Crítica: “Guerra Civil” é história envolvente sobre peso de ser um jornalista de guerra

Com Wagner Moura no elenco, filme aposta em bom trabalho de som e imagens impactantes para perfeita construção de personagens

Durante os créditos iniciais de “Guerra Civil”, longa dirigido por Alex Garland, o logo da produtora A24 – responsável por sucessos como “A Bruxa” (2015) e “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (2022) – é projetado acompanhado pelo som de intensos registros de máquinas fotográficas em sequência.

O que pode soar apenas como uma brincadeira autorreferente se torna, mais adiante, um prenúncio da ideia e do tom que dita o desenrolar do longa como um todo. Uma história sobre registros jornalísticos, “Guerra Civil” tem justamente no uso do som e das imagens de forma vigorosa os seus grandes aliados.

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No filme – que para o público brasileiro possui o atrativo da presença do ator Wagner Moura –, acompanhamos um grupo de jornalistas que, após uma nova guerra civil estourar no país, embarcam em uma viagem pela estrada para chegar até Washington, D.C., capital dos Estados Unidos.

Impacto audiovisual

Apropriando-se da estrutura de um “road movie” e com uma ação brutal, Garland – que antes colaborou com a A24 em “EX Machina” (2015) e “Men” (2022) – não tem pudor de construir imagens e sons que impactam o público na mesma medida em que moldam os próprios personagens. Quanto a isso, sentimos intensamente os registros que esses jornalistas e fotojornalistas de guerra carregarão para sempre muito além de suas câmeras. Por vezes, o trabalho envolve estar diante e captar a morte propriamente dita.

É outro acerto a dinâmica do quarteto protagonista, que funciona como elos complementares e opostos entre si ao mesmo tempo:

  • O simpático Stephen McKinley interpreta Sammy, um jornalista na terceira idade que carrega experiência e sabedoria consigo;
  • A ótima Kirsten Dunst é Lee, uma fotojornalista experiente e fria;
  • Cailee Spaeny – antes intérprete de Priscilla Presley em “Priscilla” (2023) – vive Jessie, a novata que enxerga em Lee uma inspiração;
  • Wagner Moura, por fim, tem em Joel um personagem bastante “abrasileirado”, que lida com as situações entusiasmadamente e com bom humor – pelo menos até certo ponto da trama onde não há mais espaço para tal.

Dito isso, o maior destaque dessa dinâmica é a relação das personagens de Dunst e Spaeny. Alguns dos momentos mais interessantes da película surgem a partir do contraponto entre uma mulher veterana, tomada pelo peso do seu trabalho e incapaz de se admirar no espelho enquanto experimenta um belo vestido, e uma jovem inexperiente, completamente envolvida pelas altas emoções do ofício na parcela final.

Para tal construção, o uso constante de close-ups nos rostos da dupla é um ponto alto da direção de Alex Garland. As expressões da dupla de atrizes criam perfeitamente o contraste entre a frieza e o choque diante daquilo que elas presenciam.

Envolvente e com bons personagens

Em suma, “Guerra Civil” é um filme com ótimos personagens. Sabe utilizar do som e das imagens para construir os respectivos traumas e impactar o espectador na mesma medida.

Assim como os protagonistas, o silêncio de alguns momentos se opõe aos ruídos intensos de tiros em outros. Um plano detalhe de uma flor em um gramado também faz um contraponto com um corpo baleado. O resultado, com isso, é uma obra envolvente do início ao fim, que merece ser conferida numa sala de cinema.

*“Guerra Civil” estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas brasileiros.

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Guilherme Salomão
Guilherme Salomãohttps://igormiranda.com.br
Guilherme Salomão é Criador de conteúdo, Crítico de Cinema e Produtor Audiovisual carioca apaixonado por Cinema e Música desde que se conhece como gente. Administrador por formação, foi autor do TCC “O Poder da Marca no Cinema: O Caso Star Wars de George Lucas” na PUC-Rio, obtendo nota máxima em forma de reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação. Cinéfilo de carteirinha, na produção já se dedicou a projetos que vão desde curtas e longas-metragens até videoclipes de artistas iniciantes.

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