...

Dr. Sin mostra no Summer Breeze por que deveria estar mais ativo

Após poucas apresentações nos últimos tempos, trio fez bom show para público que, mesmo em dia e horário pouco favoráveis, encheu área do palco paralelo Sun Stage para vê-lo

Embora seja um dos grandes nomes da música pesada brasileira, o Dr. Sin não está em plena atividade há algum tempo. Sabemos, não é fácil viver desse tipo de som por aqui. Mesmo assim, o virtuoso trio hard rock — que lançou recentemente um álbum/DVD acústico celebrando seus 30 anos — tem se reunido para shows mais esporádicos e se dedicado a outros projetos, com destaque ao vocalista e baixista Andria Busic na vaga de Mingau no Ultraje a Rigor e aos variados projetos de seu irmão, o baterista Ivan Busic.

Mas quando a dupla se junta com o guitarrista Thiago Melo, ocupante desde 2018 da vaga deixada por Edu Ardanuy, não há decepção. O público que os assistiu na segunda apresentação do Sun Stage no Summer Breeze Brasil 2024, na última sexta-feira (26), entre 13h e 14h, pode confirmar.

- Advertisement -
Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Público massivo, diga-se de passagem. Apesar do calor tantas vezes mencionado em boa parte das mais de 30 resenhas que publicamos sobre o festival até agora, a fatia da plateia que preferiu buscar uma alternativa ao power metal angreiro de Edu Falaschi — rolando no Ice Stage no mesmo horário — encontrou, no Sun, uma das opções nacionais mais alinhadas com os headliners do dia, bastante dedicado ao hard rock, com Gene Simmons, Mr. Big e Sebastian Bach entre os principais nomes.

O Dr. Sin tirou proveito de uma pista que enchia a cada música tocada e também de seus 60 minutos de palco, encurtando alguns diálogos a ponto de não dizer nada aos presentes até o fim da segunda música. É importante ressaltar, diga-se, que o show não engrenou tanto de primeira, com a sabbathica “Lady Lust” e a parte 1 de “Down in the Trenches” não funcionando tão bem na abertura.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

A partir de “Only the Strong Survive”, engrenou. A canção inédita atraiu curiosidade após Ivan ter anunciado que seu videoclipe seria gravado ali mesmo. Estruturalmente, a faixa soa bem… Dr. Sin, como não poderia deixar de ser: bastante peso nos versos — com direito a uso surpreendente de pedal duplo — e ganchos melódicos fortes no refrão, além de solos caprichados de Thiago Melo. Quem ainda critica o guitarrista simplesmente por não ser Edu Ardanuy precisa rever seus conceitos: o acreano, fã inveterado da banda, é a melhor opção disponível para a sequência das atividades.

A partir daqui, o setlist transitou por escolhas mais condizentes com um show de festival, com as canções mais conhecidas surgindo quase que enfileiradas. “Time After Time” fez geral colocar as mãos para o alto e cantar seu grudento coro, enquanto “Sometimes” e “Fly Away”, juntas, voltaram a expor as características sonoras mais notórias do trio: alternância entre momentos pesados e melódicos e instrumental virtuoso tocado de um jeito descomplicado para os ouvidos. Não foi o suficiente para alçar o grupo ao mainstream nos anos 1990, mas bastou para construir um séquito de fãs que, ao menos em São Paulo, perdura mesmo com as atividades reduzidas nos últimos tempos.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Com o perdão do trocadilho, “Fire”, uma das mais aguardadas — e celebradas — esquentou ainda mais um público que já estava com os cocurutos superaquecidos. Havia tanta gente escorada nas sombras do Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro, mais ao fundo naquela área do Memorial da América Latina, que era inevitável pensar em como a plateia estaria menos espalhada se não fosse o clima.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Andria pareceu ter percebido isso ao questionar se os presentes estavam “cansados” antes de emendar “Isolated”, canção admirada em especial, mas não exclusivamente, pelo solo incrível composto por Ardanuy e executado fielmente por Melo. “Miracles” antecedeu aquele que muitos não esperavam que seria o número final: a jazzy-hard-rocker “Emotional Catastrophe”, introduzida pelo frontman como a canção em que o “modo Mickey Mouse” seria ativado, tamanho o uso de vocais agudos em sua execução. No alto de seus 58 anos, o frontman cumpriu a tarefa como se estivesse em seus 28.

Quando digo que ninguém esperava esta música como a conclusão do set, afirmo porque quando o trio se despediu e deixou o palco, vários fãs gritaram pela chata — para dizer o mínimo — “Futebol, Mulher e Rock ‘n’ Roll”, tantas vezes tocada para encerrar as apresentações do grupo. Mas se os músicos não acertaram tanto no início do repertório, certamente foram exitosos nas escolhas do final. Mais um gol do Dr. Sin.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024 — clique para conferir outras resenhas com fotos e vídeos.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Dr. Sin — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024

Repertório:

  1. Lady Lust
  2. Down in the Trenches
  3. Only the Strong Survive
  4. Time After Time
  5. Sometimes
  6. Fly Away
  7. Fire
  8. Isolated
  9. Miracles
  10. Emotional Catastrophe

Agradecimentos: Whiplash.Net

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasResenhas de showsDr. Sin mostra no Summer Breeze por que deveria estar mais ativo
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades