O chilique de Trevor Horn que convenceu Yes a gravar seu maior hit

Produtor e ex-integrante viu potencial na faixa “Owner of a Lonely Heart” e decidiu fazer drama para que a banda continuasse com a canção

“Owner of a Lonely Heart” é, até hoje, o maior hit do Yes. A faixa de abertura do álbum 90125 (1983) ocupa o topo das mais ouvidas do grupo no Spotify — com 250 milhões de reproduções — e permanece como a única da banda a ter conquistado o primeiro lugar da parada americana Billboard Hot 100.

Curiosamente, os músicos só ficaram convencidos a gravá-la após um chilique do produtor Trevor Horn. Foi o próprio quem relembrou a história durante entrevista recente à Prog

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Segundo o também músico, a oportunidade de colaborar com o disco mencionado só surgiu porque, entre 1980 e 1981, atuou como vocalista do Yes, gravando o álbum “Drama” (1980). Por isso, os integrantes confiaram que o ex-colega seria uma ótima escolha para liderar o processo.

No entanto, havia uma resistência dos músicos em gravar especificamente “Owner of a Lonely Heart”. Tudo começou quando o guitarrista Trevor Rabin idealizou uma versão inicial da canção anos antes de entrar para o Yes.

Quando ouviu a demo, Horn identificou alguns problemas, mas percebeu certo potencial e insistiu para que os integranets trabalhassem nela. Ao ponto de fazer bastante drama.  

Por muito tempo, ele tentou “melhorar” a composição ao lado do baixista Chris Squire, mas continuava insatisfeito com as várias viradas na bateria. Até que o Yes quase deu uma basta na situação. 

Ele declarou:

“Eu nunca teria tido a oportunidade de ser produtor no ‘90125’ se não estivesse feito parte da banda anteriormente. Eles continuaram tentando não gravar ‘Owner of a Lonely Heart’. Um dia, quando cheguei ao estúdio, todos me esperavam e disseram: ‘nós decidimos que não vamos gravá-la’. Fiquei de mãos e joelhos no chão, puxei as barras da calça de todo mundo e gritei: ‘por favor, por favor, deem mais uma chance, me deixem programar a bateria… precisa ser simples, só precisa ser diferente do que estamos tentando’. Eu dei o maior chilique, dizendo: ‘eu só entrei para a produção desse álbum porque vocês disseram que fariam esse single!’.”

Diante do “show”, os músicos ficaram com vergonha, mas também se divertiram e resolveram dar mais uma chance. Horn relembra:

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“Eles ficaram tão envergonhados – e talvez, ao mesmo tempo, acharam engraçado – com o meu drama, que, no fim das contas, concordaram a contragosto em me dar mais uma chance. Desta vez, cuidei da programação. Eu nunca poderia ter feito isso se não tivesse estado na banda.”

Ao recordar o momento, Horn sente orgulho do trabalho executado. Mesmo com a personalidade difícil do Yes, reconhece que os membros tinham um diferencial quanto músicos.

“Na época em que assumi esse disco, eu era provavelmente um dos produtores mais bem-sucedidos do mundo. E eu nunca mais teria trabalhado com o Yes se eu não os tivesse amado, porque eles eram chatos. Mas, quando eu escuto esse disco agora, eu fico muito feliz de ter participado porque eles também foram f#da, sabe?”

Sobre “Owner of a Lonely Heart”

Trevor Rabin nasceu na África do Sul durante o regime de apartheid. Apesar de ter se estabelecido como um músico respeitado na sua terra natal, seja através de seu trabalho de produtor ou liderando o grupo de rock Rabbitt — com o qual lançou três discos nos anos 70 —, o espectro da política de segregação racial do país era um empecilho.

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Assim, o músico se mudou para a Inglaterra e lançou três álbuns solo, sem muito sucesso. Ele, contudo, adquiriu uma reputação como músico de estúdio, trabalhando principalmente com a Manfred Mann’s Earth Band.

Em 1981, Rabin foi para Los Angeles após conselho do empresário John Kalodner e foi convidado a fazer um teste junto aos membros do Asia, que finalizava sua formação.

Uma das canções que pensou não combinar com o Asia havia sido composta quase inteira enquanto ele sentava no vaso sanitário. Riff, refrão, synths, tudo enquanto ele fazia suas necessidades. Quando ele mandou a demo de “Owner of a Lonely Heart” para gravadoras, Clive Davis descreveu como uma música estranha demais para fazer sucesso.

Felizmente, Phil Carson da Atlantic discordou e assinou o músico. O plano era juntar o sul-africano com Chris Squire e Alan White, como Rabin descreveu à Prog:

“Ele [Carson] achava que eu precisava de uma ‘cozinha’ [baixo e bateria]. Então, nós três concordamos em nos encontrar num sushi bar em Londres. Chris chegou atrasado — o que descobri depois ser algo normal para ele —, mas fomos para a casa dele e tocamos juntos. Devo dizer, não foi muito bom. Mas havia uma química evidente entre nós. Valia a pena ir atrás.”

Assim, recrutaram Tony Kaye, tecladista original do Yes, para tocar com eles. Tentaram trazer como vocalista Trevor Horn, ex-Yes, que recusou a oferta, mas aceitou trabalhar como produtor do grupo, como já mencionado.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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