O “SuperStar” estreou no começo de abril com um objetivo complicado, mas evidente: substituir o “The Voice Brasil” quando está fora de temporada. A proposta do “SuperStar” é trabalhar com bandas, enquanto o “The Voice” é destinado a cantores. Além disso, a TV Globo queria aproveitar o hype em torno de Fernanda Lima, reverenciada dentro e fora do Brasil por, involuntariamente, seduzir os marmanjos em eventos ligados à Federação Internacional de Futebol (Fifa).
O programa também seria um dos primeiros – ou provavelmente o primeiro – da televisão brasileira a contar com interatividade apenas por meio de dispositivos móveis. A votação acontece por meio de smartphones, em um sistema que, curiosamente, deu problema logo no primeiro dia de audições.
Tinha tudo para dar certo. Mas passou longe disso. “SuperStar” enfrentou baixos índices de audiência e vai passar por mudanças na próxima edição. A primeira deve ser o dia: será transmitido às terças-feiras e não aos domingos, de acordo com informações do colunista Flávio Ricco. Outras, mais estruturais, devem ser anunciadas posteriormente.
Apesar dos jurados do “The Voice Brasil” forçarem bastante a barra, eles têm um pouco de carisma. Já o júri do “SuperStar”, composto por Dinho Ouro Preto (Capital Inicial, Fábio Jr e Ivete Sangalo, deixa a desejar em diversos campos. Os principais são a falta de carisma e de objetividade nas análises.
Para quem não está ambientado a ouvir termos técnicos e jargões da área musical, “SuperStar” pode soar confuso. “Riffs”, “licks”, “ganchos” e “oitavas” são alguns dos termos utilizados pelos jurados, que não conseguem passar a informação de forma objetiva ao público. E mesmo com vocabulário segmentado, o júri não sai do lugar comum nas análises. Basicamente, falam a mesma coisa várias vezes. Esse problema melhorou um pouco ao longo do reality, mas dificilmente será eliminado.
Muitas análises, aliás, evidenciaram o cantor e deixaram a banda de lado. Ou seja, em diversos momentos, a sensação era a de que o importante mesmo era o cantor, como no “The Voice Brasil”. Até mesmo a produção do reality show deixa os grupos em escanteio, pois, com exceção dos vocais, tudo é gravado anteriormente. Ou seja: os instrumentistas fingem que tocam, enquanto o som rola. É tudo playback, exceto pelas vozes. Soa falso, engessado e pouco autêntico.
“SuperStar” deixa um legado positivo em relação à motivação, para que bandas invistam em trabalhos próprios, busquem profissionalização e tenham, de fato, uma brecha para estarem disponíveis a um grande público. A TV Globo disponibiliza, com este reality show, um espaço raríssimo com tamanha amplitude e em cadeia nacional.
Os espectadores do “SuperStar” ainda não estão preparados para canções de autoria própria dos grupos em um reality show do gênero. A queridinha Move Over deixou o programa às vésperas da final por uma música própria não ter convencido, enquanto que, nos covers, ocupava sempre as primeiras posições nas votações. Mas não deixa de ser uma proposta interessante – até porque, com muito talento, a banda Malta convenceu (e venceu) com muitos sons próprios. Aos poucos, o público pode ser “reeducado”.
Espero que todas as bandas participantes do “SuperStar”, bem como a próxima edição do programa, tenham sucesso. O Brasil precisa disso.