A curiosa tática de David Gilmour para driblar advogados de Roger Waters nos anos 80

Baixista e vocalista tentou impedir ex-colegas de usar o nome Pink Floyd após sair da banda

Quando Roger Waters rompeu com os outros membros do Pink Floyd, em 1984, não parecia preparado para o que David Gilmour faria. Após um disco e turnê solo, o guitarrista e vocalista reativou a banda, gravando e excursionando junto a Nick Mason e Richard Wright – o tecladista só retornaria oficialmente mais tarde, evitando alguns problemas legais.

O baixista e líder da fase mais bem-sucedida do grupo não apenas ingressou em uma batalha nos tribunais com os ex-colegas. Também tentou forçar um boicote, ameaçando processar promotores de shows que divulgassem as apresentações se valendo do nome.

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Em entrevista à revista Q, publicada em setembro de 1990, Gilmour contou a estratégia que adotou para driblar as investidas. Conforme resgate do fansite Neptune Pink Floyd, ele explicou:

“Essa foi uma das coisas boas de gravar em Los Angeles: advogados não podem ligar para você no meio do seu dia de trabalho. Por conta do fuso horário, tudo por lá começa oito horas depois. E como não estávamos no estúdio até o meio-dia, isso significaria que os advogados britânicos teriam que ficar em seus escritórios até as oito ou nove da noite se quisessem falar conosco sobre qualquer coisa.”

Quanto aos promotores, David confessa não ter se assustado. Ele afirma:

“Foi tudo muito tenso e difícil, mas os promotores tendem a ser pessoas muito ‘das ruas’ e não aceitam ser ameaçados.”

Roger Waters admite o erro

Em 2013, Roger Waters admitiu ter se excedido na disputa, embora sustente ter suas razões. Ele disse à BBC:

“Eu errei. Claro que sim! Mas e daí?”

De qualquer modo, o artista deixou claro não ter se arrependido de deixar a banda que ajudou a consagrar.

“Foi a coisa certa a se fazer para que eu pudesse expressar minhas ideias sem restrições.”

A batalha judicial durou dois anos e acabou resolvido fora do tribunal, em uma reunião na casa flutuante de Gilmour em uma véspera de Natal. Sobre o imbróglio, Roger refletiu:

“Foi uma das poucas vezes em que a profissão jurídica me ensinou algo. Quando eu fui até esses caras e disse: ‘Escutem, estamos separados, isso não é mais Pink Floyd’, eles responderam: ‘O que você quer dizer? É irrelevante se estamos separados, a marca tem valor comercial. Você não pode dizer que vai deixar de existir… você obviamente não entende a jurisprudência inglesa’.”

A única reunião da formação clássica do Pink Floyd

Waters, Gilmour, Mason e Wright só se reuniram em um palco no Live 8, em 2005. Após o falecimento do tecladista, os dois remanescentes participaram de um show solo de Roger em 2011. Os dois reencontros ocorreram em Londres, Inglaterra.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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