Por que internet dificultou sucesso dos guitarristas, segundo Matteo Mancuso

Para músico italiano, tocar se tornou apenas uma das ocupações em um espectro maior de produção de conteúdo

A internet abriu muitas opções para músicos, tanto no aspecto da produção própria quanto nos contatos que podem ser feitos tanto com o público quanto com colegas de atividade. Porém, ela também cobrou um preço caro no aumento da responsabilidade para com a produção além da arte.

Em recente entrevista a Mike Nelson, repercutida pelo Killer Guitar Rigs, o guitarrista italiano Matteo Mancuso se aprofundou no tema. Para ele, no somatório de prós e contras, o sucesso se tornou mais difícil.

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Ele explica, começando pelo lado bom:

“O lado positivo é que você não precisa mais estar em uma cidade grande para se tornar conhecido. Fiz tudo o que tenho em uma pequena cidade perto de Palermo. Nunca vi Los Angeles, nunca estive em grandes cidades. Você não precisa mais se mudar para ser conhecido. Antigamente, precisava estar em Los Angeles, talvez em Nova York se estivesse interessado em jazz ou em Londres. Hoje dá para trabalhar muito de casa.”

A dependência do algoritmo

No entanto, não há glória sem sacrifício. Ficar na dependência do desempenho do algoritmo nas redes sociais acaba sendo o principal obstáculo.

“Você tem que ser um entertainer, músico e criador de conteúdo ao mesmo tempo. Então isso é negativo, porque são coisas distintas. O músico precisa tocar ao vivo, lançar música e tudo mais. O criador do conteúdo é outra coisa. Então, você precisa fazer muitos vídeos e a qualidade precisa estar correta. São dois trabalhos separados e é necessário fazer ambos para ter sucesso.”

Na opinião de Mancuso, raramente há alguém que consiga fazer as duas coisas com sucesso. Sempre há vários de criadores de conteúdo voltados para guitarra que aparecem e que também podem ser ótimos guitarristas, mas o conteúdo não é exatamente sobre guitarras.

“E é aí que fica difícil – porque não é para todos. Não me considero um criador de conteúdo, sou apenas um músico e quero ser músico. Quero que meu trabalho principal seja tocar ao vivo e lançar discos, não fazer vídeos. Isso é a prioridade secundária.”

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Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa (e vice-versa)

Matteo insiste em ver músico e criador de conteúdo como duas categorias totalmente distintas. Ele continuou:

“Às vezes as pessoas confundem essas duas coisas e está tudo bem. Mas precisamos separar os criadores de conteúdo dos músicos reais, digamos. Se você puder fazer as duas coisas, será ótimo porque terá números no Instagram, no YouTube e tudo mais. E é uma coisa positiva porque pode fazer isso em casa. Agora o trabalho mudou um pouco, então também a renda de um músico precisa ser separada. Você precisa ter uma renda separada, não pode mais depender de música ao vivo, precisa ter material didático na internet, e aí também tem aulas particulares e tudo mais.

Então todo mundo agora está tentando fazer tudo. Todo mundo é professor. Todo mundo é criador de conteúdo. Todo mundo também é músico. É por isso que às vezes fica um pouco difícil. Para ser músico agora você precisa diversificar sua renda, basicamente. E graças à internet podemos fazer isso agora, mas não é como antigamente, quando, para ser músico, bastava tocar ao vivo. Não é mais assim.”

Sobre Matteo Mancuso

Aos 27 anos, Matteo Mancuso já é um nome conceituado nos cenários do rock e do jazz fusion. Apresentou-se ao lado de figuras históricas como Al Di Meola, Steve Vai e Jordan Rudess (tecladista do Dream Theater).

Ano passado, teve o solo da música “Silkroad” figurando entre os melhores do ano no ranking da revista Guitar World. A lista completa pode ser conferida clicando aqui.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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