Yngwie Malmsteen conta como era ser músico na Suécia: “diziam que você não era nada”

Guitarrista explicou que sua terra natal só cresceu musicalmente após sua saída, superando um período mais conservador

A Suécia é vista como uma verdadeira potência em termos artísticos, mas de acordo com Yngwie Malmsteen, nem sempre foi assim. O guitarrista falou sobre como foi o começo de carreira em sua terra natal e, segundo ele, o país não era nem um pouco simpático com a classe artística, devido a um comportamento bastante conservador.

O assunto foi abordado durante participação no podcast do colega guitarrista Cory Wong. Por lá, foi questionado a respeito do cenário musical da Suécia, famosa pela música pop e também pelo metal.

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A experiência dele não foi nada positiva, como se poderia pensar. A transcrição é da Guitar.com.

“Quando eu vivi (na Suécia), no fim dos anos 70, início dos 80, se você tinha cabelo comprido, era como: ‘ah, vai procurar um emprego, isso não é um emprego de verdade!’, sabe? Era muito ruim. Quando vim para os Estados Unidos, a primeira coisa que notei foi a attitude – ou falta dela. Pessoas de qualquer idade, elas diziam: ‘você está em uma banda?’ ou algo assim. Na Suécia, diziam: ‘ei, procure um emprego, seu drogado!’.”

Conforme relatado pelo virtuoso da guitarra, o florescimento da Suécia como um país muito ligado à música só aconteceu depois de sua saída do país. Para ele, a razão disso está na cultura local, bem mais progressista nos EUA, enquanto a sociedade sueca de sua época ainda era bem mais conservadora.

“Nos Estados Unidos as criancinhas se sentam na escola e é como: ‘ei, Johnny, quando crescer você pode trabalhar, pode ter qualquer coisa que quiser, pode ser até presidente dos Estados Unidos!’ – esse encorajamento. Tudo é possível. Vocês americanos têm isso garantido! Na Suécia, quando eu cresci, basicamente te falavam: ‘você não é nada, nunca poderá fazer nada, se conforme, seja exatamente como eu te digo para ser… cale a boca e entre na fila’. Era como um fascismo socialista: um ambiente absolutamente horrendo para uma pessoa artística e de pensamento livre, como eu.”

Sobre Yngwie Malmsteen

Nascido Lars Johan Yngve Lannerbäck na Suécia em 30 de junho de 1963, Yngwie Malmsteen pegou um violão pela primeira vez aos 7 anos de idade, no dia em que Jimi Hendrix morreu, e ganhou sua primeira guitarra aos 9, de presente do irmão.

Largou a escola aos 15 e conseguiu um emprego consertando guitarras em uma loja de música em Estocolmo. Enquanto trabalhava lá, ele teve a ideia de escalopar braços de guitarra — modificação que torna as técnicas de vibrato e bending mais fáceis e que se tornaria marca registrada de seus instrumentos.

No final da adolescência, cada vez mais frustrado com a cena musical sueca, Malmsteen se viu num beco sem saída: suas composições, por melhores que fossem, não despertavam o interesse de nenhuma gravadora local por não serem “comerciais” o suficiente.

Sabe-se lá como, uma demo atravessou o oceano. Mike Varney, chefe da Shrapnel Records na Califórnia, ouviu e ficou impressionado com o estilo de tocar do jovem. Ele entrou em contato e pediu que Yngwie fosse aos Estados Unidos para gravar um álbum pela sua gravadora.

Malmsteen foi de mala e cuia para Los Angeles, onde se juntou ao Steeler. Ele gravou um álbum homônimo (1983) com a banda antes de unir forças com o veterano ex-vocalista do Rainbow Graham Bonnet no Alcatrazz, registrando “No Parole from Rock ‘n’ Roll” (1983) e o ao vivo “Live Sentence” (1984).

Cansado do expediente de compor em parceria com terceiros, ele saiu do Alcatrazz e pôs na rua o Yngwie J. Malmsteen’s Rising Force, nome sob o qual começou a gravar uma série de álbuns, alguns dos quais obteriam status de clássico não apenas no reino da guitarra, mas no hard e metal como um todo, como “Rising Force” (1984), “Trilogy” (1986) e “Odyssey” (1988).

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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