Com hard setentista de primeira, novo disco do Rival Sons está entre melhores do ano

Rival Sons: “Great Western Valkyrie” (2014)

O Rival Sons cresceu de forma bem rápida. E produtiva. O grupo californiano existe desde 2009, do que sobrou do Black Summer Crush, e, desde então, lançou quatro discos. Algo raro em tempos atuais, se for avaliado que as bandas passam muito tempo na estrada para rentabilizar de fato o trabalho delas – discos compõem uma parcela pequena do faturamento.
Não é só isso que assemelha o Rival Sons às bandas do passado. Na verdade, esse é o menor detalhe. A característica mais marcante que dá a perspectiva vintage ao grupo é, obviamente, a sonoridade. O hard rock praticado pelo quarteto é bem típico da década de 1970, com certa influência do blues.
O trabalho da banda, que já agradava nos discos anteriores, pouco foi modificado em “Great Western Valkyrie”, o quarto da discografia e o primeiro com David Beste no baixo. “Head Down”, de 2012, chamou muita a atenção pela veia retrô apresentada. No disco mais recente, com exceção de passagens mais maduras, a característica foi mantida – para deleite dos saudosistas.
Não apenas dos saudosistas: o Rival Sons também agrada a fãs de vertentes mais contemporâneas, pois a voz de Jay Buchanan, mais limpa e aveludada, se encaixa mais nos padrões atuais. De resto, dá para confundir com o trabalho de bandas como Free, Black Crowes, The Doors e especialmente Led Zeppelin, ainda mais pela bateria de Mike Miley. Ele, aliás, gera dúvidas: seria um irmão perdido de Jason Bonham? O estilo é muito semelhante ao de John.
O disco começa frenético com “Electric Man” e mantém a essência do hard setentista nas próximas três faixas: “Good Luck”, “Secret” e “Play The Fool”. Sequência formidável, com instrumentais incríveis. Beste mostra que merece a vaga no baixo. “Good Things”, mais calma e com quase seis minutos de duração, evidencia ainda mais os dotes vocais de Buchanan e os solos de Scott Holiday. O single “Open My Eyes” é um hard rock denso e visceral, mas com ganchos melódicos e um refrão sensacional. Arrepiante.
“Rich And The Poor” tem uma melodia embrulhada e levemente intragável, o que a deixa um pouco para trás em relação ao que foi apresentado. “Belle Starr” é um hard com veia épica, cujo andamento muda várias vezes. Tipicamente zeppeliano. Na balada “Where I’ve Been”, Buchanan volta a brilhar, com muito feeling. “Destination On Course” finaliza o trabalho com um blues rock agradável e nova ótima performance de Holiday. Só cortaria o final da canção, pois deixou de ser original ao prestar tributo excessivo ao Led Zeppelin.
Letras bem feitas, vocais bem trabalhados, bateria ao estilo Bonzo, passagens e riffs sincronizados entre guitarra e baixo, meia-lua presente em diversos momentos e tímidas, porém decisivas aparições de órgão. “Great Western Valkyrie” é coeso, divertido e cai bem logo na primeira audição. O Rival Sons vai ser grande se continuar nesta linha.

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Nota 9

Jay Buchanan (vocal)
Scott Holiday (guitarra)
Dave Beste (baixo)
Michael Miley (bateria)

Músicos adicionais:
Ikey Owens (teclados)
Mike Webb (teclados em 9)
Kristen Rogers (apoio vocal)

01. Electric Man
02. Good Luck
03. Secret
04. Play The Fool
05. Good Things
06. Open My Eyes
07. Rich And The Poor
08. Belle Star
09. Where I’ve Been
10. Destination On Course

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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