Tobias Sammet opina sobre “cancelamento” de Alice Cooper

Cantor americano teve parceria de trabalho rompida após recentes declarações de cunho transfóbico

Na última semana, a empresa Vampyre Cosmetics anunciou o cancelamento de sua parceria com Alice Cooper depois que o lendário roqueiro cogitou que a causa da afirmação de gênero poderia ser “uma moda passageira” e afirmou que o discurso em torno da comunidade trans “chegou agora ao ponto do absurdo”.

Poucos dias antes, a companhia havia anunciado parceria com o cantor visando a criação de uma linha de maquiagem inspirada em seu trabalho. Porém, após as declarações, a sociedade foi interrompida de forma irrevogável.

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Nesta terça-feira (29), Tobias Sammet foi ao Instagram questionar as reações que Alice vem sofrendo. O líder do Avantasia e vocalista do Edguy escreveu:

“A título pessoal, acabei de ler o que meu colega na RadioBob e ‘Toy Master’ do Avantasia, Alice Cooper, teve que passar na semana passada por um cancelamento. Isso realmente me deixa triste. Não estou dizendo que sei se devo concordar ou discordar com o que ele disse. Eu simplesmente sei muito pouco sobre o assunto. Mas, pelo que entendi, ele respondeu a uma pergunta em uma entrevista sobre identidade de gênero e expressou preocupações sobre como lidar com isso como pais de crianças, por exemplo. Não era uma visão radical e de ódio, era mais sobre o que ele temia em relação ao assunto.

É um tema delicado e as melhores respostas seriam dadas pelas pessoas que são afetadas, que lutam ou que ajudam e apoiam as pessoas afetadas. Mas também acredito que todos dispostos a ser uma parte respeitosa da sociedade devem ter o direito de expressar respeitosamente as suas preocupações ou reservas pessoais sobre qualquer assunto sem serem despedaçadas. Tenho certeza de que até mesmo Alice deseja que todos vivam suas vidas em liberdade, paz e segurança, qualquer que seja sua orientação sexual, gênero, nacionalidade.

Isso é bom senso para uma pessoa amorosa, atenciosa e respeitosa. Despedaçá-lo e chamá-lo de arquidemônio porque ele expressou suas preocupações sobre como lidar com certos aspectos de um tema complexo… Acho que isso não resultará em melhor compreensão, empatia e diálogo. Isso apenas dividirá ainda mais. Entendo que esse reflexo de cancelamento é muito mais contraproducente do que aquilo que Alice poderia dizer, com ou sem razão.

Quer concordemos ou não com o que foi dito, se cancelarmos alguém como ele, poderemos ter de cancelar grandes partes da população mundial e isso levará ao Armagedom. Paz a todos, T.”

https://www.instagram.com/p/Cwhq_eWIg9L/

As falas de Alice Cooper

Em entrevista ao Stereogum, Alice Cooper havia dito:

“Entendo que existam casos de transexuais, mas temo que também seja uma moda passageira, que haja muita gente afirmando ser isso só porque quer ser. Você tem um filho de seis anos que não tem ideia. Ele só quer brincar, e você o confunde dizendo: ‘sim, você é um menino, mas pode ser uma menina se quiser ser’. Eu acho que isso é tão confuso para uma criança. É confuso até para um adolescente. Você ainda está tentando encontrar sua identidade, mas aqui está uma coisa acontecendo, dizendo: ‘sim, mas você pode ser o que quiser; você pode ser um gato, se você quiser’. Quero dizer, se você se identifica como uma árvore… E eu digo: ‘onde é que estamos, em um romance de Kurt Vonnegut?’ É tão absurdo que agora chegou ao bizarro.”

