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O grande problema do show do Iron Maiden no Rock in Rio 1985, segundo empresário

Rod Smallwood considera a apresentação uma das maiores da história da banda, mas também a descreve como um verdadeiro caos

O Iron Maiden costuma visitar o Brasil com frequência — reflexo do enorme público que conquistou por aqui. Para o empresário Rod Smallwood, a base de fãs tão devota na América do Sul começou a se formar graças à primeira passagem da banda pelo país, durante a edição de estreia do Rock in Rio em 1985.

Porém, apesar de considerar o espetáculo um dos mais importantes da história da Donzela de Ferro, o profissional reconhece o caos da apresentação realizada no dia 11 de janeiro daquele ano. Na ocasião, o vocalista Bruce Dickinson, irritado com as dificuldades técnicas, perdeu totalmente a paciência e até acabou machucando o rosto após quebrar sua guitarra durante a execução de “Revelations”

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A imagem do cantor com a face ensanguentada até virou emblemática. Contudo, segundo Smallwood, foi só consequência do grande problema da performance: o som.

À Classic Rock, ele relembrou mudando certos detalhes:  

“O som no palco estava bem ruim. O Bruce ficou tão frustrado que chutou alguns monitores. Foi aí que ele bateu a cabeça em um amplificador de guitarra e se cortou. O sangue escorria pelo rosto dele. Eu estava na lateral do palco quando o Bruce veio até mim. Eu disse: ‘Tá vendo aquela câmera ali com a luz vermelha acesa? Vai lá e mostra a cabeça bem na frente dela’. O Bruce conta uma versão diferente dessa história. Segundo ele, eu teria mandado um roadie dizer pra ele abrir um pouco mais o corte pra sangrar ainda mais.” 

O empresário descreveu a cena como de “um impacto enorme”. E, em seguida, refletiu:

“A imagem do rosto ensanguentado do Bruce teve um impacto enorme. Depois daquele show, passamos a tocar para no mínimo 40 mil pessoas por noite na América do Sul e isso se manteve desde então. Foi um dos shows mais importantes que já fizemos.”

A versão de Bruce Dickinson 

Ao retornar para o Brasil no início do ano passado para uma turnê solo, Bruce Dickinson concedeu uma entrevista ao programa Conversa com Bial, da Rede Globo. Em meio ao bate-papo, o vocalista assistiu a um breve VT do show do Iron Maiden na primeira edição do Rock in Rio — mais especificamente, o momento em que se machucou ao quebrar a guitarra que empunhava em uma mesa de som.

Ao comentar, o frontman começou lamentando ter destruído o instrumento. Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, disse: 

“Eu adorava essa guitarra, de verdade. Estava irritado com o som que saía dos monitores e a parti ao meio na mesa de som de tão bravo. Mas era minha guitarra favorita e a quebrei. Normalmente, artistas fazem isso no palco.”

Como mencionado, a ação gerou um machucado no rosto de Bruce, que o deixou sangrando. Muitas pessoas imaginavam se tratar de um momento cenográfico. No entanto, era algo real. E, nas palavras do cantor, ganhou aprovação da equipe de apoio.

“Tentei limpar o machucado com uma toalha. Um integrante da equipe se aproximou e falou: ‘Não, não, o manager viu as imagens e pediu para não limpar. Esprema. Dá para sangrar mais?’.”

Na música seguinte, o ferimento já não parecia tão ruim e nem podia ser visto pelo público. Dickinson ainda ressaltou que a alta temperatura fez com que tudo parecesse muito mais grave do que realmente era, já que nem precisou levar pontos.

Já à Kerrang! em 2020, Bruce não mencionou o machucado, mas destacou a apresentação como um dos maiores atos da Donzela de Ferro nos palcos mundo afora. Ainda revelou o nervosismo que enfrentou antes da performance: 

“Foi um show incrível, mas eu estava muito nervoso. Nem consegui dormir depois. Normalmente levo algumas horas para relaxar, mas desta vez estava tão cheio de adrenalina que não passava. A cerveja não teve efeito. Lembro-me de ficar acordado a noite toda, vendo o amanhecer e ainda estar totalmente cheio de energia nervosa. Você não pode fazer coisas assim com muita frequência ou pode acabar morrendo! Quando finalmente me acalmei fiquei esgotado. Lembro-me de pensar depois que não poderia ter feito mais, não havia uma única célula em meu corpo que não estivesse exausta. E você pode ver isso nas filmagens.”

Para o integrante, o concerto exerceu um papel fundamental na relação próxima do Maiden com o Brasil e seus vizinhos:

“Conquistamos um continente inteiro da noite para o dia com aquele show. Ter o alcance e o perfil que construímos na América do Sul foi simplesmente extraordinário. A América do Norte já tínhamos percorrido. Mesma coisa a Europa Oriental – ainda tínhamos a Rússia para ir, mas isso viria mais tarde. Tínhamos ido ao Japão, Austrália e Nova Zelândia. Agora éramos uma banda global! Era um longo caminho desde Bolonha, onde aconteceu meu primeiro show com a banda!

Eu senti como se o mundo tivesse encolhido. Nós meio que conquistamos todos os lugares. Mas foi um trabalho árduo. A World Slavery Tour foi ótima, mas em um nível pessoal eu pensei, ‘Bem, está tudo muito bem, mas não posso continuar com outra turnê de 13 meses.’ Acabei viajando no banco de trás criativamente no álbum seguinte, Somewhere In Time, porque eu estava basicamente acabado. Achei que poderia até sair. Não foi o que aconteceu, é claro, embora aquela turnê tenha me deixado completamente esgotado. Mas o Rock In Rio foi simplesmente inacreditável.”

Iron Maiden e o Rock in Rio

O Iron Maiden se apresentou na primeira noite do Rock in Rio inaugural, 11 de janeiro de 1985. A banda realizou uma pausa na perna americana da “World Slavery Tour” exclusivamente para tocar no evento. Ao contrário do protocolo de cada atração realizar dois shows, o grupo fez apenas um por conta dos confrontos de agenda. Apenas outra artista também tocou só uma vez, Rita Lee.

Na ocasião, o Queen era a atração principal, com o Whitesnake sendo mais um estrangeiro no lineup do dia. Representaram a música nacional Ney Matogrosso, Erasmo Carlos e Pepeu Gomes e Baby do Brasil – então Baby Consuelo. Exceção ao casal, que mudou o setlist na hora e explorou as habilidades guitarrísticas de Pepeu, todos foram hostilizados pelo público.

A banda ainda voltaria ao festival nas edições de 2001 – quando gravou um álbum e vídeo ao vivo –, 2013, 2019 e 2022.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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