Rick Rubin tem uma abordagem diferenciada em estúdio. Famoso por seus métodos pouco convencionais, o lendário produtor já foi alvo de críticas por nomes como Geezer Butler (Black Sabbath) e Corey Taylor (Slipknot). Por outro lado, com o System of a Down — banda com quem colaborou em toda a discografia — a parceria deu certo.
Funcionou tão bem que Daron Malakian nem mesmo trabalhou com qualquer outro produtor em sua carreira, preferindo, em vez disso, assumir a produção de seus próprios projetos no Scars on Broadway. Conversando com o podcast On The Record, do site Ultimate Guitar, o guitarrista e vocalista explicou o motivo.
Segundo o músico, é compreensível que alguns artistas não se adaptem à conduta de Rubin — que já admitiu não saber tocar instrumentos nem operar uma mesa de som. Porém, justamente a liberdade trazida pelo profissional, somada aos pequenos conselhos, encaixaram no processo de criação do integrante:
“Ele tem um estilo próprio. Algumas pessoas gostam, outras que já trabalharam com ele pensam diferente. Mas funcionou com a gente, e funcionou comigo tanto como compositor quanto como produtor. Foi simplesmente um bom encaixe. Eu não preciso que alguém segure minha mão durante todo o processo. O que eu busco é a opinião de alguém que eu respeito, e eu respeito a opinião dele, respeito o gosto dele e é isso que ele apresenta. Ele mesmo já disse: ‘eu não sou um cara técnico, não sou músico, mas eu trago meu gosto, e se isso é algo que você respeita, então eu vou dar minha opinião e você pode aceitá-la ou não’.”
Daron acredita que o grande diferencial do produtor está na maneira com que ele ajuda a moldar “tantas músicas com apenas uma opinião ou empurrãozinho”. O membro exemplificou:
“Ele ajudou a moldar tantas músicas apenas com uma opinião ou um empurrãozinho, e isso fazia a canção ficar melhor do que era. Uma música tem dois minutos e meio. Então, quando você faz uma pequena mudança nela, você está fazendo uma grande mudança em uma música de dois minutos e meio. Podia ser: ‘ei, repete esse refrão duas vezes em vez de uma’ ou até questionar: ‘está boa o suficiente?’.”
Para o guitarrista, isso ficou claro em “Lost in Hollywood”, faixa do disco “Mezmerize” (2005). Foi por causa do produtor que o músico refletiu e acrescentou todo o trecho iniciado com “I was standing on the wall feeling ten feet tall” à letra, o que elevou a canção:
“‘Lost in Hollywood’ é uma música do System em que trabalhei para o álbum ‘Mezmerize’. Eu tinha composto a primeira parte da música, mas não tinha composto a parte do meio, que agora é meio que a parte mais épica da canção. Quando eu levei a primeira parte da música, ele simplesmente me disse que não estava pronta, apesar de eu achar que sim. E naquela noite eu cheguei em casa e compus a parte do meio da música e pensei: ‘uau, essa música acabou de se tornar algo realmente f#didamente incrível.’ Eu provavelmente não teria chegado lá se ele não tivesse questionado. Ele não mexeu em nenhum botão. Não deu nenhum conselho técnico. Nem mesmo me disse em que direção seguir para terminar. Ele simplesmente deixou por minha conta. Eu não preciso que ele pinte o meu quadro, mas com certeza ele me empurrou numa direção que tornou o meu quadro melhor.”
A opinião de Shavo Odadjian sobre Rick Rubin
Shavo Odadjian também enaltece a colaboração do System of a Down com Rick Rubin. Durante participação no podcast de Nik Nocturnal em junho, o baixista afirmou que aprendeu muito sobre composições e arranjos com o produtor e que, até hoje, leva consigo os ensinamentos.
De acordo com o próprio, a maior lição está relacionada à estrutura de uma faixa. Conforme transcrição do Ultimate Guitar, o músico explicou:
“Quando se trata de arranjos e músicas, aprendi isso vendo o Rick trabalhar com o System e pela maneira com que todos trabalharam com Rick nos primeiros discos. Eu vi tudo aquilo. Eu estava lá. Estive muito presente em todo processo. Então, a mentalidade de Rick ao compor meio que permanece comigo. E até hoje, componho pensando em como Rick faria os arranjos – não exatamente como Rick faria, mas o jeito como fui ensinado. Meio que virou parte do meu DNA. Basicamente, [sigo] o estilo inicial dos Beatles, onde você tem o refrão, o verso e depois o refrão, e depois o breakdown, o refrão, e acabou.”
Nas palavras do integrante, é preciso pensar de maneira inteligente nos arranjos de uma canção. Só assim o resultado final cativará o público, como opinou:
“Você não pode simplesmente arranjar a música de qualquer jeito. Precisa funcionar. […] Já ouvi músicas que têm riffs legais, mas a banda os colocam um seguido do outro e você simplesmente não consegue acompanhar ou lembrá-los. Depois de ouvir a música, há uns 10 riffs e nenhum é memorável. Se você arranjar uns três ou quatro riffs de uma boa maneira, em que se complementem, então é possível que, quando a música acabe, o ouvinte queira escutar novamente ou já esteja cantarolando [a faixa].”
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