A seguir, o cantor se valeu de outra tática discursiva bastante conhecida: a do “não sou preconceituoso, mas…”

“A coisa toda da cultura woke… Ninguém pode responder a essa pergunta. Talvez você possa. Quem está ditando as regras? Existe algum prédio em algum lugar de Nova York onde as pessoas se sentam todos os dias e dizem: ‘ok, não podemos dizer ‘mãe’ agora, temos que dizer ‘pessoa que dá à luz’, divulgue isso agora mesmo.’ Quem é essa pessoa que está fazendo essas regras? Eu não entendo. Não estou sendo antiquado, estou sendo lógico sobre isso.”

Cooper prosseguiu com um exemplo que simplesmente não encontra precedentes lógicos na sociedade:

“Está chegando ao ponto em que é ridículo. Se alguém estava tentando enfatizar, acabou transformando em uma grande comédia. Não conheço uma pessoa que concorde com a coisa do woke. Eu não conheço uma pessoa. Todo mundo com quem converso diz: ‘não é estúpido?’ E eu digo: ‘bem, eu respeito as pessoas e quem elas são, mas não vou dizer a um menino de sete anos para colocar um vestido porque talvez você seja uma menina; ele dirá que é um garoto’.

Então eu digo para que alguém pelo menos se torne sexualmente consciente de quem é antes de começar a pensar se é menino ou menina. Muitas vezes, vejo as coisas desta forma, da maneira lógica: Se você tem esses órgãos genitais, você é um menino. Se você tem esses órgãos genitais, você é uma menina. Há uma diferença entre ‘Eu sou um homem que é mulher, ou sou uma mulher que é homem’ e querer ser mulher. Você nasceu homem. Ok, então isso é um fato. Você tem essas coisas aqui. Agora, a diferença é que você quer ser mulher. Ok, isso é algo que você pode fazer mais tarde, se quiser. Mas você não é um homem que nasceu mulher.”

O entrevistador apontou para Alice que os pais não estão incentivando dúvidas sobre a identidade de seus filhos e estão apenas ouvindo-os e encontrando pediatras que forneçam cuidados adequados. A resposta foi:

“Bem, posso ver alguém realmente tirando vantagem disso. Um cara pode entrar no banheiro de uma mulher a qualquer momento e simplesmente dizer: ‘hoje me sinto uma mulher’ e se divertir muito ali, e ele não está nem um pouco… ele está apenas aproveitando disso, dessa situação. Bem, isso vai acontecer. Alguém vai ser estuprado e o cara vai dizer: ‘bem, eu me senti como uma garota naquele dia, e então me senti como um cara’. Onde você traça essa linha? Algo vai acontecer e, de repente, as pessoas vão começar a dizer: ‘espere um minuto, precisamos manter isso sob controle’. É quase assim com a inteligência artificial. As pessoas diriam: ‘bem, e quanto à IA?’. E eu falo: ‘a única pessoa que não deveria ter IA é Paul McCartney’. É perigoso.”

Contexto

A pauta abordada por Alice Cooper vem sendo discutida por políticos em vários estados americanos tentando restringir a capacidade das pessoas trans de buscar tratamentos médicos de afirmação de gênero. Em alguns, como Geórgia e Tennessee, as proibições para menores já foram decretadas no primeiro trimestre de 2023.

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Também no Tennessee, Estados Unidos, um projeto de lei tentou proibir shows de drag queen em propriedade pública ou em qualquer lugar onde menores de idade possam estar presentes. A medida foi considerada incondicional por um juiz federal.

Em 2021, cerca de 42 mil crianças e adolescentes nos Estados Unidos receberam diagnóstico de disforia de gênero, quase o triplo do número de 2017, segundo dados compilados para a agência de notícias Reuters. Ela é definida como o sofrimento causado por uma discrepância entre a identidade de uma pessoa e aquela que lhe foi atribuída no nascimento.

Transgênero é um termo amplo para pessoas cuja “identidade, expressão de gênero ou comportamento não está de acordo com aquele tipicamente associado ao sexo ao qual foram atribuídos no nascimento”, de acordo com a American Psychological Association (APA).

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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