No início dos anos 2000, Andre Matos decidiu deixar o Angra após problemas com o empresário. Com o baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori também saindo do grupo, os três ex-integrantes uniram-se ao guitarrista Hugo Mariutti e formaram o Shaman, cujo primeiro álbum, “Ritual”, chegou a público em junho de 2002.
Ao mesmo tempo, o Angra passou por uma reformulação e iniciou uma nova fase. Com Edu Falaschi assumindo os vocais, além de Felipe Andreoli (baixo) e Aquiles Priester (bateria), a banda lançou “Rebirth”, seu primeiro disco com a nova formação, em novembro de 2001.
Ao relembrar o período no podcast Fala Ordinário, Falaschi admitiu que havia uma guerra aberta movida pela mágoa sentida pelos guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt com relação aos ex-companheiros. Ainda, que o sentimento negativo era recíproco. Mesmo assim, isso não impediu Andre de ouvir “Rebirth” à época e mostrá-lo para os colegas.
Durante recente participação no Ibagenscast, Confessori fez a revelação. De acordo com o baterista, o saudoso vocalista trouxe uma cópia do projeto durante um ensaio do Shaman e pediu a opinião dos outros membros.
Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele disse:
“O Andre veio um dia com o ‘Rebirth’ lá no ensaio. Ele disse: ‘vocês têm que escutar isso aqui’. Ele trouxe o disco pro Shaman, que ainda não tinha lançado o ‘Ritual’, pra todo mundo falar [sua opinião]. Aí rolou uma audição.”
Apesar de não lembrar dos detalhes, o baterista relatou que o cantor ficou incomodado com certos elementos do material, mas realmente gostou da faixa-título:
“Eu não lembro exatamente, mas eu lembro que [quando ouviu] a música ‘Rebirth’ o Andre falou assim: ‘essa música é boa mesmo’. Agora as outras músicas ele já pensou: ‘ah, isso aqui tem aquelas coisas que eu já não gosto, que eu cortava quando falava com o Rafael’. Porque eles foram por muitos anos só os dois compositores do negócio.”
Edu Falaschi e Andre Matos
Também ao podcast Fala Ordinário, Edu Falaschi comentou sobre um encontro que teve com Andre Matos às vésperas do Rock in Rio 2013 – como registrado por Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura. Felizmente, Falaschi conseguiu esclarecer as coisas com o Maestro, que faleceu em 2019, e os dois seguiram em bons termos.
“As vezes que estive com o Andre… não foram muitas vezes, mas sempre foi muito legal, respeitoso. No Rock in Rio, fomos para fazer um comercial e conversamos muito sobre todas essas rixas. Ele falou: ‘fiquei chateado com uma entrevista tal’. Eu falei: ‘mas é f#da, porque você também falou algumas coisas’. Foi um papo muito legal, porque não teve mimimi, não teve barreira.”
Em dado momento da conversa, o sucessor de Andre Matos no Angra reconheceu os méritos do trabalho do colega.
“No fim das contas, falamos para esquecer tudo isso. Falei que não tenho nada a ver com a história dele no Angra. Entrei de gaiato. Disse que ele é um cara f#da, um cara que abriu portas inclusive com o Viper no Japão. Foi o motor para que tudo acontecesse. E falei que eu só estive no Angra por causa dele, que o Angra só existiu porque ele se juntou com o Rafael.”
Angra e “Rebirth”
Divulgado em 13 de outubro de 2001, “Rebirth” marcou as estreias de Edu Falaschi (voz), Felipe Andreoli (baixo) e Aquiles Priester (bateria). Quarto full-length do grupo, o trabalho representou o fim de um misto de agonia e incertezas dos fãs com a estreia de uma nova formação.
Outro elemento renovado da nova etapa do Angra veio na produção, com Dennis Ward, americano radicado na Alemanha e então conhecido como baixista do Pink Cream 69. A aliança se repetiria pelos próximos dois discos, “Temple of Shadows” e “Aurora Consurgens”.
A temática lírica de “Rebirth” girava em torno da reconstrução de um mundo em ruínas. Simbolizava o momento pelo qual o grupo passava. Vendeu quase um milhão e meio de cópias em todo o planeta até hoje. Ganhou discos de ouro no Brasil e Japão.
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