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Serj Tankian explica por que acha turnês “artisticamente redundantes”

Vocalista do System of a Down usou declaração antiga de David Bowie como exemplo do que pensa sobre o tema

Em tempos recentes, Serj Tankian vem fazendo questão de deixar claro que voltar a fazer turnês é uma possibilidade distante. O vocalista do System of a Down costuma se reunir esporadicamente com os colegas para shows. Porém, não pretende retornar à estrada de maneira mais ostensiva, por conta de uma série de fatores.

A repercussão das falas vem causando discussões entre os fãs, que se dividem entre a compreensão e o inconformismo. Sendo assim durante participação no podcast Soul Boom With Rainn Wilson, ele fez questão de se aprofundar na explicação.

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Disse o cantor recorrendo ao passado, conforme transcrição do Blabbermouth:

“Tivemos um sucesso incrível e inesperado para um tipo de banda de metal progressivo muito abrangente. Nosso álbum ‘Toxicity’ e a turnê em 2001foram gigantes. Gravamos ‘Mezmerize’ e ‘Hypnotize’ e os lançamos com intervalo de seis meses um do outro em 2005 e 2006. Antes dessas sessões, eu disse ‘Caras, preciso parar com esse ciclo de álbuns, turnês e publicidade promocional. Quero fazer minhas próprias coisas, tenho outras aventuras artísticas que quero embarcar.’”

A seguir, Serj voltou a citar o nome do guitarrista e colega de banda, com quem passou a ter uma relação estremecida em virtude da evolução musical conjunta.

“Tivemos muita criatividade e contribuição entrando na banda, especificamente com as composições de Daron [Malakian, guitarrista e vocalista] e eu querendo oferecer música também. Com o tempo, ele se tornou um melhor letrista e eu me tornei um melhor arranjador. Então, se tornou uma espécie de empurra e puxa, o que pode ser muito bom, na verdade, porque é uma coisa do tipo yin-e-yang – duas forças criativas. Mas também é algo que acabou com muitas parcerias.”

O hiato do System of a Down

Foi justamente nesse período que o frontman entendeu que precisava perseguir outros caminhos, embora deixe claro que não pretendia acabar com o grupo.

“Então, antes de ‘Mezmerize’ e ‘Hypnotize’, eu basicamente disse aos caras: ‘Gostaria de parar, não posso continuar nesse momento. Quero fazer minhas próprias coisas, além de tirar uma folga e ter uma vida. Não foi bem recebido na época. Anos depois, voltamos a fazer shows e isso se tornou uma coisa divertida. Pelo menos deixamos tudo de lado e dissemos: ‘Olha, somos amigos, somos irmãos. Nos conhecemos há muito tempo. Ainda nos respeitamos e nos amamos. É diversão e turnê juntos.’ E temos feito isso desde então. Não tanto quanto eles gostariam, digamos, não vou falar por cada pessoa da banda, porque isso também não seria justo da minha parte.”

De qualquer modo, Tankian reconhece ser a pessoa que está segurando planos a longo prazo. Houve até espaço para citar um ícone da música.

“Sou a pessoa que menos quer fazer turnê. Parte disso é físico, por ser cansativo. Já faço isso há 20, 25 anos, sofri uma cirurgia nas costas tempos atrás. Estou muito melhor agora. isso. Também há o fato de ser artisticamente redundante depois de um tempo, você fica se repetindo. David Bowie disse uma vez que as duas primeiras semanas de cada turnê são criativas e depois fica redundante. Ele tinha razão.”

Concluindo, Serj deixa claro que é melhor deixar as coisas como são atualmente.

“Eu gosto de tocar com os caras. Quando é algo esporádico fica realmente divertido, porque não há a pressão da longa turnê, imprensa ou qualquer coisa assim. Apenas ensaiamos, fazemos piadas idiotas, comemos juntos e vamos para o show. É como temos feito e sou grato por isso.”

Serj Tankian e o futuro nos palcos

A fala de Serj Tankian compactua com outra proferida ao canal do YouTube Live Signing, conforme transcrição do Blabbermouth:

“Adoro me apresentar, mas quanto a turnês longas… Acho que quando você faz uma turnê longa, não é apenas fisicamente exaustivo, mas é artisticamente redundante depois de um tempo, repetindo a mesma coisa. Prefiro eventos especiais, ocasiões especiais. Não podemos fazê-los em todos os lugares. Também tive alguns problemas nas costas, passei por cirurgias e tratamentos que estavam me impedindo de performar. Estou muito melhor agora, me exercito, então muita coisa já foi resolvida. Quanto a fazer uma turnê, estou aberto a analisar, mas não muito entusiasmado. Prefiro me concentrar em algumas datas específicas.”

A vida em família também se tornou um fator a ser levado em consideração.

“Você poderia levar a família junto se estivesse fazendo um pequeno passeio, eu acho. E isso é algo que fizemos quando nosso filho era muito pequeno. Mas é apenas uma questão de priorizar a vida e o que você realmente quer fazer. Algumas pessoas gostam de fazer turnê até que estejam prontas para sair deste avião, mas não é assim que me vejo. Para mim, fazer coisas diferentes de forma comedida me permite ser mais criativo do que pegar algo repetitivo e fazê-lo por um longo período. E isso inclui tudo o que faço.”

“Mezmerize” e “Hypnotize”, dois trabalhos de estúdio mais recentes do System of a Down, saíram em 2005. Após a turnê de divulgação, o grupo entrou em um hiato rompido seis anos depois. Desde então, o quarteto vem realizando apenas excursões esporádicas.

Em novembro de 2020 a banda lançou as músicas “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz”. As faixas foram motivadas pelo conflito entre Artsakh e Azerbaijão, com todos os rendimentos sendo revertidos aos esforços humanitários na Armênia, terra natal dos ancestrais dos músicos. Junto com outras doações de fãs em suas páginas nas redes sociais, eles arrecadaram mais de US$ 600 mil.

Serj Tankian lançou seu livro de memórias “Down With The System” dia 14 de maio. A publicação nos países de língua inglesa ficará a cargo da editora Hachette Books.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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