Durante a década de 1990, o Dream Theater enfrentou problemas com sua gravadora. Na época, os músicos alegaram que a East West Records tentou exercer um controle excessivo sobre o trabalho da banda — o que, segundo Mike Portnoy, resultou em um álbum no qual ele sente que “se venderam”.
Lançado em setembro de 1997, o disco em questão é o “Falling Into Infinity”. Durante recente participação no podcast Q with Tom Power, o baterista trouxe novamente o assunto à tona.
Nas palavras do integrante, após o sucesso da faixa “Pull Me Under”, a gravadora queria replicar a todo custo o mesmo desempenho, o que passou a afetar os projetos sucessores. Conforme transcrição da Ultimate Guitar, o músico refletiu sobre o cerne do grupo, que, ao seu ver, não se encaixava nos padrões comerciais e afirmou:
“Não fomos feitos para ser uma banda de rádio. Não fomos feitos para tocar nas rádios ou na MTV. Foi um acaso. Então, quando fizemos os álbuns seguintes, começamos a descobrir que a gravadora ainda queria um sucesso semelhante. E pensávamos: ‘eles não assinaram com uma banda assim.’ Não era isso que deveríamos ser.”
Na tentativa de conseguir alcançar tal meta, o Dream Theater não assumiu a produção do projeto, colaborando com Kevin Shirley. O resultado, para Portnoy, acabou sendo decepcionante em todos os sentidos:
“No fim dos anos 90, nos vimos novamente em uma situação difícil com a gravadora, que não nos dava sinal verde ou trazia produtores externos para tentar moldar nosso som e fazer com que compuséssemos mais hits. E pensávamos: ‘essa não é a essência da banda, precisamos ser nós mesmos’. […] No álbum ‘Falling into Infinity’, fizemos um disco com um produtor e um compositor de fora — e simplesmente fracassou. O público, os fãs, não se conectaram. Parecia que tínhamos totalmente nos vendido, como se estivéssemos fazendo o que fosse preciso apenas para continuar seguindo em frente.”
Assim, a situação ficou tensa ao ponto do baterista querer até mesmo deixar a banda. As coisas só voltaram a melhorar no posterior “Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory” (1999), no qual assinou a produção ao lado do colega e guitarrista John Petrucci:
“Depois daquele álbum, eu estava frustrado. Queria sair da banda. Pensava: ‘por que estamos fazendo isso se não podemos fazer do nosso jeito?’. E aí, finalmente, tiramos a situação a limpo e dissemos à gravadora e ao nosso empresário da época: ‘se quiserem que essa banda continue existindo, precisam sair do nosso caminho, deixem a gente fazer o disco que queremos fazer.’ E assim gravamos ‘Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory’ em 1999 — e esse foi o outro álbum que, mais uma vez, nos salvou.”
Dream Theater, Mike Portnoy e “Falling Into Infinity”
Em inúmeras ocasiões, Mike Portnoy destacou as dificuldades encontradas pelos integrantes na gravação de “Falling into Infinity” (1997). De acordo com o artista, perder o controle criativo à época fez quase com que a banda se separasse, como publicado pela Ultimate Guitar.
Apesar dos esforços em torná-lo um material mais “simples” e comercial, o disco não vendeu como o esperado. A respeito de tal contexto, o baterista relembrou ao site Tramamos no ano passado:
“Teve um período na banda que foi bem frustrante porque durante a metade dos anos 90, a gravadora estava tentando se envolver, encurtar as canções e controlar a nossa música. Foi uma grande frustração que, por muitos anos, foi bem difícil. O álbum ‘Falling Into Infinity’ foi um resultado direto da gravadora tentando controlar a música e encurtar as canções. Porém, foi com ‘Scenes from a Memory’ que conseguimos ter o controle da música novamente. Produzir o álbum nós mesmos e dizer à gravadora que se eles querem a banda, é isso que terão. Mas nem sempre foi fácil.”
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