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O disco dos Beatles que soa diverso, mas ingênuo, segundo Ringo Starr

Ao longo dos anos, baterista criticou a mixagem do álbum, como também a experiência de gravá-lo, apesar de considerá-lo um bom trabalho

Dentre a discografia dos Beatles, Ringo Starr tem seus trabalhos favoritos. Enquanto que álbuns como o apelidado White Album (1968) e Abbey Road (1969) são elogiados pelo baterista, um disco em específico incomoda o músico — fato que ele já expressou publicamente. 

Durante uma entrevista publicada pela Interview Magazine em 2015, o artista trouxe o tópico e explicou por que não é o maior fã do consagrado Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967). Ao seu ver, o projeto é “diverso”, mas, ao mesmo tempo, “ingênuo”, como opinou: 

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“Estava ouvindo o ‘Sgt. Pepper’ de novo […]. Fiquei realmente impressionado novamente. Fazia tanto tempo que eu não ouvia que a diversidade das músicas me surpreendeu. Mas também soa meio ingênuo, na verdade.”

Tom Petty, que conversava com o baterista na ocasião, pediu para que ele detalhasse o motivo pelo qual considerava o material “ingênuo”. Ringo, então, declarou:

“[Ingênuo] pela produção e pelo nível da tecnologia na época. Também pela mixagem.”

Segundo o saudoso Keith Allison, baixista que trabalhou com o músico, Ringo achava que a mixagem original havia apagado o som da bateria. Justamente por isso, Starr gostou da versão remasterizada de 50 anos lançada em 2017, como pontuado à época

“Ele achou a versão remasterizada ótima. Porque originalmente o álbum foi gravado em um gravador de 4 canais, com muitos overdubs, o que acabou soterrando a bateria. Agora, a bateria foi realçada e aparece como deveria. Ele ficou satisfeito.”

Ringo Starr e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”

Em 1977, Ringo Starr concedeu uma entrevista a Elliot Mintz, à época na rádio Innerview. O jornalista era um conhecido do Fab Four por ter sido o assessor de imprensa de John Lennon e Yoko Ono logo após o rompimento do quarteto. 

Em determinado momento, veio à tona a opinião do baterista sobre o “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Aqui, ele trouxe outras justificativas para a “implicância” com o disco, como o fato de ter sentido-se como um “músico de estúdio” durante o processo: 

“Veja, eu nunca gostei muito do ‘Sgt. Pepper’. Acho que é um bom álbum. Todo o trabalho que fizemos é bom. Mas acho que me senti como um músico de estúdio nele. Colocamos tanta coisa — cordas, metais — e por isso, ficava dias parado no estúdio, enquanto faziam overdubs de outras partes. É um bom álbum, mas, emocionalmente, eu prefiro o ‘Abbey Road’ e boa parte do ‘White Album’. E também os primeiros discos, por motivos diferentes.”

Num outro bate-papo, compartilhado pela Far Out Magazine, o integrante reconheceu a grandiosidade do disco e até mesmo elogiou a experiência de gravá-lo. Contudo, novamente, não escondeu a preferência: 

“O ‘Sgt. Pepper’ cumpriu o seu papel. Foi o álbum da década, talvez do século. Foi muito inovador, com ótimas músicas. Participar dele foi uma experiência incrível, e fico feliz por ter feito parte disso. Mas o ‘White Album’ acabou sendo um disco melhor para mim.”

Beatles e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”

Lançado em 26 de maio de 1967, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” foi o oitavo trabalho de inéditas dos Beatles em sua discografia britânica. Representou uma quebra de vários paradigmas no mundo pop, inovando em aspectos de produção, arte e promoção.

É considerado o momento em que os álbuns passaram a ter um sentido mais amplo, indo além de uma simples compilação de músicas sem linearidade, estabelecendo os padrões do que viriam a ser os futuros trabalhos conceituais.

A banda que dá nome ao play é uma ideia de Paul McCartney, visando estabelecer um alter ego que permitiu ao Fab Four experimentar com outros estilos fora do contexto em que se encaixavam.

Vendeu mais de 32 milhões de cópias, chegando ao topo das principais paradas do planeta. No Brasil, ganhou disco de ouro. Foi o primeiro álbum de rock a ganhar o Grammy na categoria Disco do Ano – além de ter faturado outras três estatuetas.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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