Bruce Dickinson se orgulha de afirmar que o Iron Maiden executa todo o seu show ao vivo, sem artifícios. Segundo o vocalista, a banda é “meio old school nesse aspecto” e, por isso, não utiliza qualquer tipo de “truque” no palco.
É por isso que o cantor fica irritado ao ver como as backing tracks ficaram populares entre outros grupos atuais. Conversando com a Classic Rock, o artista deixou claro que a Donzela de Ferro precisa ser “cem por cento real” e que a ideia de aderir a recursos pré-gravados transformaria os músicos em uma espécie de “Disneyland”. Ou seja, a performance, ao seu ver, deixaria de ser levada a sério.
Conforme compartilhado pela Guitar.com, Dickinson explicou:
“A ideia de transformar a banda na versão Disneyland do Maiden, usando faixas pré-gravadas, alguns truques… Não. O Maiden tem que ser cem por cento real – e absolutamente feroz.”
Em seguida, o vocalista demonstrou novamente seu descontentamento com as faixas de apoio. Mencionando uma conversa com um fã, Dickinson afirmou que, se um dia precisar apelar para as backing tracks, simplesmente prefere deixar de cantar:
“Recentemente, um cara, um grande fã, me disse: ‘é incrível ver o Maiden ainda na ativa’. Eu respondi: ‘sim, e estamos fazendo isso de verdade’. Não estamos usando afinações mais baixas. Esse cara disse: ‘muitas bandas usam faixas pré-gravadas hoje em dia’. E eu falei: ‘a gente de jeito nenhum’. [O dia em que usarmos faixas pré-gravadas] será o dia em que eu me aposento. Ou o dia em que paramos. Se não for real, não é Maiden.”
Á rádio australiana Triple M em 2023, o vocalista abordou o mesmo tópico e aproveitou para ressaltar que o Maiden também não baixa o tom original nas apresentações – prática comum em bandas veteranas do estilo. Segundo o próprio, “tudo é analógico e real”:
“Todas as músicas aparecem no tom original. Não baixamos, não usamos downtune e coisas assim. Ainda tocamos tudo muito rápido, porque estamos sempre entusiasmados. Sem faixas de clique, time code e todos esses recursos atuais. Vejo muitas bandas agora e digo ‘Espere um minuto. Ei, você cantou isso sem mover os lábios.’ Então há todos esses backing vocals voando para a esquerda, para a direita, para o centro e tudo mais. Mas não fazemos nada disso. Tudo é analógico e real. Somos meio old school nesse aspecto. Mas acho que compensa, porque o público entende que a realidade é cada vez mais rara.”
A explicação de Steve Harris
Steve Harris também reforçou o ponto com uma explicação poética. Ao canal Jaimunji em agosto do ano passado, o baixista afirmou que tanto a Donzela de Ferro quanto o seu outro projeto British Lion nunca usaram faixas de apoio. Conforme transcrição do site Ultimate Guitar, o músico justificou a escolha devido à fluidez e às características flexíveis das canções.
Ele disse:
“Nunca usamos backing tracks com nenhuma das bandas. As músicas gostam de se mover. Elas sobem e descem, vão um pouco para lá e para cá e têm diferentes partes e tons. Elas não são rígidas, como seriam com backing tracks. Nunca usamos isso.”
Para exemplificar a questão, o próprio citou uma apresentação do Maiden em Leeds, na Inglaterra, em junho do ano passado, com a “The Future Past Tour”. Na ocasião, o integrante escorregou e levou um tombo durante a execução de “Stranger in a Strange Land”. Como não havia backing tracks, ele precisou levantar rápido e continuar tocando, para o que o público não fosse “prejudicado”.
Ele relembrou:
“É por isso que eu ri quando eu caí no palco em Leeds durante ‘Stranger in a Strange Land’. Como eu estava tocando um Mi aberto, ainda consegui continuar. E as pessoas pensaram: ‘ah, ele não parou, ele deve estar tocando com as backing tracks’. Bem, eu nunca toquei com uma backing track, mas consegui me levantar rápido de qualquer maneira. Não foi realmente um problema, mas provavelmente soou um pouco mais complicado. Eles provavelmente nunca perceberam que não houve corte.”
Iron Maiden atualmente
O Iron Maiden já tem muitos compromissos agendados para 2025. Celebrando 50 anos de história, a banda embarcará na turnê “Run for Your Lives” pela Europa entre maio e agosto.
Será a primeira série de shows desde a saída do baterista Nicko McBrain, que deu adeus aos palcos nas apresentações realizadas em São Paulo, no Allianz Parque, nos dias 6 e 7 de dezembro. Simon Dawson, companheiro de Harris no British Lion, ocupará a função.
Outros continentes ainda não fazem parte da agenda, mas há expectativas para mais datas. No anúncio, o grupo sinalizou a continuação do giro em 2026 — e durante os shows no Brasil, o vocalista Bruce Dickinson disse que eles retornariam em até dois anos.
A turnê “Run for Your Lives” apresentará um repertório focado nos nove primeiros álbuns. Ou seja: do trabalho de estreia homônimo, de 1980, até “Fear of the Dark”, de 1992.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.