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Journey sofre com problemas de som e próprio setlist no Rock in Rio 2024

Vocalista Arnel Pineda infelizmente se tornou protagonista de show que pode ser considerado o pior do dia dedicado ao rock e metal

Se há um show que quase todo mundo terá algo negativo a falar do Rock in Rio 2024, infelizmente é o do Journey. A lendária banda americana, que volta ao Brasil após sua estreia por aqui em 2011, fez uma apresentação neste domingo (15) marcada por vários problemas de som, performances irregulares, escolhas questionáveis de repertório e um público pronto para não gostar daquilo no palco.

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O grupo subiu ao Palco Mundo às 19h, com “Be Good To Yourself”, do álbum “Raised on Radio” (1986) — último lançado antes do único hiato em seus mais de 50 anos de história, que duraria quase uma década. Ficou claro nas primeiras notas que Arnel Pineda estava com dificuldades para encontrar o tom.

O vocalista filipino, integrante desde 2007 e ocupante da vaga que um dia foi do lendário Steve Perry, pareceu lutar contra o volume do palco o show inteiro para conseguir se escutar. Ao longo das primeiras músicas do set, ele constantemente segurava para seu fone de retorno in-ear. Em dado momento, olhou para trás e apontou tanto para ele quanto para seu microfone, como se indicasse que ajustes deveriam ser feitos. Pouco tempo depois, perguntou ao público se conseguiam escutar os instrumentos.

Foto: Ariel Martini / Rock in Rio

A questão foi pertinente. Em vários momentos do show, era difícil escutar a guitarra de Neal Schon, único membro original a seguir na formação. Eram bem audíveis a bateria de Deen Castronovo e os teclados de Jonathan Cain — que sequer demonstrou animosidade com Schon em meio a várias brigas na Justiça e vestiu uma camisa da Seleção pra mostrar sua apreciação ao Brasil —, mas quando este último mudava para algum instrumento de cordas, era como se estivesse com volume no zero. Não houve grandes dificuldades com os demais integrantes: Jason Derlatka (teclados) e Todd Jensen (baixo).

Baterista cantor

Castronovo passou por seus próprios dilemas técnicos quando chegou sua vez de cantar a balada “Lights”, originalmente do álbum “Infinity” (1978). O microfone de seu headset não apresentou grandes problemas na hora de fazer backing vocals — Castronovo e Cain, aliás, seguraram bastante a barra de Pineda ao longo do show —, todavia, quando foi sua vez no holofote, a qualidade do som era horrível. Curiosamente, na transmissão realizada pelo Multishow e Globoplay, soou bem.

Foto: Ariel Martini / Rock in Rio

Muitos fãs comparam a voz de Deen com a de Steve Perry. Inclusive, o baterista assume o microfone principal no projeto paralelo Revolution Saints e por lá também mostra soar parecido com o ídolo. Por um momento, no palco da Cidade do Rock, pareceu até um playback do cantor clássico do Journey até Castronovo aparecer no telão realmente cantando — e bem, ainda que notadamente os problemas técnicos tenham atrapalhado.

Escolha de setlist e “buraco”

Um aspecto do show que precisa ser colocado na conta do Journey, contudo, trata-se da escolha da setlist. Os hits estavam lá, mas precisou chegar na quinta música — quase na metade do show — para o público em geral do Rock in Rio escutar algo facilmente reconhecível: “Faithfully”.

Foto: Ariel Martini / Rock in Rio

A esse ponto, uma impressão ruim já havia sido criada pela combinação de músicas não tão conhecidas e a performance irregular de Arnel Pineda. O pobre vocalista, que interagiu com a plateia ao longo do show e inadvertidamente até mostrou uma bandeira do Brasil com escudo do Cruzeiro no meio, não conseguiu sair desse buraco pelo resto do tempo.

Pineda carrega consigo uma história inspiradora: foi descoberto por acaso, no YouTube, graças a um vídeo seu cantando músicas do grupo junto de uma banda cover no meio dos anos 2000. Pode parecer uma situação factível em 2024, mas naqueles tempos, parecia impossível; quase como o roteiro do filme Rock Star virando realidade.

Foto: Alex Woloch / Rock in Rio

Mas nada disso importa no momento. Mesmo com o Journey enfileirando “Separate Ways (Worlds Apart)”, “Don’t Stop Believin’” e “Any Way You Want It” para fechar o set, várias pessoas à volta na Cidade do Rock comentavam negativamente sobre o que tinham visto e ouvido, muitas vezes em termos deselegantes. Nas redes, entre quem acompanhava a transmissão, mesmo cenário.

O Journey é uma relíquia de um tempo no qual bandas exibiam técnica impecável no palco. Suas canções exigem um alto grau de habilidade e um cenário perfeito para serem executadas direito. No último domingo (15), por várias razões, não foi o caso.

Foto: Alex Woloch / Rock in Rio

Journey — ao vivo no Rock in Rio 2024

Local: Cidade do Rock, Rio de Janeiro
Data: 15 de setembro de 2024

Repertório:

  1. Be Good to Yourself
  2. Stone in Love
  3. Line of Fire
  4. Dead or Alive
  5. Faithfully
  6. Open Arms
  7. Lovin’, Touchin’, Squeezin’
  8. Wheel in the Sky
  9. Lights (Deen Castronovo nos vocais)
  10. Separate Ways (Worlds Apart)
  11. Don’t Stop Believin’
  12. Any Way You Want It

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

4 COMENTÁRIOS

  1. Eu acho impressionante a distância entre comentários de críticos de música e o testemunho dos fãs e pessoas que assistiram o show “in loco”. A resenha do show está correta quando diz que existira problemas técnicos: eles foram visíveis. Também o repertório deixou os hits para o final. Entretanto, dizer que foi o pior show do dia é exagero. Até porque, no final o que conta é a satisfação do público e ao final o que vi foram comentários positivos das pessoas estavam lá – um publico formado majoriatamente por fãs de Evanescence e Avenged Sevenfold, desconhecedor das músicas do Journey e pra quem a apresentação da banda foi um excelente entretenimento, seja pelas músicas seja pela perfomance e interação de Arnel Pineda com a plateia. E se nas redes sociais apareceram críticas pesadas, deve ter sido em grupos restritos, fechados, porque nas principais não vi nada, seja no Instagram, Threads, Facebook ou no Bluesky.

  2. Podem até dizer que foi não o melhor show daquele dia mas, por favor, dizer que foi o pior dos shows que passaram até aquele dia pelo festival? Aí é exagero e desonesto. Também é um descervisso para com a boa música porque no primeiro dia do festival tentei assistir por curiosidade mas não consegui! Músicas ruins, versões de MPB no estilo funk, eletronic e sei mais lá o que! Horrível! Um mau gosto terrível! Ver e ouvir Journey com todos os problemas técnicos e também com o vocalista não estando num dia inspirado ainda foi um bálsamo para os ouvidos.

    • Mauricio, não foi dito que “foi o pior dos shows que passaram até aquele dia pelo festival”. O colaborador disse que “foi o pior do dia”. Logo, não faz sentido sua comparação com shows de outros dias. O espaço segue aberto para opiniões, mas é importante que se leia com calma e atenção antes de comentar.

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