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Left to Die promove homenagem honesta para fãs do Death em Curitiba

Projeto com dois ex-membros de fases iniciais da banda ofereceu repertório focado apenas nos dois primeiros álbuns

Assim como o Death to All, o Left to Die é uma banda com ex-integrantes do Death, celebrando este legado, um dos mais importantes do death metal e da música pesada como um todo. Todavia, este projeto — que está em turnê pelo Brasil nos primeiros dias de 2025 —, tem um recorte bastante específico: apenas executa canções dos dois primeiros discos, a saber: “Scream Bloody Gore” (1987) e “Leprosy” (1988).

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Vindos das formações iniciais do grupo de Chuck Schuldiner, o guitarrista Rick Rozz (ex-Massacre) e o baixista Terry Butler (também membro do Obituary). Curiosamente, nenhum desses dois gravou o disco de estreia do Death. Rozz esteve no “Leprosy” (álbum cujo encarte mostra Butler, mesmo que quem tenha gravado as linhas de baixo tenha sido o próprio Schuldiner), enquanto seu colega participou apenas do terceiro disco, “Spiritual Healing” (1990). Completam o lineup do Left to Die o vocalista e guitarrista Matt Harvey (Exhumed, Gruesome) e o baterista Gus Rios (Gruesome).

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O público de Curitiba, que começou apático — ou contemplativo — nos primeiros momentos da apresentação no Jokers na última quinta-feira (9), só entrou no clima de vez com a décima faixa do setlist: “Regurgitated Guts”, pérola do debut, durante a qual Matt Harvey os intimou para um mosh pit. Foi prontamente atendido.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Inicialmente mais ao fundo da pista, os fãs se aproximaram do palco após um tempo e a carnificina se instaurou no pub localizado no centro da capital paranaense. Sobre a referida música, ela tem um valor especial para os headbangers curitibanos: em 2003, o selo Mondongo Canibale Records lançou o álbum “Together As One (A Tribute to Death)”, com bandas de diversos países, incluindo o Fornication, respeitado nome local na época que regravou justamente essa canção. Membros do já encerrado grupo estavam na plateia.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Mesmo ainda tímido, o público teve certo protagonismo desde o começo, com headbanging e até mesmo cantarolando melodias mais cadenciadas, como a introdução de “Sacrificial” — para o final, dividiram a função de Harvey nos refrães de “Zombie Ritual” (tocada com tamanha fúria que Rios deixou escapar as baquetas em determinado momento) e “Pull the Plug”. O frontman, que já teve outros tributos ao Death no passado, respeita o legado de Schuldiner com paixão, interpretando as faixas de maneira muito similar as versões originais.

O repertório mostrou a fase mais agressiva e brutal do Death, quando ainda tinham letras menos filosóficas que as da fase pós-“Human” (1991). Todavia, em “Open Casket”, por exemplo, era possível vislumbrar o que o Death acabou se tornando posteriormente, com trechos bastante técnicos e passagens intrincadas, sem perder um milímetro sequer de brutalidade. Antes de “Choke on It” (outra com as melodias cantadas pela galera), Harvey pergunta: “is Chuck Schuldiner alive here tonight, Curitiba?”. Com a sonora resposta positiva, o massacre teve prosseguimento.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Em meio à ferocidade musical, um momento descontraído veio com os músicos tocando “Parabéns para você” para Rick Rozz, que completava 58 anos naquela noite. Após executarem o “Leprosy” na íntegra — fora de ordem — e pérolas do “Scream Bloody Gore”, a banda encerrou com “Evil Dead”, clássico do disco de estreia, que inicialmente não estava previsto, repetindo o feito de domingo (5), no Rio de Janeiro. Para que ela entrasse, infelizmente, a faixa-título “Scream Bloody Gore” foi limada.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Em 75 minutos, o Left to Die promoveu uma homenagem honesta e nostálgica para fãs das mais diversas faixas etárias. De crianças — literalmente — a simpáticos senhores cabeludos com mais de 60 anos, todos se uniram em uma noite de sinergia única.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

*O Left to Die se apresenta neste sábado (11) em Limeira (Mirage Eventos) e domingo (12) em São Paulo (Fabrique), após ter passado por Brasília (Toinha, 04/01), Rio de Janeiro (05/01, Rock Experience), Porto Alegre (Gravador Pub, 08/01), Curitiba (Jokers, 09/01) e Belo Horizonte (Mister Rock, 10/01).

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Left to Die — ao vivo em Curitiba

  • Local: Jokers Pub
  • Data: 9 de janeiro de 2025
  • Turnê: Scream Bloody Leprosy Over Latin America
  • Produção: Estética Torta / Open the Road

Repertório:

  1. Leprosy
  2. Born Dead
  3. Forgotten Past
  4. Infernal Death
  5. Sacrificial
  6. Open Casket
  7. Primitive Ways
  8. Choke on It
  9. Torn to Pieces
  10. Regurgitated Guts
  11. Left to Die
  12. Zombie Ritual
  13. Pull the Plug
  14. Evil Dead
Foto: Clovis Roman @clovis_roman

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Clovis Roman
Clovis Romanhttps://acessomusic.com.br/
Em 25 anos de carreira, o jornalista Clovis Roman cobriu e fotografou mais de mil shows pelo Brasil e exterior, assim como realizou centenas de entrevistas e resenhas de discos. Atuou na produção de shows e turnês – inclusive do Angra – em seus anos na produtora Top Link Music. Em 2017, fundou o Acesso Music, no qual atua como jornalista e assessor de imprensa. Em 2020, contribuiu na pesquisa e escrita do livro Andre Matos – O Maestro do Heavy Metal; e é autor do livro Andre Matos – A Obra, em parceria com Gustavo Maiato. Traduziu livros de bandas como Accept, Paradise Lost, Mortification e Iron Maiden; e revisou o relançamento de Sepultura – Os Primórdios, de André Barcinski. Escreveu apêndices para os livros O Reino Sangrento do Slayer, Death – A História de Chuck Schuldiner e a HQ Angra: Renascimento. Contribuiu, de maneira regular ou pontual, com veículos como Rolling Stone, 91Rock, Igor Miranda, Whiplash, Roadie Crew, Rock Brigade, Order News, 89 FM – A Rádio Rock, entre outros.

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