Basicamente, desde 1994 o Pink Floyd permanece longe dos palcos — com exceção de uma ou outra atividade pontual nos anos seguintes. A última reunião da formação clássica aconteceu em 2005, no festival beneficente Live 8, no Hyde Park, em Londres.
Na ocasião, Roger Waters (voz e baixo), David Gilmour (voz e guitarra), Richard Wright (teclados) e Nick Mason (bateria), que não tocavam juntos desde 1981, tiveram um set de aproximadamente 20 minutos. Assim, apresentaram cinco músicas: “Breathe (In the Air)”, “Breathe (Reprise)”, “Money”, “Wish You Were Here” e “Comfortably Numb”.
Waters, porém, queria ter tocado uma outra canção: “Another Brick in the Wall Pt. 2”, presente no disco “The Wall” (1979). Gilmour quem se recusou a colocar a faixa no repertório.
Durante entrevista à Classic Rock, o guitarrista e vocalista revelou o fato e explicou que rejeitou a ideia por não achar a composição apropriada para o evento, cujo intuito era ajudar países mais pobres, sobretudo do continente africano. Ele justificou:
“Roger queria tocar ‘Another Brick in the Wall’, mas eu não achei apropriado. Era um evento para a África e eu realmente não achava que crianças pequenas na África devessem cantar ‘we don’t need no education’ (‘não precisamos de educação’). Não havia discussão sobre isso. Eu estava totalmente certo.”
Pink Floyd, David Gilmour e “Another Brick in the Wall”
“Another Brick in the Wall” foi criada como uma composição de três partes. Na primeira, o protagonista Pink começa a construir um muro metafórico ao seu redor após a morte do pai. A segunda se concentra no sistema educacional rigoroso e nos professores abusivos. Na derradeira, o personagem se livra de todos.
Algumas pessoas se incomodaram especificamente com o início do refrão de “Another Brick in the Wall Part 2”. Afinal de contas, o que fica marcado na mente de quem escuta é a frase “We don’t need no education” – “Não precisamos de educação”, em uma tradução simples para o português.
O próprio David Gilmour reconhece o peso das palavras. Em depoimento à BBC, resgatado pelo Far Out Magazine, o guitarrista e vocalista admitiu:
“Roger diria que tudo está no contexto, e suspeito agora que não tenho certeza de quão boa foi a ideia de lançar algo assim como single.”
Ainda assim, o músico admite ter ciência da proposta e reconhece a marca da mensagem que o desafeto quis transmitir. Mas mantém o arrependimento – embora, tecnicamente, não pudesse fazer nada para mudar o curso da história, já que não liderava o grupo.
“Precisamos de professores. Roger estava falando sobre o tipo de professor que era bastante comum nas escolas deste país quando éramos crianças, mas acho que não lançaria isso como uma música agora.”
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Eles poderiam ter trocado “We don’t need no education” por “We don’t need that kind of teacher”. Manteria o espírito do protesto sem passar nenhuma mensagem politicamente incorreta.