Entre toda a discografia do Black Sabbath, Ian Astbury é especialmente um grande fã do disco “Vol. 4” (1972). Na opinião do vocalista do The Cult, o quarto disco de estúdio da banda, além de ser o seu favorito, tem um aspecto surpreendente ao trazer uma canção que soa como um “hip hop perfeito”.
A música em questão é “Snowblind”, uma declaração ao amor do grupo pela cocaína e o quase título do projeto — se a gravadora não tivesse barrado a ideia. Ao canal Lipps Service, Astbury descreveu a faixa como “impressionante” e, conforme transcrição da Ultimate Guitar, explicou por que ela parece ter sido inspirada no gênero musical mencionado.
Ele disse:
“Acho que o Sabbath fazia parte da vida de todo mundo. Eu era obcecado pelo ‘Vol. 4’. Muito obcecado mesmo. Cada vez que eu via esse disco, comprava. Eu tinha vinil de todos os lugares, fita cassete, vários formatos. E eu reuni tipo umas 30 cópias do ‘Vol. 4’. ‘Snowblind’ é impressionante. A pausa na música, o ritmo da pausa, a cadência, a forma como tudo está posicionado, é perfeita. É como uma faixa de hip hop perfeita.”
Em sua autobiografia “Eu sou Ozzy” (2011), Ozzy Osbourne descreveu “Vol. 4” como um dos melhores discos do Sabbath. De acordo com o saudoso vocalista, ele e os colegas queriam criar um álbum do qual tivessem orgulho e, para isso, tentaram justamente sair da zona de conforto:
“Pra mim, ‘Snowblind’ foi um dos melhores álbuns que o Black Sabbath já fez, embora a gravadora não tenha deixado a gente manter esse título, porque naquela época a cocaína era um assunto delicado e eles não queriam lidar com uma possível polêmica. […] Mas a gente ainda se importava muito com a música. Queríamos impressionar a nós mesmos antes de impressionar qualquer outra pessoa. Se os outros gostassem do que estávamos fazendo, ótimo, era um bônus. Foi assim que acabamos criando músicas como ‘Changes’, que não soava como nada que já tivéssemos feito antes.”
Black Sabbath e “Vol. 4”
O Black Sabbath ousou ao gravar seu quarto álbum de estúdio, “Vol. 4”. Além de ser um trabalho criativo e experimental, que expandiu os limites do heavy metal que a própria banda ajudou a criar, o disco ficou marcado por seu processo de gravação regado à cocaína.
À Rolling Stone em 2021, Geezer Butler relembrou da clássica “conta do traficante”. Na ocasião, destacou que “o álbum custou aproximadamente US$ 65 mil e a conta da cocaína custou US$ 75 mil”.
Por sua vez, Ozzy Osbourne mencionou como a música “Snowblind”, um dos maiores clássicos do projeto, é uma verdadeira declaração de amor à substância. Ele explicou:
“Fizemos ‘Snowblind’ porque aquela era a descoberta mais incrível de nossas vidas. Achávamos que o sucesso era aquilo, mas acabou se tornando nosso maior inimigo. Entramos de cabeça e foi horrível. Agora penso: ‘o que diabos eu estava pensando au achar que aquela havia sido uma noite das boas?’. A noite nunca acabava. Você ainda estava naquela noite já na manhã seguinte.”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.
