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Fã reimagina “Music from the Elder” do Kiss: “odisseia completa”

Durando quase duas horas, versão remixada e expandida conta com trechos de demos e até músicas de outras épocas, além de partes novas

Music from the Elder (1981) representa o grande ponto de interrogação da discografia do Kiss, amado por um e odiado por outros – incluindo músicos envolvidos na gravação. Um fã, que certamente aprecia a obra original, reimaginou o conceito vago das músicas para reimaginar e estruturar uma história completa, como um musical.

Kenn Nardi disponibilizou no YouTube o que chamou de “A World Without Heroes – Music from the Elder – Expanded Version”. Na descrição do vídeo, ele explica que é apaixonado pelo álbum original e se dedicou por meses a essa versão, que aproveita trechos de demos, músicas não usadas e até faixas de outras épocas, como “Take Me Away (Together as One)”, do álbum solo de Paul Stanley, de 1978, e “Journey of 1,000 Years”, presente em “Psycho Circus” (1998).

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Com isso, abriu-se uma verdadeira lista de “participações especiais”, que vão desde o baterista Carmine Appice e o guitarrista Bob Kulick — que gravaram a versão original de “Take Me Away (Together As One)” — até Doro Pesch, vocalista alemã que só formaria o Warlock, banda que a tornou famosa, um ano após o lançamento de “The Elder”.

Sobre o projeto em si, Nardi explica ainda que tentou dar mais destaque para a voz de Paul Stanley, que em sua opinião, ficou ofuscada pela de Gene Simmons. O fã disponibilizou uma pasta no Google Drive com os arquivos de áudio e um livreto contendo as letras e as descrições das cenas do musical, bem como os personagens interpretados por cada um dos vocalistas ao longo da trama.

Confira a seguir ou clicando aqui.

O conceito confuso de “Music From ‘The Elder’”

Em “Music from the Elder’”, o Kiss buscou uma sonoridade com influências sinfônicas e uma temática conceitual que nem eles foram capazes de explicar sem se atrapalhar. Gene Simmons foi o artífice e pensava até mesmo em uma trilogia que ainda ganharia versão cinematográfica.

Como se sabe, não deu certo. E ninguém conseguiu entender a trama.

Em depoimento ao livro “The Eric Carr Story” (2011), o produtor Bob Ezrin, que já havia trabalhado com os mascarados em “Destroyer” (1976), até que se esforçou ao explicar. Conforme transcrição do Ultimate Guitar, ele disse:

“Existe uma… não sei se você quer chamar isso de raça, mas existem guardiões em cada geração, que protegem o mundo do mal. São anjos, de certa forma, estão lá para defender o mundo dos demônios. E essa classe de pessoas são uma consciência coletiva atemporal e eterna. Eles são chamados coletivamente de ‘The Elder’. Há esse garoto, que é obviamente um deles. E há o gênio do mal, Sr. Blackwell, que foi uma escolha interessante de nomes, porque o produtor/fundador da Island Records, Chris Blackwell, é um querido amigo meu. Não sei como chegamos a isso, mas acho que na verdade foi Lou Reed quem criou o nome ‘Blackwell’. Tem a ver com ‘black/preto’ e ‘well/poço’, as profundezas do mal e assim por diante.”

Soa quase como algo de “Cavaleiros do Zodíaco”, anime que só seria lançado alguns anos depois. De qualquer modo, Bob conclui:

“Esse é o garoto, a ideia era sequestrá-lo e matá-lo. Mas ele prevalece porque é ‘o garoto’. Ele derrota o malvado Sr. Blackwell, se tornando o herói que salva o mundo. Basicamente é isso. Então, é uma espécie de fantasia de um menino com poderes especiais, daí aquela música, ‘Just a Boy’.”

O projeto, desenvolvido após uma série de problemas internos e álbuns de sonoridade mais pop que não agradaram a todos os fãs, marcou também a estreia do baterista Eric Carr em estúdio. Lou Reed e Tony Powers colaboram como coautores em parte do tracklist. Com o tempo, o disco ganhou status de cult, mas o fracasso mercadológico à época foi tão grande que nem houve uma turnê para divulgação.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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