A saída de Tom Fogerty do Creedence Clearwater Revival ficou marcada por tensões. No início da década de 1970, o saudoso guitarrista decidiu deixar a banda devido à insatisfação com o pouco espaço criativo que tinha no grupo liderado pelo irmão John Fogerty.
John admitiu que a atitude o deixou surpreso. À época, o vocalista e também guitarrista disse que até tentou convencer, sem sucesso, o músico a permanecer na formação.
De qualquer maneira, a medida não suavizou os conflitos. A proximidade de Tom com Saul Zaentz, que comandava a gravadora Factory Records, estremeceu ainda mais a relação entre ambos, já que John enfrentou uma tensa disputa judicial com o falecido empresário.
Pouco mais tarde, em setembro de 1990, Tom morreu aos 48 anos de idade em decorrência de uma tuberculose e insuficiência respiratória agravadas pelo vírus da aids. Por mais que os irmãos ainda não tivessem superado as brigas iniciadas na banda, John fez “um esforço” para que, com o falecimento do artista, o perdoasse.
Conversando recentemente com a People (via American Songwriter), o vocalista não escondeu que as ações do familiar o machucaram. Contudo, deixou claro que a decepção ficou no passado:
“Certamente estávamos afastados [quando ele morreu]. Em determinado momento, Tom dizia publicamente que Saul Zaentz era seu melhor amigo. E, claro, aquilo me machucou. Muitos, muitos anos depois, muito tempo após a morte do Tom, eu realmente fiz um esforço consciente para perdoar o Tom por tudo que aconteceu.”
Ao seu ver, caso Tom tivesse sobrevivido, os dois provavelmente perceberiam que o afastamento era um erro e retomariam a parceria musical:
“Se [Tom] tivesse sobrevivido, acho que teria chegado ao ponto em que diríamos: ‘tudo isso é besteira’ e deixado [as brigas] pra lá. Teríamos dito: ‘talvez em algum momento possamos fazer algo juntos musicalmente e realmente tentar deixar isso para trás, percebendo nosso vínculo muito mais forte como irmãos’. Não tivemos essa chance, mas sinto que, pelo menos do meu lado, sempre me senti feliz e positivo em relação ao Tom. A ideia de encontrá-lo na vida após a morte seria algo muito alegre.”
Essa não é a primeira vez que John oferece um ponto de vista positivo a respeito do passado difícil com o irmão. Anos atrás, como compartilhado pelo Rock and Roll Garage, o artista confessou que, num primeiro momento, cultivava sentimentos mistos por Tom, mas que, com o tempo, o desculpou:
“No final da vida, Tom dizia: ‘Saul é meu melhor amigo’. Ele até me escreveu cartas desagradáveis com frases como ‘Saul e eu vamos vencer’. Foi algo muito mal resolvido e muito triste. […] Eu fiquei triste com a morte de Tom. Essa tristeza se misturava a outras emoções. Mas eu perdoei o Tom. Não estou mais com raiva. Eu amo meu irmão. Eu realmente amava os velhos tempos de família, como éramos quando crianças. Está resolvido, e de alguma forma Tom sabe que está tudo bem, onde quer que ele esteja.”
Creedence Clearwater Revival
Composto por John Fogerty (voz e guitarra), Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook (baixo) e Doug Clifford (bateria), o Creedence Clearwater Revival foi fundado na Califórnia em 1959, ainda como The Blue Velvets. Mudou o nome quase dez anos depois, alcançando o estrelato em seguida.
Responsável por sucessos como “Have You Ever Seen The Rain”, “Proud Mary” e “Bad Moon Rising”, o grupo lançou sete álbuns entre 1968 e 1972, e cinco deles emplacou nas paradas americanas. O fim das atividades se deu após conflitos internos gerados especialmente após a saída de John Fogerty – o último álbum, “Mardi Gras” (1972), foi gravado sem ele na formação.
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