O emblemático 1º post de Tom Morello após Rage Against the Machine se retirar dos palcos

Guitarrista usou seu discurso no Rock and Roll Hall of Fame como mensagem de despedida para os fãs

Na última quarta-feira (3), os fãs do Rage Against the Machine foram pegos de surpresa com uma postagem do baterista Brad Wilk nas redes sociais. Nela, o músico anunciava que a banda não remarcaria os shows anteriormente cancelados por conta do problema de saúde do vocalista Zack de la Rocha.

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Mas não parou por aí. O instrumentista ainda confirmou que as atividades do grupo enquanto atração de palco estavam encerradas. Não foram revelados outros detalhes sobre o que levou à decisão, assim como até o momento não houve uma nota oficial emitida de forma coletiva.

Brad se limitou a explicar:

“Sei que muita gente está esperando que a gente anuncie novas datas para todos os shows cancelados do Rage Against the Machine. Eu não quero mais enrolar pessoas ou a mim mesmo. Então, enquanto houve comunicação sobre a possibilidade de isso acontecer no futuro… Quero avisar a vocês que o RATM (Tim, Zack, Tom e eu) não sairemos mais em turnê ou faremos shows. Sinto muito por aqueles esperando para que isso acontecesse. Queria muito que rolasse.”

Tom Morello e o fim do Rage Against the Machine

No dia seguinte, o guitarrista Tom Morello fez uma publicação em sua conta no X/Twitter. Nela, replicou o vídeo com seu discurso na cerimônia de indução ao Rock and Roll Hall of Fame ocorrida em 3 de novembro do ano passado, quando a banda foi homenageada.

Vale recordar que o músico foi o único a comparecer ao evento. No mesmo dia, Zack estava em um protesto pró-Palestina ocorrido em Washington.

A legenda que acompanhou a postagem trazia a última parte da fala, creditada à sua mãe.

O discurso no Rock and Roll Hall of Fame

Em sua manifestação no Barclay’s Center, em Nova York, Tom declarou:

“Meu nome é Tom Morello e sou 1/4 do Rage Against the Machine. Sou profundamente grato pela química musical que tive a sorte de compartilhar com Brad Wilk, Tim Commerford e Zach de la Rocha. Como a maioria das bandas, temos perspectivas diferentes sobre muitas coisas, inclusive sobre ser introduzido ao Rock Hall.

A minha é de que esta noite é uma grande oportunidade para celebrar a música e a missão da banda. Também celebrar o quinto membro da banda, que são os incríveis fãs do Rage Against the Machine. A lição que aprendi com eles é que a música pode mudar o mundo.

Diariamente, ouço fãs que foram afetados pela nossa música e que, por sua vez, afetaram o mundo de maneiras significativas. Organizadores, ativistas, defensores públicos, professores, os presidentes do Chile e da Finlândia passaram algum tempo no nosso moshpit. A música pode mudar o mundo? Todo o objetivo é mudar o mundo ou, no mínimo, provocar um monte de problemas.”

A seguir, Morello mencionou a importância da arte que faz para o espírito revolucionário.

“Ao longo da história, a faísca da rebelião veio de fontes inesperadas: autores, economistas, carpinteiros. Mas como disse Salvador Allende, não há revolução sem canções. Então, quem pode dizer o que os músicos podem ou não ser capazes de alcançar com intenção revolucionária quando a multidão agitada faz a escala Richter tremer? Pessoalmente, gostaria de agradecer à minha esposa Denise e aos meus filhos que me lembram diariamente que vale a pena lutar pelo mundo.

O que ouço na música é isto: que o mundo não vai mudar sozinho. Mas ao longo da história, aqueles que mudaram o mundo de forma progressista, radical ou mesmo revolucionária não tiveram mais dinheiro, poder, coragem, inteligência ou criatividade do que qualquer pessoa que esteja a assistir esta noite. O mundo mudou pela média das pessoas comuns que estão fartas e estão dispostas a defender um país e um planeta que seja mais humano, pacífico e justo.

Os fãs costumam fazer anúncios, mas o que posso fazer? Bem, vamos começar com essas três coisas. Primeiro, sonhe grande e não se acomode. Segundo, almeje o mundo que você realmente deseja, sem concessões ou desculpas. E três, não espere por nós. O Rage não está aqui, mas você está.”

O guitarrista finalizou pedindo por atitudes para mudar o cenário. E deixou no ar uma possibilidade que agora se concretiza.

“O trabalho que nos propusemos a fazer ainda não acabou. Agora são vocês que devem testemunhar. Se você tem patrão, filie-se a um sindicato. Se você é estudante, comece um jornal clandestino. Se você é anarquista, jogue um tijolo. Se você é soldado ou policial, siga sua consciência e não suas ordens. Se você está chateado por não ter visto Rage Against the Machine, então forme sua própria banda e vamos ouvir o que você tem a dizer. Se você é um ser humano, defenda o seu planeta antes que seja tarde demais.

E, finalmente, um agradecimento especial à minha mãe, Mary Morello, uma professora aposentada do ensino médio público, uma orgulhosa fã do Rage Against the Machine e uma radical de longa data que completou 100 anos há algumas semanas. Ela está assistindo em casa esta noite, mas me pediu para contar uma coisa: a história, assim como a música, não é algo que acontece. É algo que você faz. Muito obrigado.”

O futuro incerto do Rage Against the Machine

As incertezas tiveram início em outubro de 2022, quando o RATM cancelou todas suas apresentações marcadas para o ano seguinte. Europa e Reino Unido foram afetados — e havia rumores de que o quarteto viria ao Brasil.

O motivo oferecido na época foi uma lesão sofrida por Zack de la Rocha em seu tendão de Aquiles, que já havia forçado o canor a se apresentar sentado no restante da turnê norte-americana, a primeira atividade do grupo desde 2011. Só que as datas foram realmente canceladas, sem remarcação.

Em entrevista de março de 2023 à Rolling Stone, Tom Morello deixou no ar a possibilidade da banda retornar à estrada após esses cancelamentos. Mesmo com perguntas ainda mais diretas sobre o retorno, ele evitou dar uma resposta mais concreta.

“Veremos. Se houver mais shows, anunciaremos como uma banda. Não sei. Eu sei tanto quanto você, honestamente. Agora estamos em um momento de cura. Estou em um momento de fazer música e mais um monte de coisas. Se nunca mais houver outro show nosso, acho que essa turnê cumpriu a missão. Não é sobre o quanto você viaja, mas sobre como é durante aqueles momentos em que você o faz. O Rage Against the Machine fez 19 shows nos últimos 12 anos. A repercussão deles soa como eventos históricos, que promovem a ideia de como é a banda ao vivo no palco.”

A situação ganhou contornos adicionais em novembro, quando o Rage entrou para o Rock and Roll Hall of Fame e Morello foi o único membro a comparecer à cerimônia oficial. Já no início de dezembro, o Inside Out, banda de Zack de la Rocha pré-RATM, reativou suas redes sociais, dando sinais de um retorno após 31 anos de inatividade.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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