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Mike Portnoy saiu do Dream Theater bem antes de 2010; conheça história

Crise interna se deu na reta final do século passado e quase acabou gerando um rompimento

Ocorrida em 2010, a saída de Mike Portnoy do Dream Theater foi uma novela que se prolongou por muito tempo até ter o desfecho. Na verdade, o baterista já havia considerado a possibilidade de se retirar em busca de aventuras – como chegou a declarar em algumas oportunidades no período.

O momento mais crítico se deu em 1997. Em declaração à revista Prog em 2019, o instrumentista relembrou o momento em que o grupo lutava para lidar com algumas mudanças, tendo aderido a algumas propostas mais comerciais, incluindo parceria com o hitmaker Desmond Child.

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Lembrou o músico, conforme resgate da publicação:

“Para mim, o Dream Theater chegou ao ponto de tudo ou nada. Durante a turnê ‘Falling Into Infinity’, decidi deixar a banda – e fiz isso por alguns dias. Estávamos na Finlândia e basicamente… Não vou entrar em detalhes, mas estávamos passando por momentos incrivelmente difíceis. Para encurtar a história, a única maneira de colocar o Dream Theater de volta nos trilhos era retomar o controle de quase todas as facetas da banda.”

À época, o grupo sofria os efeitos da saída do tecladista Kevin Moore. Tido por muitos como um dos músicos definitivos do prog metal em seu instrumento, ele foi substituído por Derek Sherinian. Apesar de um exímio profissional, se tratava de alguém com background distante do sucessor.

Portnoy ainda recordou que a gravadora não colaborou, demandando algo que o quinteto não poderia entregar.

“A Elektra tomou o controle da banda à época. Quase acabou nos destruindo.”

A visão de John Petrucci

O guitarrista John Petrucci possui um ponto de vista relativamente diferente sobre o que aconteceu. Ele recorda à revista:

“Essa coisa toda é um pouco uma área cinzenta – Mike estava frustrado com muitas coisas acontecendo, mas nunca se sentou conosco e disse que estava saindo. Não foi como na vez em que ele saiu mesmo, em 2010. Talvez estivesse em seus pensamentos, mas ele nunca tornou oficial.”

De qualquer modo, o outro líder do grupo reconhece que foram tempos esquisitos.

“Havia muita frustração — para todos nós, embora eu não diria que o Dream Theater chegou perto de se separar naquele momento. Mas, você sabe, a perspectiva de cada um é diferente. Por exemplo, Mike odiava fazer mudanças nas músicas quando trabalhamos com Kevin Shirley em ‘Falling Into Infinity’. Ele também não gostou da maneira como o disco foi produzido. Ressentia-se do fato de eu ter passado um dia trabalhando em músicas com Desmond Child. Não querendo tirar nada do ponto de vista de Mike, mas eu não via dessa forma. Eu amava Kevin Shirley. E se trabalhar com um compositor como Desmond era ou não a coisa certa a fazer, eu me diverti muito e foi uma experiência útil.”

A solução dos problemas e o fim da “democracia fake”

Enquanto Portnoy adiava sua saída, o Dream Theater contratou dois pesos pesados ​​da indústria — o empresário do Deep Purple, Bruce Payne, e o representante de Steve Morse, Frank Solomon — para atuar em seu nome, pelo menos a curto prazo, e mais tarde com a gravadora.

Recordou o baterista ao escritor Rich Wilson no livro oficial “Lifting Shadows”:

“Dissemos a Bruce e Frank que não sabíamos se continuaríamos além daquela turnê. John deixou claro para mim que não continuaria sem mim e que, se eu saísse, seria o fim da banda.”

O passo seguinte foi dizer à chefe da Elektra, Sylvia Rhone, que o Dream Theater assumisse a responsabilidade pela produção.

“Frank entrou e jogou duro em nosso nome, dizendo que se a Elektra queria que o Dream Theater existisse, então teria que ser em nossos próprios termos. Isso significava não ouvir a música até que ela estivesse pronta e nos deixar em paz. Era imperativo que recuperássemos a confiança do nosso público.”

Enquanto isso, o resto da banda também concordou que Petrucci e Portnoy se tornassem os líderes, pondo fim à chamada “democracia falsa”.

“Estabelecer que alguém estava no comando ajudou a amenizar as brigas. Até então, tínhamos perdido muito tempo com pessoas fazendo campanha de suas ideias para os outros. John e eu tínhamos uma visão muito clara do que nosso próximo disco deveria ser e todos estavam felizes em respeitar isso.”

Dream Theater e a redenção com “Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory”

Disponibilizado em 26 de outubro de 1999, Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory é o quinto álbum de estúdio do Dream Theater. Foi o primeiro conceitual, dando prosseguimento à história contada na faixa “Metropolis Part 1: The Miracle and the Sleeper”, do disco Images and Words (1992).

Marcou a estreia do tecladista Jordan Rudess em substituição a Derek Sherinian. Ele se tornaria figura atuante na parte criativa. A história do disco gira em torno de um homem chamado Nicholas e uma série de descobertas ligadas à sua vida passada e resgatadas através de sessões com um hipnoterapeuta. Há inspirações do filme “Dead Again” (“Voltar A Morrer”, na versão brasileira), lançado em 1991.

A banda declarou ter sido influenciada por obras como “Tommy” (The Who), “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band” (The Beatles), “The Lamb Lies Down On Broadway” (Genesis), “Misplaced Childhood” (Marillion), “The Wall” e “The Final Cut” (Pink Floyd) para desenvolver o conceito.

“Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory” se tornou um álbum referencial da carreira do Dream Theater. Frequentemente, aparece em listas de melhores álbuns de todos os tempos, tanto em publicações especializadas em prog quanto nas de metal.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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