Bruce Dickinson começou a carreira em outros tempos, nos quais nem se sonhava com serviços de streaming. Tais plataformas fizeram a indústria musical passar por muitas mudanças — na opinião de alguns, para pior.
É consenso que a remuneração aos artistas não é justa. Mas se é assim, por que novas bandas continuam a surgir em uma indústria que não compensa?
Essa pergunta foi feita ao vocalista do Iron Maiden durante uma entrevista coletiva acompanhada pelo site. Alex Aldana, do Canal 1 (Colômbia), quis saber a visão que Dickinson tem da situação enquanto artista e historiador. A resposta veio em tom bem sincero.
O artista declarou:
“Acho que é uma situação em que todos perdem. Spotify e plataformas do tipo, basicamente, roubam os músicos, pagando-lhes quase nada por seu trabalho. Os músicos não conseguem ganhar dinheiro. Novas bandas dificilmente podem se dar ao luxo de começar. Mesmo assim, elas começam. Por quê? Porque eles amam o que fazem. É isso que os move. É isso que os motiva.”
Quanto à solução para o problema, não parece haver uma opção simples. Bruce sugere um aumento nos valores das assinaturas, mas entende que isso traria outro tipo de problema.
“Se os serviços de streaming conseguissem pagar as pessoas adequadamente, provavelmente significaria que as pessoas que ouvem têm que pagar mais. Eu francamente não me oponho. Não acho que provavelmente a maioria dos ouvintes aceitaria, talvez menos pessoas ouviriam, mas seriam pessoas que se importam, não pessoas que ouvem música porque é barato.”
DJ Bruce Dickinson? Jamais
Ainda tratando sobre o assunto, Bruce Dickinson ainda alfinetou um nicho de artistas que se mantém popular ao longo dos últimos anos: os DJs. A crítica saiu meio “sem querer querendo”.
“Você não ganha dinheiro a menos que você seja alguma coisa enorme de rede social, um DJ que aparece com um cartão de memória e é pago cinco vezes o que uma banda recebe, tendo que dividir em oito. O DJ simplesmente aparece com seu cartão de memória, finge que está fazendo alguma coisa e vai embora com uma quantia enorme de dinheiro.”
Por fim, o cantor se mostrou conformado com tal cenário. Para ele, é preciso trabalhar independentemente do que esteja à sua frente.
“Não há muito que qualquer indivíduo possa fazer sobre isso. Você só tem que trabalhar com a forma como o mundo é. Não tenho nenhuma vontade de ser DJ. Eu sou cantor. Sou músico. Tenho bandas. Todos têm que ganhar a vida tocando comigo. Então, faço o melhor que posso para garantir que todos estejam felizes.”
Bruce Dickinson (solo) ao vivo
A expectativa dos fãs pela nova turnê solo de Bruce Dickinson é enorme. Desde 2002, quando excursionou brevemente pela Europa, o vocalista do Iron Maiden não se aventura pelos palcos afastado de sua banda – exceção às participações no tributo ao Concerto for Group and Orchestra, de Jon Lord (Deep Purple). Agora, ele retoma em promoção a seu novo álbum solo, “The Mandrake Project”, que sai dia 1º de março via BMG.
A banda solo de Bruce conta atualmente com os guitarristas Philip Näslund e Chris Declercq, a baixista do Whitesnake, Tanya O’Callaghan, o baterista Dave Moreno (Puddle of Mudd) e o tecladista italiano Maestro Mistheria. Os dois últimos, assim como Roy Z, estiveram no álbum anterior do vocalista, “Tyranny of Souls” (2005).
Z, presente em “The Mandrake Project” e confirmado anteriormente como membro do grupo de turnê, não participará mais das apresentações.
Bruce Dickinson no Brasil
Entre o final de abril e o começo de maio desse ano, Bruce Dickinson realiza uma série de shows pelo Brasil. A divulgação do novo álbum, “The Mandrake Project”, começa na América Latina antes do vocalista seguir para tocar nos festivais europeus na metade do ano. Por aqui, serão sete datas.
São elas:
- 24/04 Curitiba (Live Curitiba)
- 25/04 Porto Alegre (Pepsi On Stage)
- 27/04 Brasília (Opera Hall)
- 28/04 Belo Horizonte (Arena Hall)
- 30/04 Rio de Janeiro (Qualistage)
- 02/05 Ribeirão Preto (Quinta Linda)
- 04/05 São Paulo (Vibra São Paulo)
O frontman retorna no final do ano, já que o Iron Maiden trará a turnê “The Future Past Tour” para o Brasil. Serão dois shows em São Paulo, em dezembro. O repertório combina músicas do álbum mais recente do grupo, “Senjutsu” (2021), com o resgate de “Somewhere In Time” (1986).
Confira as datas:
- 06/12 São Paulo (Allianz Parque)
- 07/12 São Paulo (Allianz Parque)
Sobre “The Mandrake Project”
“The Mandrake Project” será acompanhado por uma graphic novel, cujo preview já saiu junto com o primeiro single. São 12 capítulos, divididos em 3 volumes, a serem lançados ao longo deste ano. O conceito foi criado por Bruce Dickinson, com roteiro de Tony Lee e ilustrações de Staz Johnson, da Z2 Comics.
As gravações aconteceram, em sua maior parte, no estúdio Doom Room, em Los Angeles, Estados Unidos. Entre as faixas, pode chamar atenção dos fãs a sexta, denominada “Eternity Has Failed”. Ela é uma versão retrabalhada de “If Eternity Should Fail”, presente em “The Book of Souls” (2015), do Iron Maiden. A demo original, ainda com o nome anterior, entrou no compacto “Afterglow of Ragnarok”.
Assim como “The Chemical Wedding” (1998), conceituado trabalho de Dickinson, “The Mandrake Project” contará com referências à obra do escritor e alquimista William Blake. Segundo o release oficial, a temática será “obscura e adulta, sobre poder, abuso e uma luta por identidade, em um cenário genial de ciência e ocultismo”.
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