravado – e, diga-se de passagem, com um músico de estúdio, Tony Franklin, no baixo. Grossi e Neil Citron se alternaram nas gravações das guitarras.

Toda essa bagunça nos bastidores do Quiet Riot poderia ter se refletido em “Rehab”, mas não foi o caso. Curiosamente, trata-se de um dos discos com direcionamento musical mais evidente. O grupo mergulhou de vez em influências mais clássicas, como o hard rock setentista, o blues e a soul music. O background era esperado, visto que Kevin DuBrow compôs parte do álbum com a ajuda de Michael Lardie (Great White) e Glenn Hughes – este, chegou a cantar e tocar no cover de “Evil Woman”, original do Spooky Tooth.

“Rehab” é marcado por adotar uma produção ainda mais sóbria. Efeitos mais secos, voz principal em primeiro plano e inserções de gaita, vocais femininos e órgão são algumas das características do disco.



Morte e continuação

Após o lançamento de “Rehab”, o Quiet Riot caiu na estrada, com Alex Grossi e Chuck Wright de volta. Porém, pouco mais de um ano após o disco chegar a público, Kevin DuBrow foi encontrado morto – para ser mais exato, no dia 25 de novembro de 2007. Ele sofreu uma overdose de cocaína e seu corpo ficou trancado no apartamento onde morava, em Las Vegas, por seis dias, até que fosse localizado.

O Quiet Riot encerrou suas atividades em 2007, mas foi novamente retomado – desta vez, por Frankie Banali – em 2010. Alex Grossi e Chuck Wright o acompanharam nessa empreitada, que já contou com cinco vocalistas: Mark Huff, Scott Vokoun, Jizzy Pearl, Seann Nicols e James Durbin. O dispensável disco “Quiet Riot 10” chegou a público em 2014, enquanto “Road Rage” será lançado em agosto de 2017, após ter sido regravado por Durbin devido à saída de Nicols.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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