“Asia in Asia”, o show que foi mais importante para a MTV do que para a banda

Com Greg Lake improvisado no vocal e baixo, banda ajudou o canal televisivo a realizar uma transmissão histórica

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O Asia foi um dos grandes fenômenos da indústria no início dos anos 1980. Contando com integrantes do Yes, King Crimson, The Buggles e ELP, o supergrupo fez de seu álbum de estreia o disco mais vendido nos Estados Unidos durante o ano de 1982, impulsionado especialmente pelo hino AOR “Heat of the Moment”. Apenas à época, mais de 10 milhões de cópias foram comercializadas em todo o planeta.

Porém, tal qual o estouro, a queda também foi fugaz. Lançado no ano seguinte, “Alpha” não repetiu o êxito – embora tenha alcançado números significativos – com “apenas” 1 milhão de unidades compradas pelos fãs.

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Para complicar a situação, as performances ao vivo eram alvo de críticas, o que levou até mesmo a cancelamento de shows em território norte-americano por baixa compra de ingressos.

Mudanças

A primeira consequência real foi a saída do baixista e vocalista John Wetton em outubro de 1983. Steve Howe (guitarra), Geoff Downes (teclado) e Carl Palmer (bateria) precisavam agir. Afinal, uma série de quatro shows pelo Japão estava marcada para as semanas seguintes.

Para piorar, a então novata MTV transmitiria via satélite o primeiro de três concertos no Nippon Budokan, em Tóquio, dia 6 de dezembro. Seria a primeira ação desse porte na história do canal – que desejava mostrar sua força, visto que ainda enfrentava resistências de parte do mercado.

A saída foi recorrer a um nome conhecido dos envolvidos: Greg Lake, o L do Emerson Lake & Palmer, também havia passado pelo King Crimson, tal qual Wetton. Inicialmente, ele recusou devido ao pouco tempo que teria para ensaiar. Porém, acabou aceitando.

Duas motivações pesaram. Primeiro, a de ajudar o amigo Carl. A segunda foi o alto valor financeiro oferecido pela Geffen, gravadora da banda. Sem entrar em valores, o próprio disse várias vezes ter sido uma soma bastante considerável.

Em entrevista ao Inner Views em 2011, Lake recordou:

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“Fiz isso como um favor para Carl. Ele me ligou uma noite e disse: ‘Greg, cara, será que você poderia me fazer um favor?’ Achei que ele queria uma guitarra emprestada ou algo assim. Eu disse: ‘Claro, o que você precisa?’ Ele disse: ‘Eu me pergunto se você poderia tocar com a Asia por algumas semanas no Japão porque acabamos de nos desentender com John Wetton. Não temos cantor e os shows estão agendados’.

Aparentemente, eles haviam reservado este jato 747 para levar os vencedores de uma competição da MTV aos shows e nada disso poderia ser cancelado, então a coisa tinha que continuar. Perguntei: ‘Meu Deus, quando são os shows?’. Carl disse: ‘Em três semanas’. Eu respondi: ‘Você não pode estar falando sério, cara. Eu não poderia fazer isso em três semanas’. Ele argumentou: ‘Precisamos fazer isso’. E foi assim que aconteceu. No final, foi feito.”

Apesar dos pesares, Greg garantiu que a situação como um todo acabou sendo divertida.

“O Asia era um grupo engraçado naquela época. Acho que agora estão mais acomodados. Nesse ponto, todo mundo estava demitindo todo mundo. Houve grandes conspirações. Você andava pelo corredor e havia pessoas planejando atirar umas nas outras em todos os cômodos em que você entrava. [risos] Mas passamos um breve período juntos.”

“Asia in Asia”

A primeira apresentação gerou o especial “Asia in Asia”. Para se adaptar ao estilo de Greg Lake, o grupo baixou consideravelmente os tons das músicas. Alguns momentos chegam a causar real estranheza. E como é de se imaginar, o convidado se valeu de um teleprompter para errar o mínimo possível das letras.

Mesmo assim, aos trancos e barrancos, tudo acabou funcionando – ao menos da forma que era possível dada a situação. O espetáculo ganhou versão em vídeo na sequência e, recentemente, foi relançado em diferentes formatos, com filmagem e áudio remasterizados. No material promocional, Carl Palmer exaltou o amigo.

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“Greg Lake fez um ótimo trabalho entrando no lugar de John. Tantas músicas para cantar e ele fez isso tão bem. Foi impressionante.”

Steve Howe seguiu a mesma linha.

“O show foi um importante compromisso global. Tínhamos que estar à altura da ocasião, o que conseguimos com a ajuda de Greg. Certamente não poderíamos ter feito isso sem ele.”

Geoff Downes exaltou o resultado obtido, especialmente tendo em vista as dificuldades.

“É um momento que merece seu lugar no catálogo da Asia. Além de sua força musical, demonstra o nível de profissionalismo que sempre buscamos trazer para o grupo.”

Clique aqui para assistir ao show na íntegra no YouTube.

Sai Greg Lake, volta John Wetton

Falecido em 2016, Greg Lake explicou na mesma entrevista citada anteriormente o motivo de não ter seguido com o supergrupo.

“Não queria ir nessa direção do rock corporativo. Eu não acreditava nesse tipo de música, então não continuei.”

A saída foi resgatar John Wetton após três meses de rompimento. O frontman aceitou voltar sob a condição que Steve Howe saísse. Ele ganhou a queda de braço e o Asia se tornaria uma porta giratória de membros com o passar dos anos.

A formação original se reuniria em 2006. Após mais três álbuns de estúdio e outros lançamentos ao vivo, Howe sairia novamente. Wetton faleceu em 2017. Downes e Palmer seguem com atividades esporádicas. A formação atual conta com Billy Sherwood – sim, outro membro do Yes – no baixo, além de Marc Bonilla nos vocais e guitarra. O lineup ainda não lançou material.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

1 COMENTÁRIO

  1. Ver meus grandes heróis todos juntos tocando músicas mais rock e acessíveis fez a cabeça de muito garoto de 16 anos na época…..então pegava meu baixo feito em casa com captadores importados e cantava na banda de garagem com tanto pulmão quanto Greg Lake e aprendi a tocar rock do melhor jeito que um cara poderia conseguir…Depois militei nas bandas Paradox, Quaterna Réquiem e Mind the Gap….Me diverti muito minha vida foi muito boa

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