Em outubro do ano passado, o guitarrista Chris Stein confirmou que o Blondie preparava um novo disco de estúdio. Sem dar muitos detalhes, o integrante sugeriu o envolvimento do produtor John Congleton e lançamento para 2025.
Porém, no último mês de abril, a banda perdeu um de seus integrantes. Aos 70 anos, o baterista Clem Burke morreu após uma batalha contra o câncer.
Um comunicado divulgado à época descreveu o membro como “o coração do Blondie” e “fonte de inspiração dentro e fora do palco”. Por isso, diante da perda expressiva, Debbie Harry quer encerrar a trajetória do grupo nos palcos.
Conversando com a Vanity Fair, a frontwoman revelou que não consegue enxergar a banda voltando à estrada sem o saudoso colega, com quem tocaram pela última vez em junho de 2024, no festival Belsonic. Além disso, o fato de que Chris não participou das apresentações mais recentes por causa de problemas cardíacos — sendo substituído por Glen Matlock, baixista do Sex Pistols — pesou para a cantora na decisão.
Ela explicou:
“Acho que o que mais me faz chorar são os relacionamentos, a sorte e o privilégio que tive de trabalhar com pessoas maravilhosas, diferentes e talentosas. Mentes brilhantes. Minha lista vai parecer bem curta, mas ter trabalhado com Chris e Clem por tantos anos — especialmente o Chris — é algo extraordinário. Manter uma banda de rock unida por 50 anos foi como um casamento, e é triste que, com a partida do Clem e sem o Chris no palco, não consigo me imaginar no palco como Blondie, mesmo sendo o rosto do Blondie. Mas tenho orgulho da música e ainda gostaria de fazer música.”
Ainda assim, a possibilidade de disponibilizar um novo material para o Blondie continua de pé. Segundo a revista, o disco sucessor de “Pollinator” (2017) deve sair no outono do hemisfério norte — entre setembro e novembro nos Estados Unidos.
Ao que parece, a produção de uma cinebiografia também está em andamento. Sobre os novos projetos, Harry revelou que enfrentou um bloqueio com a morte de Clem. Agora, porém, vivencia um “processo de cura”:
“Passei por um momento de bloqueio: a turnê acabou, o Clem morreu, e eu pensei: ‘qual é a minha realidade agora?’. Estou me curando, passando pelo processo de cura […]. Preciso respirar, deixar o ar entrar. E quero sentir aquela fagulha de criatividade, surpresa— esse tipo de coisa.”
Sobre Clem Burke
Clem Burke entrou para o Blondie em 1975 – substituindo Billy O’Connor – e era até 2025 o terceiro integrante mais longevo do grupo, atrás apenas da dupla fundadora, Debbie Harry e Chris Stein. A banda nunca gravou com outro baterista.
Em meio à extensa lista de colaborações externas ao Blondie, mencionada no comunicado, chama atenção um de seus vínculos mais curtos. Por um breve período em 1987, ele foi baterista dos Ramones após a saída abrupta de Richie Ramone. Realizou apenas duas apresentações para ajudar os amigos, sob o nome Elvis Ramone.
O músico era também um ávido defensor dos efeitos positivos de tocar bateria. Em 2008 foi revelado que Burke participou de um estudo de oito anos conduzido pelas universidades de Gloucestershire e Chichester sobre a bateria. Neste, se analisaram os efeitos fisiológicos da prática do instrumento e o preparo físico necessário para se tocar profissionalmente.
Por sua participação, ele recebeu um doutorado honorário pela Universidade de Gloucestershire. No mesmo ano, o músico deu início ao Clem Burke Drumming Project, para estudar os efeitos positivos de tocar bateria na saúde física e mental das pessoas.
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