Em mais um conteúdo em vídeo publicado no seu canal do YouTube, Roger Waters voltou a saciar curiosidades dos fãs em relação à sua vida e obra. O mais recente contemplado foi Mitch Cohen, que desejava saber se o líder do Pink Floyd em seu período mais bem-sucedido deu palpites em como David Gilmour deveria gravar seus solos de guitarra, especialmente no álbum “The Wall” (1979).
Conforme transcrição do Whiplash, Roger declarou – dando ênfase ao fato de estar preparando sua autobiografia para futuro lançamento:
“Certamente eu expressava minhas opiniões, pois eu estava produzindo os álbuns junto com ele também, além de Bob Ezrin e James Guthrie. Então, todos nós dávamos nossa contribuição. No entanto, às vezes ele fazia alguns takes sozinho. Quando você ler minhas memórias, poderá descobrir versões de várias pessoas sobre o que aconteceu.”
A seguir, sobrou uma alfinetada em Bob Ezrin. O produtor já emitiu algumas declarações que, de acordo com o próprio, foram mentirosas sobre as sessões. Não apenas Waters, mas David Gilmour também já precisou vir a público corrigir algumas palavras do canadense.
“Ezrin tem mentido descaradamente sobre isso por anos e anos. É maravilhoso, as pessoas falam sobre o solo no final de ‘Comfortably Numb’, por exemplo, e se eu estiver errado, James Guthrie vai me corrigir. Ezrin se expressa de forma eloquente em entrevistas que deu desde então, sobre como foi incrível David fazer isso em uma única tomada e o quão emocionante é e universal, e blá, blá, blá e blá, blá, blá. O único problema com essa história é que ele não estava lá. Bob não estava no estúdio quando Dave fez o solo, Guthrie estava. Foram várias tomadas e James editou as melhores partes, as unindo.”
Bob Ezrin já disse que David Gillmour gravou todo o solo de “Comfortably Numb” em apenas um take. O próprio guitarrista contra-argumentou revelando ter precisado de cinco ou seis tentativas até obter o resultado que todos conhecemos.
Roger aproveita para deixar claro que não está criticando seu eterno desafeto e parceiro.
“Há uma insinuação nesta coisa toda de que de alguma forma estou sendo crítico em relação a David. gosto de todos os solos do Gilmour, digo isso com frequência, Acho que inclusive nas notas do encarte do novo disco. não há nada de errado com os solos do Dave. Não há nada de errado com os solos dele em ‘The Wall’, ‘Animals’, ‘Dark Side of the Moon’, ‘Wish You Were Here’, ‘The Final Cut’ ou qualquer um dos trabalhos que fizemos juntos. Sou fã, eles são ótimos.”
Fricção criativa entre Roger Waters e David Gilmour
Em entrevista anterior à Absolute Radio (transcrita pelo Showbiz Cheatsheet), Roger Waters relembrou a fricção criativa que acabou resultando em “Comfortably Numb”.
“Provavelmente é uma história em que a memória de David e a minha seriam quase exatamente as mesmas. Tínhamos feito uma faixa rítmica – então seria bateria, baixo, guitarra ou qualquer outra coisa – e eu adorei. Ele achou que não era preciso ritmicamente o suficiente e recortou a faixa da bateria, algo mais e disse: ‘Pronto, está melhor.’ E eu ouvi e disse: ‘Não, não está. Eu odeio isso.’ Então essa era toda a discordância.”
A solução acabou sendo criar um monstrengo – no bom sentido da palavra, se é que existe um.
“E no final, a faixa que está no disco, a primeira estrofe é da versão que eu gostei, e a segunda estrofe é da versão que ele gostou, depois um pouco de refrão meu e um pouco dele. Foi uma negociação e um compromisso.”
Pink Floyd e “Comfortably Numb”
Além dos quatro membros do Pink Floyd à época, “Comfortably Numb” contou com orquestrações de Michael Kamen e violão do guitarrista de jazz Lee Ritenour. Lançada como single, ganhou disco de platina no Reino Unido, tendo “Hey You” como lado B.
Também foi a última música tocada na derradeira apresentação oficial da banda, ocorrida durante o evento beneficente Live 8, realizado em 2 de junho de 2005. O quarteto se apresentou em Londres, no Hyde Park.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.