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Por que Ringo Starr nunca gostou do filme “Let It Be”, dos Beatles

Baterista acredita que documentário "caminhou para a direção errada" e revelou que prefere a série "Get Back", disponibilizada em 2021

O processo de criação de Let It Be (1970), último álbum lançado pelos Beatles, ganhou um documentário de mesmo nome à época. Por mostrar os conflitos internos da banda,  que ocasionaram até numa saída temporária do guitarrista George Harrison, a produção deixou um gosto “amargo”.

Fora de circulação oficial por décadas, o filme recentemente passou por uma restauração, assinada pelo cineasta Peter Jackson, e chegou a público pela Disney+ em maio. A ideia, de acordo com comunicado, era justamente tirar a visão negativa atribuída no passado.

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Ainda assim, Ringo Starr continua com a mesma opinião. Em entrevista ao jornal San Diego Tribune, o baterista confessou que nunca gostou do documentário e que é muito mais fã da série “Get Back”, também dirigida por Jackson e disponibilizada em 2021 a partir de filmagens descartadas do “Let It Be”.

O músico explicou o motivo:

“Sempre pensei que o documentário caminhava para a direção errada, mostrando apenas a parte negativa. Por isso fiquei tão feliz por termos encontrado 56 horas de filmagens não utilizadas de ‘Let It Be’, que estavam adormecidas, que Peter Jackson usou (em ‘Get Back’).”

Para o artista, o filme pecou ao deixar de lado a divertida dinâmica entre os integrantes e priorizar as discussões, que são comuns em qualquer banda:

“Fiquei decepcionado com ‘Let It Be’, porque ríamos muito, como vocês viram na edição de Peter Jackson. Nós nos divertimos demais. Tivemos algumas brigas, mas é isso que acontece numa banda. Todo mundo pensa que os Beatles são como anjos e que não deveríamos brigar. Tínhamos pequenas brigas e então superávamos. A música é a parte mais importante do que fizemos, além das amizades, claro.”

A opinião de Michael Lindsay-Hogg 

Michael Lindsay-Hogg, diretor original de “Let It Be”, tem conhecimento sobre o ponto de vista do eterno Beatle. Quando perguntado a respeito pela Variety, no início do mês passado, o cineasta deixou claro que não sabia se Ringo Starr ou até mesmo Paul McCartney assistiriam à nova versão. Ele declarou:

“Eu sei que, ao longo dos anos, Ringo tinha algumas – como posso explicar? — coisas negativas a dizer sobre ‘Let It Be’, mas não sei se ele ainda vê assim depois de 50 anos […]. Ele disse: ‘bem, acho que não há alegria no filme’.”

O diretor acredita que o baterista está no direito de “pensar o que quiser”. Independentemente, guarda boas lembranças relacionadas ao músico e espera que ele se permita assistir à produção sob uma nova ótica. 

“Faz um tempo que não o vejo. Mas, olha, ele é um ser humano extraordinário. Ele é engraçado, resiliente, corajoso. Ele passou por muita coisa quando criança. E ele é um dos grandes bateristas da história. Todos os bateristas de rock ‘n’ roll dizem que ele e Charlie Watts eram ‘os’ bateristas. Então ele pode pensar o que quiser. Ainda gosto dele! Espero que ele veja, porque se você for assistir depois de ter tido uma certa opinião por muitos anos, vai se surpreender ao ver que são apenas quatro caras trabalhando juntos e colaborando da maneira que a maioria das bandas colabora.”

Sobre “Let It Be”

Após sua exibição programada, “Let It Be” não foi disponibilizado pelos Beatles em nenhum formato. Fãs só tiveram acesso oficialmente ao material a partir da série expandida “The Beatles: Get Back”, que resgatou mais materiais produzidos por Michael Lindsay-Hogg entre os dias 2 e 31 de janeiro de 1969. Na época, o Fab Four trabalhava em estúdio na criação de um álbum que seria intitulado “Get Back”, mas acabou se tornando “Let It Be”.

A ideia era produzir um especial de TV na época. Contudo, o projeto se transformou no documentário de 1970.

O período foi marcado por tensões internas na banda, com direito a uma breve saída do guitarrista George Harrison. Por esse e outros motivos, o álbum acabou engavetado e a banda gravou “Abbey Road” (1969) em seguida, sendo lançado antes do próprio “Let It Be”.

A versão repaginada em termos audiovisuais foi trabalhada pelo cineasta Peter Jackson, responsável pela série mencionada, e sua equipe na Park Road Post Production. O diretor original, Michael Lindsay-Hogg, auxiliou no processo — que, conforme apontado pelo Ultimate Classic Rock, contou com remasterização usando o negativo original de 16 mm.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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