Recentemente, Ozzy e Sharon Osbourne declararam não ter intenções de lançar oficialmente os registros da audição de Randy Rhoads, lendário guitarrista dos primeiros álbuns solo do Madman. Apesar de pedidos dos fãs, o casal entende que seria errado fazer isso sem consentimento da família do músico. Some-se o fato de que, de acordo com eles, a qualidade do material ser muito ruim.
O baixista Bob Daisley, responsável pelas gravações, contesta a última afirmação. Em entrevista ao “Artists On Record Starring ADIKA Live!”, transcrita pelo Blabbermouth, ele deu sua versão dos fatos.
“Bem, não sei se Ozzy realmente ouviu o que tenho. Há trechos no meu site. A qualidade não é nada ruim. Ao contrário do que disseram, não gravei em um pequeno toca-fitas. Foi feito no meu aparelho de som. Costumava registrarar todos os nossos ensaios para termos uma referência do que estávamos fazendo enquanto escrevíamos. Assim, não correríamos o risco de esquecer alguma ideia que surgisse. Era um toca-fitas grande, naquela época eram chamados de ghetto blasters. As pessoas não os chamam mais assim. Mas se alguém quiser ouvir a qualidade por si mesmo, pode julgar. Está no meu site. Coloquei trechos lá no aniversário da morte de Randy e quando Lee [Kerslake, baterista] faleceu. Há, eu acho, três ou quatro trechos de cerca de 30 ou 40 segundos de duração. Você pode jogar 40 segundos de algo legalmente sem precisar de permissão.”
Bob continuou dizendo que seu empresário abordou os Osbournes antes do lançamento das edições do 30º aniversário de “Blizzard Of Ozz” (1980) e “Diary Of A Madman” (1981). A ideia era oferecer as demos de ensaio.
“Eles queriam comprar de mim e ficar com os direitos, algo que eu não faria. Se era de uma qualidade tão ruim, por que propuseram isso? Levamos ao representante deles em Londres. Tocamos para ele, mas não deixei em suas mãos, jamais faria isso. Então disseram que queriam comprar de mim. Mas eu não venderia de qualquer maneira, porque eles fariam com que fosse algo apenas de Randy e Ozzy.”
Ilustrando o fato de que a qualidade das gravações inéditas não é tão ruim quanto foi sugerido, Bob contou uma história.
“Andrew Klein e Peter M. Margolis vieram à minha casa para fazer um filme sobre Randy há muitos anos – deve ter sido há 10 ou 12 anos, algo assim. Assim que comecei a tocar esse material, ele disse: ‘Cara, as pessoas simplesmente enlouqueceriam se ouvissem isso’. Foram essas as palavras dele. Estou apenas repetindo exatamente o que ele disse, porque me lembro palavra por palavra. Era a qualidade de ensaio. Não é ruim. Não é a qualidade de estúdio de gravação, masterizada como um produto acabado. Embora, tendo dito isso, nos dias de hoje, com a tecnologia moderna, possamos limpar as coisas, separar, fazer de tudo para melhorar. Tenho cerca de oito horas dessas coisas, de nós escrevendo músicas. Quero dizer, há repetições. Pode haver seis versões diferentes de ‘Crazy Train’, várias versões diferentes de ‘Mr. Crowley’ ou qualquer outra. E há nós com ideias que não foram usadas, fazendo palhaçadas e improvisando. Mas é tudo coisa boa.”
Randy Rhoads, Bob Daisley e Ozzy Osbourne
Randy Rhoads se juntou à banda de Ozzy Osbourne na virada para os anos 1980 e se destacou como guitarrista revelação. Seu trabalho influenciou todas as gerações seguintes. Morreu no dia 19 de março de 1982, em um desastre aéreo, aos 25 anos.
Entre idas e voltas, Bob Daisley ainda trabalhou com o Madman como músico e compositor até “No More Tears” (1991). Desde então, travou uma série de batalhas jurídicas por conta de descumprimentos de contratos e alegações de quebras de acordos de lado a lado.
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