O charme da parceria Queen + Paul Rodgers

Há uma certa pompa na parceria dos remanescentes do Queen, Brian May e Roger Taylor, com Adam Lambert. Deu liga, é inegável. Mas existe uma série de elementos que permitam uma conexão mais forte entre o projeto e o público. Algo que vai além do musical.
Características de Adam Lambert como a própria persona, o estilo vocal e a relação dele com o público se assemelha, guardadas as devidas proporções, com as do insubstituível Freddie Mercury. Além disso, o cantor surgiu em um reality show muito conhecido – “American Idol” –, é americano – ou seja, cria-se uma “afinidade” com os Estados Unidos, que nem sempre deu a popularidade que o Queen merecia – e sua relação com a música pop promoveu a união Queen + Adam Lambert com o público que está ligado ao universo pop – até mesmo pela imprensa especializada neste gênero.
A aceitação da parceria Queen + Adam Lambert, no entanto, ofuscou outra tentativa, já passada: Queen + Paul Rodgers. Brian May e Roger Taylor se juntaram ao vocalista, consagrado por trabalhos com o Free e o Bad Company, em 2004. Ficaram juntos até 2009. De acordo com Rodgers, “durou mais que o esperado”, pois “era para ser apenas uma turnê europeia, por diversão”.
Hoje leio muitas críticas em relação à parceria entre Queen e Paul Rodgers, especialmente quando se compara com a atual tentativa, com Adam Lambert. Alguns dos argumentos são justos. O background de Rodgers, mais bluesy, é muito diferente do Queen e toda a sua pegada operística. Outros, no entanto, desmerecem a ousadia dos envolvidos em sair da zona de conforto.
Queen e Paul Rodgers fizeram duas turnês mundiais que renderam bons registros: “Return of the Champions” (2005) e “Live in Ukraine” (2009). Nas tours, obviamente, imperava o repertório do Queen. Mas algumas pérolas da extensa discografia do cantor também apareceram. Algumas faixas clássicas do Queen, na minha visão, caíram muito bem na voz de Rodgers, como “Fat Bottomed Girls” e “I Want It All”. Já as mais performáticas, como “The Show Must Go On”, parecem ter algo faltando. Do lado da banda, sem defeitos: Brian May, Roger Taylor e os demais fazem bonito nas canções de projetos passados do vocalista, como “All Right Now” (Free) e “Feel Like Makin’ Love” (Bad Company).
Um disco de estúdio também foi produzido durante os anos de parceria. “The Cosmos Rocks” tem, inicialmente, uma digestão difícil. Mas o estilo de Rodgers prevaleceu no momento autoral. É divertido ouvir especialmente Brian May em uma proposta mais blues, com a guitarra em um plano principal – e muitos momentos com violões também. E ele se sai bem, assim como Roger Taylor, que não brilha tanto nos backing vocals como costumava nos álbuns do Queen, mas não peca com as baquetas em mãos.
Há um “quê” de incompreensão em relação à parceria Queen + Paul Rodgers. Talvez por ser mais experimental e ousada do que a atual encarnação, com Adam Lambert. No entanto, vale olhar novamente para a proposta com atenção. Até porque, se é difícil imaginar Lambert, Brian May e Roger Taylor com um disco de inéditas hoje em dia, fica ainda mais complicado mentalizar algo tão fino como “The Cosmos Rocks”.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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