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A reflexão de Dave Navarro sobre a pressão que era tocar no Red Hot Chili Peppers

Guitarrista do Jane's Addiction integrou a banda entre 1993 e 1998 e precisou se acostumar à dinâmica totalmente diferente dos músicos

Dave Navarro integrou temporariamente o Red Hot Chili Peppers. Após deixar o Jane’s Addiction, o guitarrista fez parte da banda entre 1993 e 1998 e chegou a gravar o álbum One Hot Minute (1995). Oficialmente, sua saída ocorreu por “diferenças criativas”. 

Ao relembrar o período, o músico confessou que havia muita pressão dentro do grupo. Conversando com a Guitar Player (via Ultimate Guitar), Navarro admitiu que a dinâmica do RHCP era muito diferente da qual estava acostumado em todos os sentidos, principalmente em relação às influências funk – o que o afetava diretamente. 

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Ele refletiu: 

“Foi muito difícil assumir o papel de guitarrista no Red Hot Chili Peppers. Eles eram muito determinados. Foi realmente uma prova de fogo. De repente, eu precisava trabalhar em outro contexto que tinha influências completamente diferentes, com músicos com quem eu nunca tinha trabalhado na minha vida.”

De certa forma, os desafios eram parecidos com os enfrentados pelo Jane’s Addiction no começo da carreira. A maior diferença estava no fato de que, ao mesmo tempo em que o guitarrista precisava lidar com o novo ambiente e com os novos colegas, tinha que tocar em frente a grandes plateias, como explicou: 

“Estranhamente, foi parecido com o começo do Jane’s Addiction, quando eu convivia com caras que não tocavam as mesmas coisas que eu. Em relação ao Chili Peppers, eu também estava numa banda que não tocava do mesmo jeito que eu. A diferença era que estávamos tocando no Madison Square Garden [risos]. Meu primeiro show foi em Woodstock! A pressão era insana.”

Gratidão

Ainda assim, Navarro deixou claro que é grato pelo tempo no Red Hot. Em suas próprias palavras, conviver com o baixista Flea e o baterista Chad Smith o tornaram um músico muito melhor: 

“Não há dúvidas de que me tornei um guitarrista melhor por ter feito parte da banda. Tocar com Flea e Chad Smith foi uma aula intensiva de musicalidade. Sou muito grato pelo tempo que passei com eles, mas foi bizarro entrar para o grupo, um momento muito bizarro.”

À Metal Hammer em julho de 2021, Navarro já havia dado uma declaração parecida. Na ocasião, afirmou:

Eles são ótimos músicos e me ensinaram muito sobre meu posicionamento como humano e músico. Foi uma experiência incrível ir de uma banda realmente bem-sucedida para outra. Não me arrependo, trabalhamos em algumas coisas muito legais, mas já tinha dado a minha hora. Não me arrependo de nada.”

Dave Navarro e Red Hot Chili Peppers

Durante o podcast “Dark Matter” em 2018, Dave Navarro detalhou os problemas de sua passagem pelo Red Hot Chili Peppers. Segundo o próprio guitarrista, a relação com a banda começou a ficar desgastada em 1997, quando excursionou com o Jane’s Addiction na turnê “Relapse” juntamente de Flea no baixo. À época, para completar, enfrentava um pesado vício contra as drogas.

Ele recordou:

Anthony (Kiedis, vocalista) estava meio perdido. Antes de terminarmos (a música ‘Circle Of The Noose’, que nunca foi lançada oficialmente), Flea veio conosco para a turnê do Jane’s Addiction. Eu estava na banda dele e ele estava me vendo tomar o mesmo caminho que Hillel (Slovak, guitarrista original do Red Hot Chili Peppers que morreu após uma overdose, em 1988). Eles já haviam perdido um guitarrista assim. Então, a turnê com o Jane’s acabou e eu meio que nunca deixei a turnê. Sequer desfiz as malas. Continuei me chapando da mesma forma, fui morar em um hotel, a coisa ficou feia.”

Diante de tal contexto, o músico “não conseguia tocar uma nota sequer”. Naquele mesmo período, o então ex-guitarrista John Frusciante, recém saído da reabilitação, estava sóbrio e seu retorno para a banda parecia estar caminhando – o que de fato aconteceu em 1998. Assim, Navarro logo percebeu que não havia mais espaço para ele no grupo:

“Eu, literalmente, caía em meio a caixas de som [nos ensaios]. Eu não conseguiria [continuar]. Então, eles decidiram seguir por outro caminho e John estava sóbrio, querendo voltar. Fiquei put# com isso, mas ter John de volta fez com que eu ficasse menos put#. O que me deixou put# na época, e não estou mais, é que eu esperei seis meses para Anthony ficar sóbrio, mas ninguém esperou uma semana para que eu melhorasse. Vinte anos depois, eu entendo: Anthony começou a coisa toda, então, é claro que eu não receberia o mesmo tratamento.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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